Monte Hellman 1

Cineasta Monte Hellman falece aos 91 anos

Facebook
Twitter
Pinterest
WhatsApp
Telegram

Epígono de Samuel Beckett, discípulo e parceiro de Roger Corman, o cineasta Monte Hellman faleceu na última segunda-feira (20/04/21).

De acordo com a Variety, a causa da morte foi por conta de complicações decorrentes de uma queda que ocorreu dentro de sua própria casa, no domingo (19/04). O diretor foi internado no Eisenhower Medical Center em Palm Desert, cidade estadunidense do estado da Califórnia, onde morreu no dia seguinte.

Hellman começou sua carreira artística atuando em pequenas peças, até que subiu ao posto de diretor em uma companhia de teatro formado por amigos, ao mesmo tempo que cursa cinema na UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles). Pouco depois, cria seu próprio teatro, co-financiado por seu futuro parceiro e produtor Roger Corman, onde realiza a primeira adaptação de Esperando por Godot, de Samuel Beckett, da Califórnia.

Após o fechamento do teatro, Hellman passa a focar mais em seu trabalho cinematográfico, realizando funções que vão de escritor de diálogos, assistente de direção, produtor e diretor. Hellman foi um dos vários jovens que teve sua carreira impulsionada por Roger Corman, junto a outros nomes que iriam se tornar prestigiados, como Francis Ford Coppola, Ron Howard e Jack Nicholson. Diferente destes, entretanto, nunca vai deixar de oscilar entre as funções de menor destaque e a direção. Diferente daqueles, não enriquece com o seu trabalho.

A carreira de Monte Hellman pode não ter sido a mais badalada, se comparada com a de seus contemporâneos, porém sua filmografia mostra que a experiência com o teatro e o trabalho realizado em produções B, em filmes que normalmente eram produzidos para passarem como a segunda atração de uma sessão dupla (o filme com maior orçamento, normalmente com as grandes estrelas e realizado pelos diretores e produtores com maior prestigio dentro dos estúdios era o filme A, o destaque da sessão, enquanto o filme B, normalmente com um orçamento pequeno, porém ainda contando com alguma base dentro do polo industrial hollywoodiano, seguia como um complemento dentro da programação) gerou não só um discípulo da economia narrativa cinematográfica (esta que torna-se o trunfo dos diretores/produtores B de Hollywood, como Edgar G. Ulmer e Roger Corman), mas também um continuador, dentro destas limitações que irá encontrar durante toda a sua carreira, da modernidade apresentada na dramaturgia por Samuel Beckett e Bertolt Brecht, na literatura por James Joyce e no cinema por pessoas tão distintas como Jerry Lewis e Shirley Clarke.

O faroeste é um gênero que retorna dentro de sua filmografia (A Vingança de um Pistoleiro e Disparo para Matar, para citar dois filmes que partiram dentro de uma mesma produção), mas a verdade é que a mesma não cabe em pré-definições, visto a realização de filmes inclassificáveis, misteriosos, que tiram o máximo partindo do mínimo, como Iguana, Corrida sem Fim e China 9, Liberty 37.

Aqueles que pensam que o mesmo era apenas uma sombra não se deram ao trabalho de olhar para cima e observar sua magnitude eclipsando o sol.

Mais para explorar

Wicked | Crítica

Me surpreendeu ao revelar detalhes sobre o passado das personagens de O Mágico de Oz que eu sinceramente não esperava que valessem a pena descobrir, enriquecendo a obra original em vez de enfraquecê-la.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *