Star Wars O Retorno de Jedi (1)

Título Original

Star Wars – Episode VI: Return of the Jedi

Lançamento

25 de maio de 1983

Direção

Richard Marquand

Roteiro

Lawrence Kasdan e George Lucas

Elenco

Mark Hamill, David Prowse, Ian McDiarmid, Carrie Fisher, Harrison Ford, Anthony Daniels, Kenny Baker, Peter Mayhew, Billy Dee Williams, Alec Guinness, Frank Oz, Sebastian Shaw e a voz de James Earl Jones

Duração

134 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Howard Kazanjian

Distribuidor

Fox

Sinopse

O imperador (Ian McDiarmid) está supervisionando a construção de uma nova Estrela da Morte. Enquanto isso Luke Skywalker (Mark Hamill) liberta Han Solo (Harrison Ford) e a Princesa Leia (Carrie Fisher) das mãos de Jaba, o pior bandido das galáxias. Luke só se tornará um cavaleiro jedi quando destruir Darth Vader, que ainda pretende atraí-lo para o lado negro da “Força”. No entanto a luta entre os dois vai revelar um inesperado segredo.

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Star Wars – Episódio VI: O Retorno de Jedi | Crítica

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Logo quando surgem os créditos de O Retorno de Jedi, há uma sensação que fica evidente: esta conclusão da trilogia estrelada por Luke Skywalker e seus parceiros da Aliança Rebelde é certamente inferior aos dois capítulos anteriores. Felizmente, tal afirmação perde o vigor quando consideramos que Uma Nova Esperança e O Império Contra-Ataca (especialmente este segundo) representam coletivamente um dos maiores divisores da águas que o mundo do entretenimento presenciou nas últimas quatro décadas: a franquia Star Wars. Assim, por mais que conte com defeitos ocasionais que o fazem empalidecer diante das duas obras que o antecederam, Episódio VI nunca perde a energia incrível que consagrou a trilogia à qual pertence e encerra a mesma de maneira mais que satisfatória.

Roteirizado pelo mesmo Lawrence Kasdan do filme passado junto a George Lucas (o criador da série), o terceiro/sexto longa se dedica inteiramente a encerrar a jornada de Luke até se tornar um Jedi – ou algo perto disso. Depois de se infiltrarem na fortaleza de Jabba the Hutt para resgatar Han Solo (que se encontrava congelado em carbonite desde Episódio V), os heróis planejam junto à Aliança Rebelde um ataque que destruirá a nova Estrela da Morte em construção do Império e eliminará o mesmo para sempre, levando liberdade e paz à galáxia. No entanto, a luta envolve complexidades que farão os rebeldes se aliarem aos amigáveis Ewoks ao mesmo tempo em que Luke Skywalker terá que resistir à sedução do lado negro da Força e finalmente enfrentará seu maior desafio: confrontar Darth Vader, seu pai.

Deixando de lado o pessimismo que transformou (junto a outros fatores) O Império Contra-Ataca no melhor capítulo da saga, O Retorno de Jedi ganha contornos lúdicos que tendem a caracterizá-lo como uma aventura mais inocente e acessível à família inteira. Os esforços para infantilizar a franquia ficam claros quando analisamos a postura ainda mais heroica dos personagens (algo que C-3PO ironiza bem ao afirmar para R2 que “Não é hora de heroísmo“), a conclusão otimista do arco de Darth Vader e, é claro, os famigerados Ewoks – leia-se: os Ursinhos Carinhosos de Star Wars. Eu, particularmente, não consigo detestar tanto essas fofíssimas criaturas que habitam a lua florestal de Endor e nem mesmo os enxergo como algo tão problemático quanto as insuportáveis crianças de Mad Max 3, por exemplo. Entretanto, é verdade que estes seres irritam consideravelmente conforme o tempo passa, da mesma forma como é inegável que os sons agudos exclamados incessantemente pelos Ewoks soam ridículos em vez de adoráveis – sem contar que vê-los vencendo o Império da forma como o fazem é algo dificílimo de engolir. São criaturas bonitinhas e amáveis, mas que se encontram deslocadas e que só foram criadas com pretensões comerciais (vender bonequinhos e produtos licenciados do filme); embora os cantores e dançarinos de Jabba the Hutt provoquem um constrangimento particularmente pior.

Oferecendo um trabalho bem menos obsequioso que o de George Lucas e Irvin Kershner, Richard Marquand evidencia sua fragilidade como cineasta ao trazer pouquíssimos momentos realmente inspirados no que diz respeito à direção e ainda cometer tropeços com relação à continuidade e lógica de tempo/espaço (como R2-D2 poderia ter aberto um corte enorme numa rede se tinha começado a cortar um pequenino pedaço dela segundos antes?), algo que denuncia o fato de que foi contratado mais para “tapar buraco” na falta de opções melhores – como Steven Spielberg, que quase comandou o longa – que para imprimir uma assinatura inovadora. E embora as sequências de ação sejam notavelmente eficientes na maior parte do tempo, é de se lamentar que Marquand abrace exageradamente a proposta de criar um longa mais leve e raramente consiga criar algum impacto real no público, evitando chocá-lo justamente para evitar riscos; o que vai de encontro com o que havia sido feito na película passada, que ousava constantemente ao trazer perigos genuínos para os heróis (como congelamentos, traições e revelações traumáticas).

