Velozes 7

Título Original

Furious 7

Lançamento

2 de abril de 2015

Direção

James Wan

Roteiro

Chris Morgan

Elenco

Vin Diesel, Paul Walker, Jason Statham, Michelle Rodriguez, Dwayne Johnson, Tyrese Gibson, Ludacris, Jordana Brewster, Djimon Hounsou, Tony Jaa, Ronda Rousey, Nathalie Emmanuel e Kurt Russell

Duração

137 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Vin Diesel, Neal H. Moritz e Michael Fottrell

Distribuidor

Universal Pictures

Sinopse

Um agente do governo oferece ajuda para cuidar de Shaw em troca de Dom e o grupo resgatar um “hacker” sequestrado. Dessa vez, não se trata apenas de velocidade: a corrida é pela sobrevivência.

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Velozes e Furiosos 7 | Crítica

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Confesso que nunca tive muito interesse por Velozes e Furiosos. Exaltando a subcultura do tuning e dos marombas que vivem de celebrar carros envenenados, a série foi iniciada em 2000 por um longa razoável que, no entanto, foi sucedido por duas continuações simplesmente ridículas: + Velozes + Furiosos (o pior de toda a franquia) e Desafio em Tóquio (um pouco menos doloroso que o anterior, mas ainda assim ruim). Daí veio Velozes 4, que até começava com um primeiro ato promissor, interessado em injetar frescor e vida nova à série, mas logo abandonava suas boas ideias a fim de se concentrar nas mesmices de sempre. Eis que, depois de tantos tropeços, Velozes 5 e surpreenderam por investir na total falta de lógica e em situações surreais que divertiam justamente por entregar-se ao absurdo – uma abordagem que, agora, é elevada a outro patamar em Velozes 7, uma obra que funciona em sua proposta escapista por conseguir, entre outras coisas, celebrar a própria estupidez.

Como seus antecessores, Velozes e Furiosos 7 não se preocupa tanto com a narrativa e o roteiro de Chris Morgan faz uso apenas daquilo que julga realmente necessário, como uma justificativa para suas cenas de ação e um desenvolvimento satisfatório de personagens. Isso não quer dizer, no entanto, que o descompromisso do longa para com o roteiro não acabe sendo eventualmente sintomático (algo recorrente na franquia): embora o foco principal do projeto seja a ação, há uma preocupação por parte de seus idealizadores em contextualizar a mesma e o resultado acaba sendo um meio-termo entre o complexidade e a superficialidade. Assim, a película acaba sofrendo com subtramas novelescas e que poderiam ser evitadas caso os realizadores decidissem desenvolvê-las apropriadamente ou simplesmente descartá-las. Com isso, os personagens trazem dilemas que soam tão rasos quanto artificiais, como a amnésia sofrida pela personagem de Michelle Rodriguez (peço que me perdoem, mas mesmo depois de sete filmes, o único cujo nome ainda me recordo é Dominic Toretto), a motivação do vilão (vingar seu irmão morto no filme passado), a gravidez escondida pela esposa do herói interpretado por Paul Walker e o fato deste último ter se tornado pai de família – algo que o longa passa a ignorar após um tempo.

Mas apesar da teatralidade excessiva, o principal motivo pelo qual Velozes 7 provoca encantamento reside em sua falta de compromisso para com a consistência de modo geral. Como se o momento em que Toretto arrastava um cofre preso à traseira de seu carro no quinto filme e a perseguição envolvendo um tanque de guerra no capítulo anterior já não fossem adoravelmente ridículos o suficiente, este sétimo longa não se acovarda diante das possibilidades de trazer carros saltando de paraquedas, o personagem de Paul Walker saindo de um caminhão despencando na beira de um precipício correndo em cima do veículo, um carro atravessando três edifícios, dois indivíduos prontos para brigar logo após uma fortíssima colisão frontal com seus veículos e outras loucuras (algumas até mais absurdas). O fato é que, embora a empolgação exista, o maior atrativo das sequências de ação são as gargalhas que despertam graças à insanidade que envolve as mesmas – e esta reação, por parte do espectador, parece ser justamente a que os realizadores desejavam. No frigir dos ovos, é até possível afirmar que o delírio desta película a transforma numa fusão de 007 com filmes de super-heróis, e caso exista qualquer dúvida quanto à falta de seriedade do longa, basta conferir todas as práticas executadas pelo personagem de Dwayne “The Rock” Johnson no terceiro ato da narrativa.

