Sidney Poitier

Morre Sidney Poitier, primeiro negro a vencer o Oscar de Melhor Ator

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Morreu nesta sexta-feira (7) o ator Sidney Poitier, aos 94 anos. A informação foi dada por Fred Mitchell, Ministro das Relações Exteriores das Bahamas e amigo íntimo da família de Poitier (o ator foi Embaixador das Bahamas no Japão entre 1997 e 2007), ao Independent. A causa da morte não foi revelada.

Nascido prematuramente em 20 de Fevereiro de 1927, num veleiro a caminho de Miami (onde sua família ficaria por um fim de semana), Sidney Poitier cresceu pobre nas Barramas e se mudou para Miami aos 15 anos de idade. Aos 16, migrou para Nova York a fim de tentar uma nova vida. Após deixar o Exército (para o qual entrou em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, depois de mentir a idade para poder se alistar), Poitier se interessou por atuação e ingressou na American Negro Theatre, primeira companhia de teatro voltada para atores negros dos Estados Unidos.

A partir de 1950, a carreira de Poitier começou uma franca ascensão, conseguindo seu primeiro papel creditado no noir O Ódio é Cego, de Joseph L. Mankiewicz. Sua participação foi destacada pela imprensa logo de imediato. Em 1958, veio sua primeira indicação ao Oscar: Acorrentados, de Stanley Kramer. Embora não tenha sido o primeiro negro a ser indicado ao prêmio (esta foi a atriz Hattie McDaniel por E o Vento Levou, em 1939), Poitier fez história em 1964 ao tornar-se o primeiro ator negro a vencer na categoria de Melhor Ator – o filme em questão foi Uma Voz nas Sombras, de Ralph Nelson. Veja o discurso de Poitier na ocasião:

Nos anos seguintes, quando a luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos ganhava cada vez mais força, Sidney Poitier passou a estrelar mais filmes que abordavam as relações inter-raciais no país (e que se tornaram icônicos por si só), como Ao Mestre Com Carinho (no qual é recebido com hostilidade pelos alunos da escola para a qual leciona e aos poucos conquista a simpatia da classe ao longo da narrativa), Adivinhe Quem Vem para Jantar (no qual ele será apresentado aos pais de sua namorada branca) e No Calor da Noite (no qual interpreta um detetive da Filadélfia que é preso no Mississipi sob a acusação de homicídio).

De acordo com levantamento feito pelo The Guardian em 2014, Sidney Poitier era o terceiro sujeito mais citado em discursos de agradecimento do Oscar, atrás somente de Deus e de Meryl Streep (sim, nesta ordem crescente). O motivo para isto é que, graças às contribuições de Poitier, uma série de portas para atores negros se escancararam em Hollywood, permitindo que muitos entrassem e crescessem no ramo – e não é à toa que, em 2001, quando Denzel Washington se tornou o segundo ator negro a vencer o Oscar de Melhor Ator (por Dia de Treinamento), seu discurso foi direcionado a Poitier: “Sempre estarei atrás de você, Sidney. Sempre estarei seguindo seus passos. Não há nada que eu prefira fazer, senhor.”.

Aliás, foi naquele mesmo Oscar que Sidney Poitier foi laureado com um prêmio honorário, pelo conjunto de sua carreira e pelas contribuições feitas ao longo dela. O prêmio foi entregue pelo próprio Denzel Washington. Confira o poderoso discurso de Poitier na íntegra e com legendas em português.

Em 2009, Poitier recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade do então presidente Barack Obama por seu ativismo pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. O ex-presidente manifestou-se hoje no Twitter, destacando “o poder dos filmes de nos aproximarem uns dos outros” e as portas abertas (por Poitier) para uma geração de atores“.

Da esquerda à direita: Barack Obama, Sidney Poitier e Michelle Obama.

Ao longo de sua vida, Poitier casou-se duas vezes: a primeira com Juanita Hardy, de 1960 a 1965, e a segunda com Joanna Shimkus, em 1976. O ator deixa seis filhos, oito netos e três bisnetos.

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