Missão Impossível Nação Secreta

Título Original

Mission: Impossible – Rogue Nation

Lançamento

13 de agosto de 2015

Direção

Christopher McQuarrie

Roteiro

Christopher McQuarrie

Elenco

Tom Cruise, Rebecca Ferguson, Simon Pegg, Jeremy Renner, Ving Rhames, Sean Harris e Alec Baldwin

Duração

131 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Tom Cruise, J.J. Abrams, Bryan Burk, David Ellison, Dana Goldberg e Don Granger

Distribuidor

Paramount Pictures

Sinopse

O agente do IMF Ethan Hunt e sua equipe enfrentam uma das missões mais difíceis: erradicar o Sindicato, uma organização secreta internacional de assassinos profissionais que está determinada a destruir o IMF.

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Missão: Impossível – Nação Secreta | Crítica

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Não é incorreto dizer que Missão: Impossível foi uma das poucas tentativas bem-sucedidas (se não a única) de criar uma série cinematográfica reinventando um antigo seriado televisivo: iniciada em 1996, a franquia que põe Tom Cruise no papel do agente Ethan Hunt começou com um filme repleto de momentos que se tornaram icônicos graças à direção do sempre brilhante Brian De Palma, acertando ainda ao resgatar um aspecto mais classudo do Cinema de ação. Porém, quatro anos depois John Woo, um mestre do Cinema de ação chinês, assumiu o comando de Missão: Impossível 2 e, contra todos os prognósticos, acabou criando o mais fraco dos capítulos da série, compondo uma narrativa excessivamente inchada e que, para piorar, trazia Dougray Scott como o pior vilão de toda a saga – um erro específico que o terceiro filme, lançado em 2006 e dirigido por J.J. Abrams, se encarregou de corrigir ao trazer o saudoso Philip Seymour Hoffman como um antagonista intenso, ameaçador e que pontuava bem uma trama que, por sua vez, surpreendia ao enfocar um aspecto dramático de Ethan Hunt que até então desconhecíamos.

Para completar, o final do ano de 2011 nos presenteou com o divertidíssimo Protocolo Fantasma, que marcava uma estreia formidável de Brad Bird (Gigante de FerroOs Incríveis e Ratatouille) no Cinema live-action e superava os três longas anteriores ao elaborar uma narrativa instigante, pontuada por sequências de ação espetaculares e ancorada por um Tom Cruise mais afiado que nunca. Assim, é um alívio constatar que Missão: Impossível – Nação Secreta faz justiça aos melhores momentos da franquia que o antecedeu (ou seja: das partes 1, 3 e 4), comprovando que, mesmo após cinco capítulos, a série ainda demonstra fôlego e virtuosismo surpreendentes.

Dirigido e escrito pelo mesmo Christopher McQuarrie que comandou Jack Reacher e roteirizou Os Suspeitos (não o de Denis Villeneuve, mas aquele lançado por Bryan Singer em 1995), esta quinta aventura cinematográfica de Ethan Hunt traz o agente da IMF sendo capturado por uma maligna organização chamada Sindicato (claramente inspirada na SPECTRE, de 007). Depois de ser salvo pela enigmática Ilsa Faust, o protagonista decide acabar com o grupo de vilões liderados por Solomon Lane, uma tarefa que se torna ainda mais complicada quando Hunt se torna um fugitivo do governo norte-americano depois que o diretor da CIA extingue a IMF. Assim, para atingir seus objetivos, Ethan terá de contar novamente com o auxílio de Benji Dunn, Luther Stickell e William Brandt enquanto decide se deve ou não confiar em Ilsa Faust.

Como já foi possível perceber, a trama está longe de ser das mais originais e sequer se diferencia tanto da de Protocolo Fantasma, da mesma forma como não é preciso analisar friamente Nação Secreta para constatar que todas as convenções e características próprias da série Missão: Impossível marcam presença: Ethan Hunt é transformado num “renegado”, é traído em algum momento da narrativa, encara situações insanamente complexas, acessa em sigilo um local aparentemente impossível de ser invadido e conta com gadgets que vão das habituais máscaras até artefatos proporcionados pela mais avançada das tecnologias que somente o mundo da fantasia é capaz de oferecer. Entretanto, em vez de soar como preguiça por parte dos realizadores, o retorno de tantas marcas registradas serve como forma de fazer de Missão: Impossível 5 um longa honesto e inspirado no que diz respeito à sua identidade, algo que se deve fundamentalmente ao roteiro minucioso e à direção afiada de Christopher McQuarrie.

