Friends Reunion (5)

Título Original

Friends: The One Where They Get Back Together

Lançamento

29 de junho de 2021

Direção

Ben Winston

Roteiro

Elenco

Jennifer Aniston, David Schwimmer, Courteney Cox, Matthew Perry, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Marta Kauffman, David Crane, Kevin S. Bright, Larry Hankin, Reese Witherspoon, Tom Selleck, Christina Pickles, Elliott Gould, Maggie Wheeler, James Michael Tyler, David Beckham, Malala Yousafzai, Kit Harrington, Lady Gaga, Justin Bieber, Cara Delevingne, Cindy Crawford, Thomas Lennon, Mindy Kaling, Larry Hankin, Soleil Moon Frye e James Corden

Duração

104 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Ben Winston, Marta Kauffman, David Crane, Kevin S. Bright, Jennifer Aniston, David Schwimmer, Courteney Cox, Matthew Perry, Lisa Kudrow e Matt LeBlanc

Distribuidor

Warner Bros. / HBO Max

Sinopse

17 anos após o fim de Friends, os astros Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer retornam ao icônico estúdio original, no Stage 24 da Warner Bros., para uma emocionante celebração do seriado.

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Friends: The Reunion | Crítica

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Poucas séries foram capazes de fazer o telespectador se apegar aos personagens como se fossem seus amigos íntimos, se identificar com as situações retratadas nos episódios e torcer por aqueles indivíduos da forma como Friends foi capaz. Durante 10 anos, fomos não apenas espectadores das conversas e tensões amorosas que rolaram entre Rachel, Ross, Monica, Chandler, Phoebe e Joey, mas parte daquele grupo. Cada vitória pessoal que aqueles seis companheiros tinham ao longo da sitcom era sentida e celebrada como se também fosse a nossa – e não é à toa que, por mais irregulares que tenham sido suas duas últimas temporadas, Friends deixou tantas saudades ao terminar que, desde seu fim em 2004, os fãs mantiveram viva a esperança de um dia poder reencontrar aqueles rostos mesmo que a possibilidade de um “reunion” parecesse cada vez mais improvável.

Uma esperança que agora, 17 anos depois, é mais ou menos atendida (explicarei o “mais ou menos” adiante) por este longa que reúne os intérpretes por trás daqueles personagens e os coloca para… bater papo sobre o passado e, principalmente, sobre a época que os levou ao estrelato e que hoje relembramos com carinho e nostalgia.

Produzido para alavancar as assinaturas da HBO Max, Friends: The Reunion não se trata de um episódio novo da icônica sitcom criada por Marta Kaufman e David Crane (por isso o “mais ou menos” do parágrafo anterior), mas de um reencontro literal dos atores que deram vida a Rachel, Ross, Monica, Chandler, Phoebe e Joey – respectivamente, Jennifer Aniston, David Schwimmer, Courteney Cox, Matthew Perry, Lisa Kudrow e Matt LeBlanc – para conversar sobre os papeis que os transformaram em estrelas mundialmente conhecidas, aproveitando também para matar as saudades depois de muito tempo sem se verem (eles alegam só ter se encontrado uma única vez desde 2004). A partir daí, o longa intercala bate-papos entre os seis atores, sessões de leitura dos roteiros dos episódios, entrevistas com Kaufman, Crane e Kevin S. Bright nas quais contam como se deu a criação de Friends, um jogo de perguntas e respostas inspirado naquele de “meninos contra meninas” que havia na série, um talk show apresentado por James Corden que traz o elenco como convidado e depoimentos de atores, figuras públicas e cidadãos comuns ao redor do globo sobre como a sitcom os inspirou de modo geral.

Uma intercalação que, diga-se de passagem, é conduzida com extrema agilidade pelo diretor Ben Winston e pela montagem dinâmica de Guy Harding, conferindo coesão e ritmo a um projeto que poderia facilmente se tornar uma colcha de retalhos (como um monte de situações arbitrárias, pensadas de supetão) – e, por mais equivocadas que sejam várias decisões narrativas dos realizadores (falarei sobre elas mais à frente), a maneira com que o longa salta de um núcleo a outro, da aparição do ator X ao depoimento da celebridade Y, se mostra fluída e equilibrada, jamais permitindo que aquele mais interessante saia com menos tempo do que merecia. Além disso, o fato de dedicar um bom tempo a relembrar como se deu toda a criação da série, explicando desde a ideia inicial até o processo de casting, ajuda não só a conhecê-la melhor, mas também a reforçar sua “proposta” central (girar em torno “daquele momento da vida no qual nossos amigos são nossa família”) e os motivos pelos quais aqueles atores foram escalados para os papeis – dois elementos que, afinal, se mostram fundamentais para um projeto que gira em torno: 1) de velhos conhecidos que se reencontram; e 2) do culto à imagem daqueles indivíduos específicos.

