Toy Story 1

Título Original

Toy Story

Lançamento

22 de novembro de 1995

Direção

John Lasseter

Roteiro

Joss Whedon, Andrew Stanton, Joel Cohen e Alec Sokolow

Elenco

As vozes de Tom Hanks, Tim Allen, Don Rickles, John Ratzenberger, Jim Varney, Wallace Shawn, Annie Potts, John Morris, R. Lee Ermey, Erik von Detten, Laurie Metcalf e Sarah Freeman

Duração

81 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Ralph Guggenheim e Bonnie Arnold

Distribuidor

Disney

Sinopse

O aniversário de Andy está chegando e os brinquedos estão nervosos. Afinal de contas, eles temem que um novo brinquedo possa substituí-los. Liderados por Woody, um caubói que é também o brinquedo predileto de Andy, eles montam uma escuta que lhes permite saber dos presentes ganhos. Entre eles está Buzz Lightyear, o boneco de um patrulheiro espacial, que logo passa a receber mais atenção do garoto. Isto aos poucos gera ciúmes em Woody, que tenta fazer com que ele caia atrás da cama. Só que o plano dá errado e Buzz cai pela janela. É o início da aventura de Woody, que precisa resgatar Buzz também para limpar sua barra com os outros brinquedos.

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Toy Story: Um Mundo de Aventuras | Crítica

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Toy Story é uma evidência inquestionável de que uma trama elaborada não é tão significativa quanto uma narrativa competente: partindo de uma premissa cuja simplicidade é difícil de negar (brinquedos que vivem e não deixam seus donos saberem disso), o primeiro longa-metragem inteiramente realizado em computação gráfica a ser lançado (até hoje há discussões sobre qual filme foi produzido antes: este ou o brasileiro Cassiopeia, que estreou em 1996) compreende que Cinema é uma Arte visual onde o que realmente importa não é a história, mas a forma como esta é desenvolvida. Assim, à medida que a película avança, cada vez mais temos a sensação de que o diretor John Lasseter aproveitou todas as chances que tinha para transformar este projeto da Pixar num entretenimento de qualidade invejável e exemplar, surgindo como um filme disposto a debater temas como autoaceitação e conciliação do velho com o novo, mas que, para isso, adota táticas inteligentes.

Escrito a oito mãos por Joss Whedon, Andrew Stanton, Joel Cohen e Alec Sokolow com base num argumento assinado por outros quatro nomes (um número tão grande de roteiristas costuma resultar em fracasso, mas aqui temos uma exceção), o longa tem início com uma excelente cena que mostra o menino Andy brincando com seu boneco favorito: o xerife Woody. Logo de cara a produção nos apresenta a um mundo criativo que encanta graças ao estilo de vida particular dos brinquedos, envolvendo conceitos curiosos que vão desde uma reunião convocada para alertar que um aniversário está chegando até um grupo de “alienígenas” que, vivendo dentro de uma daquelas máquinas onde pelúcias são adquiridas através de um controle, tratam a garra como uma deidade. Claro que, com isso, o design de produção encontra a oportunidade perfeita para exibir criatividade máxima, retratando o quarto de Andy como um ambiente alegre e cheio de nuvens, arquiteturas extravagantes e cores fortes – o que vai de encontro com a escuridão da habitação de Sid (um garoto problemático que adora torturar brinquedos), iluminada com luz negra e enfeitada com itens amedrontadores criados a partir dos restos disformes de bonecos.

Mas é claro que seria impossível falar sobre Toy Story sem abordar seus valores de produção inovadores: ainda que tenham construído moldes de argila para dar início à renderização, os animadores merecem aplausos pela imensa fluidez existente nos movimentos e expressões faciais de cada um dos personagens, mantendo uma lógica física ao fazer com que Buzz Lightyear sofra algumas dificuldades para atravessar uma cerca com um foguete preso nas costas. Além disso, a equipe técnica se destaca concebendo detalhes pequenos como as dobraduras costuradas de Woody, as juntas esféricas de Buzz e a textura plástica dos brinquedos do quarto de Andy, obtendo um grau ainda mais elevado de preciosismo ao revelarem partes verdes do corpo de Lightyear brilhando no escuro. Da mesma forma, a fotografia é digna de nota por caracterizar cada um dos múltiplos cenários visitados pelos personagens com tons e colorações distintas enquanto a montagem adiciona energia à narrativa e alterna com eficácia entre cenas ambientadas dentro ou fora do quarto de Andy a partir do segundo ato da projeção.

Ainda assim, o principal fator que torna Toy Story uma experiência tão fabulosa certamente reside na personalidade dos brinquedos: exibindo uma lealdade que automaticamente leva o público a admirá-lo, Slinky atrai tanto quanto o Porquinho, que, por sua vez, soa como um sujeito tão sagaz quanto divertido. E se a pastora Betty mostra-se adorável como o interesse amoroso de Woody, o frágil dinossauro Rex desperta risadas graças às suas constantes tentativas fracassadas de provocar algum susto em seus amigos, ao passo que o ranzinza Sr. Cabeça-de-Batata apresenta-se como o dono de alguns dos melhores momentos cômicos do longa, partindo de uma brincadeira envolvendo as obras de Picasso até uma gag visual envolvendo um carrinho de controle remoto durante o terceiro ato. Por fim, o gracioso caubói Woody expõe um sentimento de inveja escancarado que se opõe à ternura existente em seu âmago e que torna-se cada vez mais evidente conforme o personagem é desenvolvido, ao mesmo tempo em que o patrulheiro espacial Buzz Lightyear conta com boas intenções e um charme espirituoso que cativa imediatamente o espectador; algo que faz com que sua reviravolta emocional soe profundamente comovente.

Por falar em Woody e Buzz, é na interação entre estes que encontra-se a força motriz da narrativa: propensos a brigar desde o instante em que se conhecem, os dois bonecos se desentendem graças à inveja de um destes e finalmente começam a estabelecer uma relação de amizade no terço final da película, comprovando que o quarteto de roteiristas foi capaz de entender o conceito de arco dramático e evoluir a dupla de personagens (e eles realmente mudam no decorrer do filme por razões satisfatórias). Como complemento, é intrigante perceber que a dinâmica entre os dois brinquedos define a importância da antiguidade conviver em harmonia com a atualidade e chega a encontrar ecos na própria trajetória do Cinema: se os faroestes haviam sido preservados desde 1903 (com a estreia de O Grande Roubo do Trem) até enfraquecerem por volta dos anos 1960 e 70, o público logo demonstrou claro interesse em gêneros e estilos diferentes como, por exemplo, aventuras espaciais. Basta substituir as palavras “faroestes” e “aventuras espaciais” por “Woody” e “Buzz Lightyear” e saberá aonde quero chegar.

Acompanhado pela ótima trilha incidental de Randy Newman (que adiciona ao longa a leveza ideal e leva o público à loucura no clímax da projeção), Toy Story é o tipo de filme que leva o espectador à maravilhosa sensação de voltar a ser criança sem desrespeitá-lo – e mesmo que seu roteiro traga alguns probleminhas (como coincidências ocasionais), não há um único que resista ao carisma esmagador dos brinquedos ou ao terceiro ato eletrizante que inclui um dos momentos mais emblemáticos que a Pixar já produziu até hoje: aquele que mostra uma “queda com estilo” (estou tentando ser o mais vago possível). Embora os aspectos técnicos da obra representem uma revolução, são os personagens envolventes e a direção impecável de John Lasseter que realmente tornam Toy Story tão poderoso e inesquecível.

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