Transformers 5 001

Título Original

Transformers: The Last Knight

Lançamento

20 de julho de 2017

Direção

Michael Bay

Roteiro

Art Marcum, Matt Holloway e Ken Nolan

Elenco

Mark Wahlberg, Laura Haddock, Anthony Hopkins, Isabela Moner, Josh Duhamel, Stanley Tucci, John Turturro, Liam Garrigan, Glenn Morshower e as vozes de Peter Cullen, Erik Aadahl, Frank Welker, John Goodman, Ken Watanabe, John DiMaggio, Jim Carter e Omar Sy

Duração

149 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Don Murphy, Tom DeSanto, Lorenzo di Bonaventura e Ian Bryce

Distribuidor

Paramount Pictures

Sinopse

O gigante Optimus Prime embarca em uma das missões mais difíceis de sua vida: encontrar, no espaço sideral, os Quintessons, seres que possivelmente são os responsáveis pela criação da raça Transformers. O problema é que, enquanto isso, seus amigos estão precisando de muita ajuda na Terra, já que uma nova ameaça alienígena resolveu destruir toda a humanidade.

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Transformers: O Último Cavaleiro | Crítica

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Transformers é um exemplo perfeito de como o sucesso comercial de uma produção pode motivar a indústria hollywoodiana a desenvolver outras cada vez piores (algo que comentei no texto sobre A Era da Extinção). Desde que chegou aos cinemas em 2007, a franquia baseada nos brinquedos da Hasbro vem gerando continuações progressivamente podres e que reúnem aquilo que pode haver de mais infame num blockbuster, mas que são abraçadas por um público disposto a investir bilhões de dólares nessas porcarias. Assim, não é de se espantar que este O Último Cavaleiro represente o ponto mais baixo da série, já que eleva à enésima potência uma fórmula incrivelmente tóxica construída pelo temível Michael Bay.

“Roteirizado” por Art Marcum, Matt Holloway e Ken Nolan, este é um filme que não conta com uma história, mas uma sucessão de… coisas que, juntas, quase soam como um parente distante e promíscuo do conceito de trama. Aliás, sinta-se livre para ignorar qualquer padrão estabelecido pelo teórico Syd Field (que deve estar se revirando no túmulo), já que Transformers 5 inventa uma estrutura narrativa cuja desordem é digna de aplausos: após um prólogo ambientado na Idade Média e que gira entorno dos Cavaleiros da Távola Redonda, o longa parte para o presente e introduz novos personagens apenas para esquecê-los em seguida, saltando então para Londres onde passa a se concentrar em outras figuras (deixando de lado, por exemplo, a garotinha e o robozinho que formam uma dupla obviamente inspirada em Rey e BB-8, de Star Wars: O Despertar da Força). É impossível dizer, portanto, onde o primeiro e segundo atos começam ou terminam – e mesmo tendo uma leve suspeita do que deve marcar o fim do terceiro, também é difícil identificar seu início.

Mas os problemas do roteiro não param por aí: inchado graças à megalomania de uma produção que tenta alcançar uma natureza épica, Transformers 5 é, assim como seus quatro antecessores, um filme essencialmente simples, mas que se faz de difícil apenas para tentar atingir um sofisticado status de seriedade, transformando o que deveria ser uma história razoável em uma narrativa terrivelmente confusa (tanto que, depois de um tempo, desisti de tentar entender O Último Cavaleiro). O pior, porém, é perceber que, mesmo trazendo uma série de diálogos tolos e artificiais, o roteiro chega à metade do tempo sem ter apresentado devidamente os personagens e as subtramas que estes protagonizarão, algo que só não é pior do que as patéticas frases de efeito (a minha favorita é “Seu bicho feio! Você esqueceu quem eu sou? Eu sou Optimus Prime!“).

Pontuado pelas piadinhas imbecis que já são marca registrada da série Transformers, este quinto filme volta a investir naquele senso de humor imaturo e estúpido que é tão comum na obra de Michael Bay: alguns alívios cômicos (que são recorrentes demais para serem considerados “alívios”) são ofensivamente previsíveis – quando um robô surge meditando, é óbvio que algo o desconcentrará e o fará cair –; já outras tiradas vêm carregadas daquela mentalidade típica de um moleque do ensino fundamental – como os inúmeros comentários sexistas que apontam para a personagem de Laura Haddock ou a babaquice que Mark Wahlberg fala para um guarda apenas por ele descender de nativos norte-americanos. E se ver as constantes briguinhas entre os Autobots já encheu o saco (por que guerreiros tão experientes e sábios se comportariam assim?), o mesmo pode ser dito a respeito da “trilha sonora” que um robô mordomo tenta compor para acompanhar o monólogo explicativo feito por Anthony Hopkins (uma piada que, inclusive, é repetida pouco depois, diminuindo ainda mais a graça de algo que já não era engraçado).

De qualquer forma, se há um nome extraordinário por trás de Transformers 5, este é mesmo Michael Bay (que, aqui, começa a escavar o fundo do poço atingido em seus piores trabalhos): realizando o extremo oposto do que George Miller fez em Mad Max: Estrada da Fúria, o cineasta está sempre tentando ferir os olhos do público ao construir planos que se movem freneticamente e cortá-los a cada dois ou três segundos, chegando a posicionar a câmera em lugares que não fazem o menor sentido e criando as sequências de ação mais confusas que eu lembro de ter visto nos últimos anos (quando Bumblebee se “abre” para atirar em seus inimigos sem deixar de andar como um veículo, não conseguimos entender nada do que está acontecendo com clareza). E se Bay também comete erros básicos para quem dirige algo em 3D ao empregar o rack focus em praticamente todas as cenas do filme, as cartelas que mostram os nomes dos Decepticons representam um recurso que o cineasta nunca havia utilizado nesta franquia e que é bizarramente introduzido aqui.

Complementado por efeitos digitais competentes, mas que já não impressionam mais, O Último Cavaleiro é enfraquecido pelo péssimo design de produção, que contribui para que o filme se consolide como uma bagunça visual ímpar. E se a insuportável trilha incidental de Steve Jablosnky continua embaraçando em seus esforços de soar grandiosa (até mesmo quando enfoca acontecimentos menores, como uma partida de polo), a montagem (feita por seis pessoas) continua alternando entre diferentes situações sem nenhuma lógica e mantém sua autoindulgência ao incluir sequências que mal movem a “trama” – não é à toa que, mesmo sendo um dos capítulos mais curtos da franquia (durando “apenas” duas horas e meia), Transformers 5 parece se estender de maneira interminável, levando o espectador a se sentir mais velho ao sair do cinema após a projeção.

Mas é claro que algumas pessoas podem me acusar de ser injusto com a série, pois aparentemente o fato da direção de Michael Bay representar uma verdadeira tortura sensorial ou de não existir qualquer tipo de coesão no roteiro faz parte da “proposta” de Transformers 5, então temos que aceitá-la. O que, na prática, é o mesmo que ser obrigado a admirar um amontoado de fezes apenas por ser… um amontoado de fezes.

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