O que nos traz àquilo que realmente torna este Reunion tão especial: a reunião (duh!). Ao focar nas conversas entre Aniston, Schwimmer, Cox, Perry, Kudrow e LeBlanc, o longa naturalmente acaba nos redirecionando a uma época que agora pertence a um passado nostálgico; a um tempo onde tudo era mais simples e que não volta nunca mais. E, por mais que a nostalgia possa ser um sentimento frequentemente perigoso, capaz de nos limitar e fazer preferir o retrocesso em vez do avanço, é claro que assistir a isso durante a pandemia de COVID-19 (e, para quem mora no Brasil, durante o pior momento da História recente do país) representa um aconchego mínimo; uma pausa rápida para relembrar algo bom antes de voltar à tragédia completa do presente. Da mesma forma, graças ao apego que criamos por estes atores/personagens lá atrás, reencontrá-los após tanto tempo e vê-los manter viva a química de antigamente é reconfortante ao seu próprio modo – e confesso que ver Matthew Perry, com seus problemas pessoas já conhecidos, sorrir e fazer piadas me fez sentir o alívio de quem revê uma pessoa que sabe ter passado por maus bocados e constata que, na medida do possível, ela parece bem.

E é justamente por estas conversas serem tão calorosas que vê-las serem interrompidas por pessoas que nada têm a ver com Friends acaba cortando um pouco o barato e mesmo o propósito da reunião: quando o assunto gira em torno de fatores internos, da relação entre aqueles seis atores, a sintonia funciona porque, afinal, trata-se de um reencontro (literal ou simbólico) de velhos amigos; quando o foco parte para fatores externos, porém, tudo se torna automaticamente menos interessante. Neste sentido, é sintomático que o Reunion ocupe tanto tempo de tela com participações aleatórias de personalidades como David Beckham, Kit Harrington, Justin Bieber, Cara Delevigne e até – juro! – Malala, mas dedique alguns poucos minutos a figuras importantes (para a série) como Maggie Wheeler, James Michael Tyler, Christina Pickles, Elliott Gould ou mesmo os Rembrandts, que compuseram a música-tema “I’ll Be There For You”. (Isso sem contar as exclusões absolutas e inexplicáveis de Paul Rudd, Bruce Willis, Jane Sibbet, Giovanni Ribisi, Helen Baxendale, Christina Applegate, etc.)

Para completar (e sei que a reclamação pode parecer tola, já que o objetivo do longa é homenagear a série), chega uma hora em que o caráter chapa-branca do projeto começa a irritar um pouco, já que absolutamente tudo relacionado a Friends é tratado não como uma informação pura e simples, mas como um indício de que a série é algo sagrado, uma obra que “atravessou/conquistou gerações”, “bateu X recordes”, “angariou Y prêmios” e blábláblá – e toda a sensação de magnitude que o projeto faz questão de criar acaba quebrando justamente a simplicidade que torna aquelas pequenas conversas tão memoráveis. Não à toa, no momento em que alguém na plateia se levou para perguntar ao elenco “Vocês já falaram muito de coisas das quais gostavam na série, mas havia algo de que vocês não gostavam?”, minha reação foi a de “Até que enfim!”.

E, mesmo assim, quando Friends: The Reunion chegou ao fim, a impressão que tive foi a de que os 104 minutos anteriores tinham voado com uma rapidez maravilhosa – uma impressão que só um papo bom com pessoas das quais gostamos é capaz de causar. E, por mais que Courteney Cox termine dizendo que eles “Não vão fazer aquilo (se reunir) de novo daqui a outros 17 anos”, eu não recusaria a oportunidade de vê-los se reencontrando, no futuro, para mais uma conversa.

Desde que, claro, não tenha tanta gente chata para interrompê-la.

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