Por outro lado, embora a direção de Marquand seja sintomática e pouco inspirada, é intrigante notar como O Retorno de Jedi consegue estabelecer rimas visuais e conceituais certeiras com O Império Contra-Ataca ao trazer, por exemplo, Darth Vader tendo sua mão decepada por Luke e Han Solo dizendo “Eu te amo” antes de ser respondido por um “Eu sei” proclamado por Leia. E se critiquei a escassez de sutilezas que conferissem à obra uma profundidade instigante (como enquadramentos inteligentes e planos criativos), sou obrigado a aplaudir detalhes como o fato de que a roupa vestida pelo protagonista no embate contra o pai (e no restante do filme inteiro, para ser honesto) é predominantemente preta, assim como o uniforme de Vader e como a escuridão que representa o lado negro da Força. Para complementar, Episódio VI traz um de meus instantes preferidos da hexalogia: aquele onde Darth Vader, vendo seu filho ser eletrocutado pelo Imperador, se rebela contra este e reconquista o lado do herói – trata-se de uma cena intensa onde não vemos as expressões faciais do personagem nem ouvimos uma única palavra vinda do mesmo, mas ainda assim compreendemos com perfeita exatidão o que se passa por sua mente.

(Por sinal, George Lucas fez o favor de tirar boa parte da genialidade deste momento quando inseriu um patético “Nooooooooo!” exclamado por Vader em 2011, quando remasterizou o filme ao lançá-lo em Blu-ray. Oh, e lembre-se: da mesma forma como Han Solo não desviou do tiro dado por Greedo na taverna de Mos Eisley no Episódio IV, tendo atirado antes a sangue frio no tal caçador de recompensas, o espírito que surge junto a Obi-Wan e Yoda na cena final do último longa desta trilogia era interpretado por Sebastian Shaw – sim, exatamente o mesmo nome do vilão dos X-Men. Ora, Hayden Christensen tinha dois anos de idade quando O Retorno de Jedi foi lançado!)

Ainda que peque aqui e ali pelo uso de diálogos excessivamente óbvios e artificiais, Episódio VI conta com um fator decisivo para o sucesso desta trilogia clássica (e para o fracasso dos dois primeiros prequels): o clima de aventura fortalecido pela química mágica entre os personagens. Enquanto A Ameaça Fantasma Ataque dos Clones investiam em tramas desnecessariamente complexas, desinteressantes e que eram esquecidas assim que subiam os créditos finais, O Retorno de Jedi (bem como os dois longas anteriores) não superestima sua própria capacidade de entreter, se dedicando fortemente à construção de uma aventura essencialmente lúdica e cujo propósito principal é divertir o espectador. E mesmo que seja parcialmente prejudicado pela abordagem mais infantil, esta conclusão brilha como um passatempo memorável e que se torna ainda mais virtuoso graças à interação entre personagens que, depois de três filmes juntos, já são mais amigos que meros companheiros, algo que o fantástico elenco faz questão de deixar claro através de performances ricas em personalidade e carisma – e por mais que admire A Vingança dos Sith, reconheço que lhe falta Luke, Leia e Han.

Hábil ao fechar a jornada de Luke Skywalker e seu pai com otimismo sem recorrer à pieguice exagerada, Episódio VI ainda é engenhoso ao humanizar Darth Vader de forma a caracterizá-lo não como um mau indivíduo, mas como uma vítima de sua própria fragilidade e de seu nefasto mentor; e não sei se perceberam, mas jamais utilizei o termo “vilão” para descrever o antagonista ao escrever sobre os Episódios IV e V. E por mais que Vader seja a figura mais aparente e impactante que vem à mente quando nos referimos ao chamado “lado negro da Força”, o verdadeiro vilão de Star Wars é sem sombra de dúvidas o temível Imperador, cuja interpretação de Ian McDiarmid só não é mais efetiva que a autoconfiança abominável que caracteriza o personagem e sua ideologia perigosa, porém tentadora (e sejamos francos: quantas pessoas seriam verdadeiramente capazes de rejeitar o lado negro da Força?).

Como se não bastasse, O Retorno de Jedi ainda é competente ao disfarçar algumas de suas imperfeições conceituais. É verdade, por exemplo, que a revelação de que Luke e Leia são gêmeos representa uma coincidência absurda demais para deixar de ser vista como uma falha do roteiro, mas ainda assim o mesmo consegue transformá-la em algo moderadamente eficiente como elemento narrativo – além de naturalmente engraçado, pois… céus, houve um triângulo amoroso que incluía dois irmãos! Para complementar, Episódio VI ainda conta com efeitos visuais afiados e um design de produção absolutamente fascinante que se responsabiliza em grande parte pelo êxito da batalha travada em Endor (e a tribo dos Ewoks – que envolve centenas de árvores imensas, pontes e cipós – é magnífica, especialmente à noite).

Embalado pela ótima trilha sonora do sempre fabuloso John Williams (o tema composto para o Imperador, por exemplo, é memorável), O Retorno de Jedi pode até ser imperfeito, mas é divertido, poderoso e atraente o bastante para se consolidar como um fim satisfatório para a história iniciada em Uma Nova Esperança e O Império Contra-Ataca.

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