Somente para Seus Olhos (1)

Título Original

For Your Eyes Only

Lançamento

24 de junho de 1981

Direção

John Glen

Roteiro

Richard Maibaum e Michael G. Wilson

Elenco

Roger Moore, Carole Bouquet, Topol, Lynn-Holly Johnson, Julian Glover, Cassandra Harris, Michael Gothard, Jill Bennett, Jack Hedley, Walter Gotell, James Villiers, Desmond Llewelyn, John Moreno, Geoffrey Keen, Lois Maxwell, John Wyman, John Hollis, Janet Brown, John Wells e a voz de Robert Rietti

Duração

127 minutos

Gênero

Nacionalidade

Inglaterra

Produção

Albert R. Broccoli

Distribuidor

United Artists

Sinopse

Um navio-patrulha britânico misteriosamente afunda com uma valiosa arma secreta, causando o desaparecimento de um importante agente britânico. O agente James Bond (Roger Moore) investiga o fato para evitar que a arma fique nas mãos dos inimigos russos. 007 vai unir forças com a bela Melina Haveloc, enquanto tenta descobrir os seus verdadeiros aliados.

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007: Somente para Seus Olhos | Crítica

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Assim como O Espião Que Me Amava, 007 – Somente para Seus Olhos é um dos primeiros (e únicos) capítulos de toda a série a finalmente reconhecerem a importância de A Serviço Secreto de Sua Majestade para a cronologia e para o amadurecimento de James Bond. Logo na sequência pré-créditos deste capítulo, vemos o protagonista não só visitar o túmulo de Tracy di Vicenzo (a bondgirl com quem casou naquele filme) como também reencontrar Ernst Stavro Blofeld num confronto que, por conta da lembrança que veio antes, imediatamente assume um teor de “ajuste de contas”: depois de anos, Bond finalmente terá a oportunidade de vingar a morte do maior – e talvez único – amor de sua vida.

Da mesma forma, também como ocorria em O Espião Que Me Amava, o fato de ser justamente Somente para Seus Olhos um dos poucos 007 a assumirem a continuidade de A Serviço Secreto de Sua Majestade tem tudo a ver com o que ocorre na trama em si, já que, como acontecia naqueles dois outros filmes, a relação entre Bond e a bondgirl da vez aqui deixa de ser um mero simples passatempo e se assume como um elemento vital da narrativa. Escrito por Richard Maibaum (responsável pelos roteiros de todos os capítulos anteriores, menos Viva e Deixe Morrer e O Foguete da Morte) e Michael G. Wilson (que retornaria nos quatro longas seguintes da franquia) a partir do conto homônimo de Ian Fleming, o quinto Bond da “era Roger Moore” traz o protagonista sendo convocado para investigar o afundamento de um navio britânico e o sumiço da arma “ATAC”, transportada por este. Ate aí, uma típica trama de 007.

O diferencial da vez, contudo, é que, para prosseguir com a missão, James Bond terá que se aliar a Melina Haveloc, filha dos arqueólogos marinhos assassinados durante o ataque ao navio britânico. Com isso, um dos elementos mais interessantes de Somente para Seus Olhos é o fato de que, embora a missão de Bond seja puramente profissional, seus esforços terão que se cruzar com os de uma bondgirl que vive sua própria jornada de vingança pessoal – o que se revela uma decisão dramaticamente eficiente por: 1) permitir que a moça demonstre personalidade, dilemas e atitudes próprias, não se limitando ao papel de “namoradinha do herói”; 2) estabelecer uma dinâmica nova entre James Bond e a bondgirl ao contrapor os interesses – e mesmo os impulsos – de ambos em uma mesma missão (mesmo que seja irônico ver 007, após tantas execuções na conta, dar uma lição de moral em Melina ao dizer que “vingança e violência não resultarão em nada”); e 3) injetar dramaticidade e urgência à narrativa como um todo. Neste sentido, não deixa de ser curioso que, embora o James Bond de Roger Moore seja lembrado como o mais divertido e engraçado de todos, seus melhores filmes tenham sido justamente os que se mostraram mais sérios (O Espião Que Me Amava e este Somente para Seus Olhos).

Marcando a estreia de John Glen na direção depois de anos como diretor de segunda unidade (A Serviço Secreto de Sua Majestade, Superman – O Filme) e como montador (assim como Peter R. Hunt, ele teve a oportunidade de montar outros três longas da série antes de dirigir um capítulo desta), Somente para Seus Olhos surpreende também ao adotar um escopo mais minimalista em seu clímax: se as aventuras anteriores de James Bond vinham se tornando cada vez maiores, mais megalomaníacas e mais recorrentes em seus terceiros atos ambientados em gigantescas e populosas instalações de supervilões, desta vez o desfecho encobre as ações de um pequeno grupo do MI6 que se concentra em escalar uma montanha (é nela que reside o esconderijo dos antagonistas). Assim, em vez de se desdobrar para escapar de uma armadilha que envolve um raio laser e várias presilhas que o mantém em uma indestrutível cadeira de metal, aqui Bond tem que se virar para transformar um cadarço em uma corda que facilite sua chegada a um cume – isto, claro, enquanto um atirador tenta acertá-lo à distância.

No fim das contas, esta abordagem menor, mais contida, acaba funcionando não só por experimentar uma variada nos padrões da franquia, mas também por refletir o próprio teor da aventura em si – que, afinal, olha mais para dentro de seus personagens (a lembrança traumática da finada esposa de Bond; a vingança pessoal de Melina; etc) do que para fora (o objetivo da missão em si). É este tipo de decisão que torna Somente para Seus Olhos eficiente apesar da falta de frescor do roteiro e da forma às vezes burocrática com que John Glen o filma – e o ritmo do segundo ato, em especial, soa particularmente irregular, já que de vez em quando o longa parece apenas repetir o básico do “filme de 007” que se estabeleceu nos capítulos anteriores sem imaginar muita coisa além do óbvio. Aliás, Glen comete o mesmo erro de A Chantagem Atômica ao exagerar na duração das sequências ambientadas debaixo d’água, tornando-as repetitivas e, portanto, cansativas.

Felizmente, há vários momentos memoráveis (como aquele em que Bond usa corais para se livrar, junto à bondgirl, de um afogamento que até então parecia inescapável) que ajudam a consolidar Somente para Seus Olhos como um bom capítulo no meio de uma saga tão longeva, sobrevivendo até mesmo à infame aparição da repugnante Margareth Thatcher (interpretada por Janet Brown) nos minutos finais da projeção.

Que James Bond ao menos tenha tido a sensatez de fazê-la de otária num telefonema é um bônus muito bem-vindo.

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