Igualmente eficazes são as próprias sequências de ação: ganhando um novo frescor graças à entrada do cineasta James Wan (conhecido por obras de terror como Jogos MortaisSobrenatural e Invocação do Mal), Velozes e Furiosos 7 conta com um ritmo frenético e chamativo em suas tantas perseguições sem se perder no caminho e torná-las incompreensíveis. Mesmo já tendo provado seu valor no gênero “terror”, não deixa de ser uma surpresa que Wan demonstre noção de como se comandar ação, e ao adotar enquadramentos estudados e planos abertos, o cineasta garante junto ao diretor de fotografia uma mise-en-scène correta. Demonstrando a mesma habilidade ao estabelecer a geografia das grandiosas sequências de ação, o diretor também merece elogios ao aplicar cortes frequentes e movimentos de câmera enérgicos ao filmar embates corporais sem sacrificar a compreensão entorno destes, ao mesmo tempo em que não deixa de ser curioso notar a eficácia com a qual Wan acompanha um personagem sendo jogado no chão mantendo o centro do quadro direcionado neste corpo e seguindo sua trajetória rumo ao solo movendo a câmera de acordo com a forma como vai ao solo.

Enquanto isso, os personagens não trazem grandes novidades quando comparados aos filmes antecessores: Vin Diesel é tão inexpressivo quanto o insípido Paul Walker, ao passo que Michelle Rodriguez se baseia em convenções para compor uma personagem feminina badass suficientemente funcional. E se o chatíssimo Tyrese Gibson (me perdoem os que discordam) tenta desesperadamente servir como um alívio cômico até que se esgotem suas forças – e sendo mal sucedido de qualquer forma -, The Rock diverte por personificar a completa falta de sentido do longa, mesmo que o personagem apareça pouco e acabe fazendo falta. Por falar nos intérpretes e em seus respectivos papéis, não tinha como ignorar a homenagem a Paul Walker, que faleceu no período em que Velozes e Furiosos 7 foi rodado: devo dizer que em momento algum reparei nas diversas técnicas e efeitos digitais usados para substituir o ator, algo que só pode ser resultado da competência por parte dos realizadores do longa em recriar o astro (ou então estou com minha vista seriamente prejudicada). Contudo, nada é tão acertado quanto a homenagem prestada a Walker, que surge correta por assumir que a morte do ator já é conhecida pelo público (o que, convenhamos, é fato) e não inventar um final mirabolante para seu personagem, enquanto a narração de Vin Diesel neste momento soa mais como uma declaração real do astro sobre um de seus melhores amigos que como palavras ditas por Dom Toretto.

É uma pena, no entanto, que Velozes 7 sofra com alguns defeitos típicos da franquia: além do exagero com o qual encara certas situações de modo expositivo (até quando usarão cores lúdicas para retratar flashbacks?), o filme ainda materializa as mulheres e trata as figurantes como símbolos sexuais óbvios através de planos-detalhe de suas partes íntimas cobertas geralmente por biquínis finos e roupas justíssimas. Para piorar, se o personagem de Kurt Russel agrada simplesmente pelo carisma do ator, o vilão vivido por Jason Statham decepciona: suas aparições são apenas ocasionais e breves demais para que possamos encará-lo como uma figura ameaçadora ou mesmo relevante (sem contar a maneira conveniente com a qual surge inesperadamente em todos os lugares onde os heróis se encontram).

Apesar dos pesares, Velozes e Furiosos 7 é, no fim das contas, uma diversão honesta e que indica como a série, depois de tantos altos e baixos, finalmente parece ter encontrado seu caminho – ainda que, verdade seja dita, falte um pouco de ousadia à franquia.

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