Jurassic World 2 (1)

Título Original

Jurassic World: Fallen Kingdom

Lançamento

21 de junho de 2018

Direção

Juan Antônio Bayona

Roteiro

Colin Trevorrow e Derek Connolly

Elenco

Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, Isabella Sermon, Daniella Pineda, Justice Smith, Toby Jones, James Cromwell, Ted Levine, B.D. Wong, Geraldine Chaplin e Jeff Goldblum

Duração

128 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Frank Marshall, Patrick Crowley e Belén Atienza

Distribuidor

Universal Pictures

Sinopse

Três anos após o fechamento do Jurassic Park, um vulcão prestes a entrar em erupção põe em risco a vida na ilha Nublar. No local não há mais qualquer presença humana, com os dinossauros vivendo livremente. Diante da situação, é preciso tomar uma decisão: deve-se retornar à ilha para salvar os animais ou abandoná-los para uma nova extinção? Decidida a resgatá-los, Claire (Bryce Dallas Howard) convoca Owen (Chris Pratt) a retornar à ilha com ela.

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Jurassic World: Reino Ameaçado | Crítica

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Obviamente concebido como um caça-níqueis que mal tentava justificar sua própria existência, Jurassic World foi um retorno frustrante ao universo que Steven Spielberg apresentou em 1993 com o primeiro Jurassic Park: apelando covardemente para a nostalgia do público a fim de ocultar seus muitos problemas, o longa trazia personagens terrivelmente caricaturais e investia num roteiro cuja fragilidade era igualada somente pela direção de Colin Trevorrow, que basicamente tentava emular o espírito de aventura spielbergiana sem jamais capturar sua essência. Dito isso, embora siga limitado por um roteiro repleto de ideias bisonhas que comprometem o resultado final, este Reino Ameaçado me surpreendeu ao apostar num cineasta infinitamente mais sofisticado que Trevorrow.

Aliás, quando escrevi sobre o lindo Sete Minutos Depois da Meia-Noite, comentei que a eficácia do espanhol Juan Antônio Bayona naquele longa me levou a ficar interessado em conferir seus próximos projetos – e se lá o diretor conduzia a história como se fosse uma fábula, aqui ele resgata algumas características estéticas que exibiu em O Orfanato e transforma Jurassic World 2 numa obra que pontualmente remete a um filme de terror. Logo na cena inicial, quando um grupo de exploradores é atacado por um tiranossauro, o cineasta apresenta a criatura de um jeito inspirado: empregando sombras que piscam e aos poucos revelam a silhueta do dinossauro, que persegue o personagem até então situado em primeiro plano. Além disso, Bayona acerta ao enfocar, no terceiro ato, um velociraptor modificado que ruge em cima de uma casa enquanto trovões estouram ao seu redor, soando menos como um animal e mais como um monstro saído das trevas (e o longo plano que acompanha o “dinossauro-vilão” da vez rastejando no telhado é visualmente instigante, reposicionando a câmera de cabeça para baixo).

Costurando o ritmo da narrativa de maneira suficientemente ágil e objetiva (o que também se deve à montagem de Kevin Stitt, que se sai particularmente bem ao associar, num momento específico, as marteladas dadas numa mesa às cabeçadas dadas por um dinossauro numa parede), Juan Antônio Bayona é igualmente hábil ao criar sequências que combinam horror e bom humor: aquela que envolve um tiranossauro anestesiado dentro de um caminhão, por exemplo, consegue ser ao mesmo tempo divertida e angustiante. Da mesma forma, as sequências de ação contam com o grau certo de vitalidade e são sempre estabelecidas com cuidado a fim de nunca se tornarem visualmente confusas – e a passagem que mostra os heróis fugindo de um vulcão que acaba de entrar em erupção é carregada de dinamismo e intensidade, culminando num plano longo que, situado dentro de uma girosfera, me levou a sentir agonia e temer pelo que aconteceria com os personagens.