Como resultado, o filme acaba demonstrando criatividade na reapresentação do universo não apenas por elaborar equipamentos conceitualmente intrigantes utilizados pelos personagens, mas também por idealizar as próprias “missões impossíveis” a serem enfrentadas pelos heróis – e é neste momento em que sou obrigado a destacar o fato de que Nação Secreta brilha ao flertar sem medo com o absurdo, soando devidamente como o capítulo mais lúdico da franquia e trazendo as situações mais divertidamente insanas (se assemelhando levemente ao recente Velozes e Furiosos 7 neste quesito). De forma semelhante, Missão: Impossível 5 também acerta em cheio ao empregar o humor como forma de definir o tom da narrativa e deixar perfeitamente claro que o grau de seriedade do longa está longe de ser astronômico. No entanto, a cautela do roteiro de McQuarrie impede que a loucura tome conta da película ao ponto de torná-la ridícula, sabendo dosar a descontração com momentos de calmaria que aspiram à sobriedade.

Contudo, o que realmente torna Nação Secreta memorável é a habilidade denotada por McQuarrie ao conceber sequências de ação: ousado ao ponto de iniciar o filme com um momento espetacularmente grandioso e que a maioria dos diretores usariam como clímax, o cineasta mergulha nas profundezas do absurdo para originar cenas que beiram o cartunesco, mas que funcionam maravilhosamente por causa disso. Eficaz na construção de momentos tensos e enérgicos (há um momento envolvendo uma missão subaquática que, confesso, me tirou o fôlego), o diretor ainda merece elogios pela forma sempre cuidadosa como concebe cenas de ação claras e evocativas, sem mover a câmera freneticamente nem cortar um plano a cada meio segundo no intuito de criar uma intensidade artificial – ao mesmo tempo em que inclui planos mais abertos fundamentais para manter o espectador ciente a respeito da espacialidade entorno de tamanha adrenalina (lições de George Miller, de Mad Max). O resultado desta cautela é um longa que, mesmo com técnicas estudadas de trabalhar a ação, apresenta uma energia invejável que rende, por exemplo, uma das melhores perseguições de carros/motos que me recordo de ter visto em anos.

Aliás, é justamente graças à competência exercida por Christopher McQuarrie nas cenas de ação que o terceiro ato de Nação Secreta decepciona tanto. Se entregando a diálogos extensivos e que quebram o ritmo da narrativa de modo verdadeiramente sintomático, o longa carece de um desfecho atraente e instigante como, por exemplo, o de Protocolo Fantasma. Ao mesmo tempo em que a resolução para o conflito entre Ethan Hunt e o vilão soa profundamente anticlimática, a própria organização do Sindicato representa outra frustração, já que, embora seja referido como um conglomerado ameaçador, na prática acaba se resumindo a alguns capangas aleatórios eventualmente derrotados. E se me referi ao grupo de antagonistas de Missão: Impossível 5, devo dizer que Solomon Lane é um inimigo raso e que, além de esquecível, jamais surge minimamente ameaçador em tela (na verdade, as reações que me foram despertadas com o vilão oscilaram entre tédio, risadas e até pena).

Por outro lado, não há como negar que é, no mínimo, impressionante ver um sujeito de 53 anos manifestando tanta disposição física quanto a exibida o tempo todo por Tom Cruise: demonstrando uma coragem que beira à loucura, o ator (que, justiça seja feita, vem demonstrando uma melhora considerável e gratificante quanto às suas habilidades interpretativas, surgindo surpreendentemente carismático e intrigante) aparece em tela frequentemente estrelando situações absurdas que vão desde um momento onde se encontra pendurado na parte exterior de um avião até um afogamento depois de três minutos submerso. Consequentemente, esta decisão de Cruise em evitar ao máximo possível os dublês, aliada à preferência da produção por efeitos práticos em vez de computação gráfica, faz com que as sequências de ação soem mais convincentes – o que sempre é um belo elogio. E além de realizar um aprofundamento mais que bem-vindo em Benji (interpretado com eficiência por Simon Pegg), Missão: Impossível 5 ainda traz a ótima Ilsa Faust, uma personagem feminina forte e que traz traços instigantes de femme fatale interpretada de forma mais do que apropriada por Rebecca Ferguson.

Contando ainda com a presença sempre ilustre de Alec Baldwin e com o carisma de Jeremy Renner, Missão: Impossível – Nação Secreta diverte ao ponto de disputar com os dois capítulos anteriores o título de melhor exemplar da franquia e prova que Ethan Hunt ainda tem boas histórias para estrelar.

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