Scooby

Título Original

Scoob!

Lançamento

6 de agosto de 2020

Direção

Tony Cervone

Roteiro

Adam Sztykiel, Jack Donaldson, Derek Elliott e Matt Lieberman

Elenco

As vozes de Frank Welker, Will Forte, Zac Efron, Amanda Seyfried, Gina Rodriguez, Mark Wahlberg, Jason Isaacs, Ken Jeong, Kiersey Clemons, Iain Armitage, Pierce Gagnon, Mckenna Grace, Ariana Greenblatt, Tracy Morgan, Billy West e Simon Cowell

Duração

94 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Pam Coats e Allison Abbate

Distribuidor

Warner Bros.

Sinopse

Salsicha e Scooby tem uma conexão instantânea envolvendo comida em seu primeiro encontro, e logo se unem aos jovens detetives Fred, Velma e Daphne para formar a Mistério S/A. Só que, após resolver centenas de casos, eles encontram o desafio de impedir o “apocãolipse”, que virá quando o fantasma do cão Cerberus for liberado no mundo.

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Scooby! O Filme | Crítica

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Por um lado, Scooby! O Filme é uma releitura fiel da série animada criada pela Hanna-Barbera em 1969: os designs dos personagens remetem aos traços bidimensionais de suas versões originais, a “câmera” registra várias situações de forma visualmente idêntica aos desenhos e as personalidades de cada integrante da Mistérios S.A. se mostra condizente com o que conhecíamos de suas interpretações anteriores. Em contrapartida, se visualmente o filme se revela uma adaptação eficaz, o mesmo não pode ser dito sobre seu aspecto narrativo, que falha em capturar o espírito das aventuras divertidas, bem humoradas e – o mais importante – repletas de mistérios vividas por Scooby-Doo e sua turma.

Escrito por Adam Sztykiel (Alvin e os Esquilos 4, Rampage), Matt Lieberman (A Família Addams) e pelos estreantes Derek Elliot e Jack Donaldson (se o fato de contar com quatro roteiristas já parece assustador, imagine saber que o argumento foi feito por três pessoas), Scooby! começa mostrando o início da relação entre o pequeno Salsicha e o filhote Scooby-Doo, contando como os dois se conheceram, tornaram-se amigos e logo foram apresentados aos adolescentes Fred, Daphne e Velma; com os quais, no futuro, viriam a se juntar para… ora, investigar mistérios e caçar fantasmas. Estes minutos iniciais, por sinal, são também os melhores de todo o longa, pois conseguem ao menos despertar no espectador uma gostosa sensação de curiosidade diante da agora revelada “história de origem” dos personagens.

É uma pena, contudo, que não demore muito até que o filme deixe de explorar seus personagens e passe a se concentrar em uma historinha tola e genérica que, acompanhando os esforços dos heróis em impedir que Dick Vigarista liberte um cão-fantasma que causará o “Apocãolipse”, é conduzida de forma aborrecida e pouco imaginativa pelo diretor Tony Cervone – que, por sua vez, demonstra maior interesse em criar situações isoladas do que uma narrativa coesa e bem estruturada. Além disso, é decepcionante que o longa descarte a proposta de investigação sobrenatural que tornava as aventuras de Scooby tão divertidas (e pior: em prol, como já dito, de uma trama boba, frouxa e narrada no piloto automático), aparentemente ignorando o fato de que, afinal, a trupe da Mistérios S.A. trabalha com… mistérios (duh!).

Por outro lado, se falha em construir uma narrativa minimamente interessante, ao menos Cervone é hábil ao resgatar alguns traços marcantes das animações clássicas do Scooby-Doo (algo que os dois filmes live-action de 2002 e 2004, dirigidos por Raja Gosnell e escritos por James Gunn, também tentavam fazer), sendo particularmente bacana como o longa “tridimensionaliza” alguns planos memoráveis da série original (como aquele travelling vertical que acompanhava os personagens correndo simetricamente de um lado ao outro) e como as personalidades dos heróis (e, por consequência, as piadas trocadas por/entre estes) correspondem ao que nos acostumamos a esperar deles. Da mesma forma, o filme surpreende ao conseguir incluir participações de vários outros personagens da Hanna-Barbera (Dick Vigarista, Capitão Caverna, Falcão Azul, Bionicão, etc) sem que estas soem como mero fan-service, contribuindo com a narrativa em vez de interrompê-la.

O que não se aplica, porém, às frequentes tentativas de modernizar o universo de Scooby, Salsicha e companhia: se por um lado a ideia de tentar repaginar uma franquia obviamente concebida no auge da onda hippie (aliás, só os anos 1960 mesmo para criarem um personagem como Scooby-Doo) para o século 21 é promissora, por outro os esforços acabam sabotados pelo fato de que o próprio filme não parece saber direito como repaginá-la, limitando-se apenas a fazer um monte de menções tolas e forçadas a podcasts, aparelhos telefônicos, sagas como Harry Potter e serviços como Netflix. (Ainda assim, o detalhe da jovem Velma se fantasiar de Ruth Bader Ginsburg para o Dia das Bruxas funciona ao indicar, com economia, seu caráter empoderador – mesmo que este nunca volte a ser explorado pelo filme.)

Esquecível como uma produção da Illumination (Meu Malvado Favorito, A Vida Secreta dos Pets), Scooby! ainda sugere um leve interesse em usar sua tentativa de modernização para comentar – ainda que de modo superficial – a “cultura da futilidade” que tomou conta das redes sociais e de seus usuários que, mesmo tendo todas as informações do mundo disponíveis em suas mãos, pouca vontade têm de pesquisá-las. O que não deixa de ser irônico, já que, na prática, o próprio filme se revela, em maior ou menor grau, uma versão pasteurizada de uma obra bem melhor.

Assista também ao vídeo que gravei sobre o filme:

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