Isto, inclusive, é algo que eu definitivamente não esperava, já que, em meu texto sobre o primeiro Jurassic World, condenei as personalidades caricatas e unidimensionais dos protagonistas – e se estes não me causaram desgosto aqui, é porque tanto os atores quanto a direção souberam desenvolvê-los apropriadamente desta vez: Claire Dearing continua assumindo eventualmente o papel de “donzela em apuros”, mas ao menos permite que Bryce Dallas Howard escape do estereótipo da “mulher independente que, em função disso, age de maneira fria e racional” (e o carisma que a atriz confere à heroína tende a torná-la mais interessante); e Owen Grady, por sua vez, ainda é um brucutu presunçoso, mas o filme toma a inteligente decisão de brincar com essa persona em vez de levá-la a sério – e essa leveza permite que Chris Pratt exercite seu timing cômico habitual, algo que certamente faltou no longa anterior.

Já os novos personagens passam longe de qualquer eficácia: se Daniella Pineda até consegue se destacar aqui e ali (mesmo limitada pelo tempo de tela pouco generoso), o jovem técnico vivido por Justice Smith transforma-se num alívio cômico pavoroso que, com seus gritinhos constantes e suas piadinhas repetitivas envolvendo o interesse por tiranossauros, conquista rapidamente a antipatia do espectador. O pior, no entanto, são os homens de negócios que servem como principais vilões da história: interpretados por Rafe Spall e Toby Jones como verdadeiras caricaturas, os dois sujeitos enxergam o capitalismo não só como uma forma de enriquecer, mas também como uma desculpa para que possam proclamar as frases mais imbecis do mundo e cometer quaisquer barbaridades que desejarem. Para completar, a pequena Isabella Sermon encontra-se deslocada na maior parte do tempo e soa como uma figura dispensável numa trama que já contava com personagens demais, ao passo que Jeff Goldblum está no filme apenas para que o fã do Jurassic Park original se entusiasme por poucos segundos (e seja frustrado ao perceber que Ian Malcolm se restringe a duas pontas insignificantes).

Aliás, Jurassic World 2 é cheio de momentos que apelam para a nostalgia (embora não dependa tanto desta quanto o primeiro): há um retrovisor que contém a legenda “OBJETOS NO ESPELHO ESTÃO MAIS PERTO DO QUE PARECE”; há um plano que enfoca uma cabra prestes a ser devorada por um dinossauro; e há até mesmo uma tentativa tola e desnecessária de reencenar a emblemática apresentação dos braquiossauros. Mas não é só: se o anterior ecoava frequentemente o Jurassic Park de 1993, este Reino Ameaçado passa boa parte do tempo recriando o que foi mostrado em O Mundo Perdido (que, convenhamos, estava bem longe de ser um grande filme). De todo modo, por mais gratuitas que sejam estas referências, elas nunca incomodam tanto quanto as ideias novas que o péssimo roteiro – novamente escrito por Colin Trevorrow e Derek Connolly – tenta inventar, incluindo uma série de situações bizarras, dando continuidade àquela bobagem de empregar os dinossauros como armas militares e criando mais um híbrido que obviamente vem a atacar os seres humanos ao seu redor.

Nem a premissa do filme faz o menor sentido: ora, subitamente perceberam que há um vulcão prestes a devastar Nublar e todos os dinossauros abrigados na ilha precisam ser salvos, mas… como diabos ninguém foi capaz de supor que isso viesse a acontecer nos últimos 25 anos?! Por fim, a estrutura do roteiro é um caos absoluto, já que não há uma única história conduzindo a projeção do início ao fim: o primeiro ato se concentra na evacuação da ilha Nublar; o segundo acompanha os heróis infiltrados numa base militar; e o terceiro se transforma num filme de terror onde um novo híbrido está no encalço dos protagonistas. Ah, e há o epílogo que deixa tudo pronto para o próximo filme, enfiando à força uma situação que soa ainda mais esquisita graças à maneira apressada com que é estabelecida.

Repleto de diálogos que oscilam entre o expositivo e o ridículo (“No Stalingrado, os alemães usavam ratos contaminados como armas“), Jurassic World 2 é um avanço em relação ao antecessor, mas não a ponto de me convencer que a franquia está em boas mãos – e saber que o terceiro filme talvez justifique um subtítulo como A Guerra Pelo Planeta dos Dinossauros só me faz ficar ainda mais receoso.

Mas se Juan Antônio Bayona estivesse disposto a voltar no próximo, eu respiraria aliviado.

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