Chantagem Atômica (1)

Título Original

Thunderball

Lançamento

29 de dezembro 1965

Direção

Terence Young

Roteiro

Richard Maibaum e John Hopkins

Elenco

Sean Connery, Claudine Auger, Adolfo Celi, Luciana Paluzzi, Rik Van Nutter, Bernard Lee, Martine Beswick, Guy Doleman, Molly Peters, Desmond Llewelyn, Lois Maxwell, Roland Culver, Earl Cameron, Paul Stassino, Rose Alba e Philip Locke

Duração

130 minutos

Gênero

Nacionalidade

Inglaterra

Produção

Kevin McClory

Distribuidor

MGM

Sinopse

James Bond (Sean Connery) tenta evitar a destruição de Miami por meio de uma super bomba, roubada pela SPECTRE. A organização está exigindo um pagamento de 100 milhões de libras em diamantes para não cumprir a ameaça de explodir a cidade. Para isso, ele vai correr contra o tempo para encontrar as armas roubadas e impedir a morte de milhões de inocentes.

Publicidade

007 Contra a Chantagem Atômica | Crítica

Facebook
Twitter
Pinterest
WhatsApp
Telegram

Era inevitável: em algum momento, a série James Bond renderia um capítulo abaixo da média estabelecida por seus antecessores – afinal, poucas são as séries que produzem nada menos que quatro filmes em três anos sem gerar uma sensação de desgaste. Assim, depois de três ótimos longas, 007 Contra a Chantagem Atômica se apresenta como uma aventura, sim, eficiente e charmosa, mas que falha em levar a franquia para caminhos novos, que já não tivessem sido bem explorados. E, se o resultado ainda diverte moderadamente, ainda assim empalidece diante de Dr. NoMoscou Contra 007 e, principalmente, Goldfinger.

Baseado no nono livro da série escrita por Ian Fleming (e que, 18 anos depois, seria novamente adaptado para o Cinema), A Chantagem Atômica volta a trazer os membros da SPECTRE como vilões principais da trama: desta vez, após roubarem duas bombas atômicas, os líderes da organização do mal anunciam para o mundo inteiro que, se não receberem um resgate de 100 milhões de libras em diamantes dentro de sete dias, explodirão uma cidade do Reino Unido e outra, dos Estados Unidos. Assim, em vez de render o mundo à chantagem feita pela SPECTRE, o MI-6 decide enviar o agente James Bond às Bahamas para tentar encontrar as duas bombas roubadas e desarmá-las antes que resultem em uma destruição em massa.

Voltando à cadeira de diretor depois de cedê-la a Guy Hamilton em Goldfinger, Terence Young desta vez realiza um trabalho mais burocrático do que de costume, basicamente reciclando as abordagens dos longas anteriores sem apresentar nada de novo – e, se Dr. NoMoscou Contra 007 iam reinventando o “olhar” que tinham sobre James Bond (o primeiro era mais assumidamente entregue ao absurdo, ao passo que o segundo investia em uma atmosfera mais dramática), A Chantagem Atômica pouco acrescenta à fórmula estabelecida por seus antecessores e azeitada de forma definitiva em Goldfinger. Assim, boa parte das situações protagonizadas por 007 (tanto as mais absurdas quanto as mais intimistas) soa feita no piloto automático, como se Young apenas riscasse os itens de uma checklist de “coisas que não devem faltar num filme de James Bond”.

Não que A Chantagem Atômica não seja bem-sucedido, por exemplo, ao retratar os exageros habituais do universo de Bond, já abrindo a projeção com uma sequência que termina com o protagonista usando uma mochila a jato para terminar aquela missão específica (e é uma pena, portanto, que o item em si não volte a aparecer em mais nenhuma outra cena). Além disso, Bond continua a participar de uma série de momentos obviamente icônicos, ressaltando o caráter infalível de sua persona viril e galanteadora – para mim, o trecho mais marcante é aquele em que, deitado com uma mulher sobre a areia de uma praia, o herói escuta um vilão chegando à distância e o surpreende com um inadvertido (e certeiro) tiro de arpão.

Por outro lado, o próprio James Bond já não é mais fascinante como costumava ser, já que a visão de Terence Young falha em explorar facetas do personagem que já não fossem conhecidas antes, ao passo que Sean Connery, mesmo carismático e já dominando cada nuance da personalidade do herói, é limitado pela falta de imaginação do projeto ao seu redor, interpretando o agente 007 de forma automática – e até mesmo quando surge levando uma mulher a uma sala escura para fazer… bom, vocês sabem o que, a impressão que temos é de que se trata de um momento encaixado à força, só porque Bond precisa se envolver com toda e qualquer mulher que cruze seu caminho. (Aliás, a maneira com que 007 costuma tratar as mulheres ao seu redor é certamente incômoda, não hesitando em ser desproporcionalmente agressivo com estas, como se não passassem de objetos sexuais.)

Dito isso, a maior fragilidade de A Chantagem Atômica é mesmo a autoindulgência de seu diretor, Terence Young, que insiste em prolongar-se em sequências que poderiam ser resolvidas de forma mais objetiva, fazendo o filme alcançar exagerados e cansativos 130 minutos de duração. Além disso, por mais que as sequências que enfocam as missões subaquáticas de Bond sejam tecnicamente impressionantes (afinal, foram realmente filmadas debaixo do mar, não em tradicionais tanques de água em estúdios), o fato é que estas se revelam muito mais longas e repetitivas que o ideal, comprometendo o ritmo da narrativa e contribuindo para que o filme torne-se ainda mais exaustivo do que já estava.

Eficiente em seus aspectos técnicos, porém pecando ao ostentá-los por tempo demais (não estou exagerando: há muitas cenas debaixo d’água), A Chantagem Atômica não chega a ser uma decepção – no entanto, serve como indício de que, depois de quatro filmes, as aventuras de James Bond talvez estivessem começando a precisar de um novo respiro. Afinal, a única coisa que este quarto capítulo acrescenta à série é… água, água e mais água – e isto não é o suficiente.

Mais para explorar

Gladiador II | Crítica

Mesmo contado com momentos divertidos e ideias interessantes aqui e ali, estas quase sempre terminam sobrecarregadas pelo tanto de elementos simplesmente recauchutados do original – mas sem jamais atingirem a mesma força.

Wicked | Crítica

Me surpreendeu ao revelar detalhes sobre o passado das personagens de O Mágico de Oz que eu sinceramente não esperava que valessem a pena descobrir, enriquecendo a obra original em vez de enfraquecê-la.

Ainda Estou Aqui | Crítica

Machuca como uma ferida que se abriu de repente, sem sabermos exatamente de onde veio ou o que a provocou, e cujo sofrimento continua a se prolongar por décadas sem jamais cicatrizar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *