Frozen 2 (1)

Título Original

Frozen 2

Lançamento

2 de janeiro de 2020

Direção

Jennifer Lee e Chris Buck

Roteiro

Jennifer Lee

Elenco

As vozes de Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff, Sterling K. Brown, Evan Rachel Wood, Alfred Molina, Hadley Gannaway, Mattea Conforti, Martha Plimpton, Jason Ritter, Rachel Matthews, Jeremy Sisto, Ciarán Hinds, Alan Tudyk e Santino Fontana

Duração

103 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Peter Del Vecho

Distribuidor

Disney

Sinopse

De volta à infância de Elsa e Anna, as duas garotas descobrem uma história do pai, quando ainda era príncipe de Arendelle. Ele conta às meninas a história de uma visita à floresta dos elementos, onde um acontecimento inesperado teria provocado a separação dos habitantes da cidade com os quatro elementos fundamentais: ar, fogo, terra e água. Esta revelação ajudará Elsa a compreender a origem de seus poderes.

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Frozen 2 | Crítica

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Quando Jennifer Lee e Chris Buck realizaram Frozen, há seis anos, provavelmente não imaginavam que o filme se tornaria uma das animações mais célebres da década e que a potência da canção “Let It Go” ressoaria por tanto tempo. Demonstrando uma ambição dramática notável ao construir os arcos de cada um dos personagens, o longa se saia muitíssimo bem ao empregar uma série de elementos clássicos (história envolvendo princesas; a necessidade de um beijo dado por um “amor verdadeiro”; a personagem que se isola em um castelo por ser “diferente” do resto do mundo; etc), mas conferia uma abordagem extremamente contemporânea às questões que abordava. Assim, em vez de soar clichê ou batida, a obra muitas vezes revitalizava e modernizava conceitos já explorados à exaustão em contos de fadas ou mesmo nas animações produzidas na Era de Ouro da própria Disney, tornando-se ainda mais memorável graças ao carisma de seus personagens.

A boa notícia, portanto, é que boa parte dos ingredientes responsáveis pelo sucesso daquele filme também estão presentes em Frozen 2, que, de modo geral, se revela uma continuação eficiente – mesmo apresentando alguns problemas que tendem a deixá-la abaixo do nível do original.

Novamente escrito por Jennifer Lee, o longa tem início com uma cena que traz as pequenas Elsa e Anna se preparando para dormir enquanto seu pai, Agnarr, lhes conta a história da Floresta Encantada – que, localizada a alguns quilômetros do reino de Arendelle, foi palco de um acontecimento que terminou separando drasticamente os habitantes daquela região de acordo com os quatro elementos da Natureza: ar, fogo, terra e água. A partir daí, um salto de algumas décadas nos traz ao presente, no qual Elsa, já declarada rainha de Arendelle, escuta uma espécie de “chamado” que a faz buscar na mesma Floresta Encantada uma resposta sobre seus poderes, tendo pela primeira vez na vida a oportunidade de entender de onde veio a sua capacidade de manipular o gelo – e isto leva não só ela, mas também Anna, Olaf, Kristoff e Sven a embarcarem numa aventura em direção à tal Floresta.

Eficiente ao fazer pequenas piadas que servem como acenos para acontecimentos marcantes do filme passado (a reação de Elsa ao passar por um espectro de Hans, por exemplo, diverte justamente por ser rápida e casual), Frozen 2 se mostra elegante ao criar rimas visuais/narrativas que se contrapõem a situações que havíamos visto no original, sendo a mais memorável delas o fato de certa personagem (não direi quem é) ser congelada no terceiro ato e depender da ação de um “amor verdadeiro” para sobreviver – passando, portanto, pela mesma situação que Anna havia enfrentado anteriormente. O que não significa, porém, que o filme funcione apenas quando recorre à memória do anterior: adotando uma atmosfera um pouco mais sombria desta vez (o que é comum em continuações, como indicam O Império Contra-AtacaDe Volta para o Futuro 2O Templo da Perdição), Jennifer Lee e Chris Buck expandem a mitologia do universo apresentado em 2013 ao revelar novas informações a respeito da natureza de Elsa e seus antepassados, enriquecendo não só a rainha em si, mas também o mundo fantasioso que a cerca.

Elsa, por sinal, segue uma personagem fascinante: aceitando a condição que tanto lutou para esconder no primeiro filme, a “rainha do gelo” se mostra bem mais à vontade em relação à Sociedade na qual se encaixa e que temeu desde criança – no entanto, é curioso que, embora poderosa e autoconsciente, Elsa ainda sinta um desconforto inequívoco em função de não conhecer a origem exata de seus poderes, sendo levada a tomar atitudes impulsivas por isso. Fica fácil entender, portanto, a preocupação de Anna, que novamente surge como uma jovem não só cheia de personalidade e humor, mas também genuinamente apegada à sua irmã – e é natural que seu amor seja convertido em tamanha aflição, já que o medo de perder Elsa de uma vez por todas é inevitável. Já Kristoff e Sven têm a oportunidade de estrelar um ou outro momento cômico (mesmo que o roteiro nem sempre saiba o que fazer com os dois), ao passo que Olaf… bom, basicamente rouba todas as cenas das quais participa, extraindo graça da sua personalidade excessivamente entusiasmada (ao bater em um campo de força e “quicar” para trás, ele se empolga com o movimento e continua a fazê-lo repetidamente) e otimista a ponto de não saber manifestar seus sentimentos mais negativos (quando alguém faz mal a ele, sua reação é um simples “Estranho, acho que estou sentindo ódio; estou sentindo mesmo muito ódio“, mas sem esboçar nem um traço de raiva em sua expressão).

Por outro lado, embora os personagens continuem adoráveis, o aspecto narrativo de Frozen 2 deixa a desejar em relação ao original: depois de uma introdução que estabelece bem a premissa que determinará todo o restante da trama (a da aventura pela Floresta Encantada em busca das origens de Elsa), o longa aos poucos parece perder a noção de como desenvolvê-la, o que resulta em um segundo ato truncado, estagnado e basicamente composto de várias situações que, embora divertidas, muitas vezes falham em levar a narrativa adiante, dando a impressão de estarmos assistindo a um filme em busca de uma história para contar – algo ressaltado pela estrutura problemática adotada pelo roteiro, que nos faz perceber ainda mais a falta de unidade entre certas ações. E, por mais que eu admire a ideia de não haver um vilão aqui, os conflitos criados ao longo da narrativa carecem de peso dramático, o que é agravado pelo fato de quase todas as suas resoluções serem bastante previsíveis (de que adianta ficar tocado com a morte de certo personagem se é óbvio que ele ressuscitará daqui a 15 minutos?).

Para completar, confesso que fiquei um pouco decepcionado com o resultado das canções em si: carecendo da energia e das melodias contagiantes do primeiro filme, as músicas apresentadas nesta continuação não chegam a ser ruins (longe disso), porém se revelam esquecíveis e pouco marcantes na maior parte do tempo – e, mesmo apreciando “Into the Unkown”, não sou capaz de dizer, sinceramente, que chegue aos pés de “Let It Go”, “Do You Wanna Build a Snowman” ou “For the First Time in Forever”, por exemplo. Além disso, alguns números musicais parecem existir apenas para prolongar os já suficientes 103 minutos de projeção, sendo particularmente incômodo como toda a sequência que traz Kristoff cantando “Lost in the Woods” interrompe a narrativa em vez de contribuir para seu andamento, soando deslocada e – o pior – tola em seus esforços cômicos.

Ainda assim, Frozen 2 é uma continuação que, mesmo inferior ao ótimo antecessor, ao menos faz jus a este. E é admirável que um filme repleto de cenas grandiosas e urgentes como este consiga encontrar espaço para uma cena intimista, porém tocante que traz apenas duas irmãs abraçadas em uma cama. São mesmo imagens como esta que tornam as aventuras de Elsa e Anna tão encantadoras.

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