Toy Story 2

Título Original

Toy Story 2

Lançamento

24 de novembro de 1999

Direção

John Lasseter

Roteiro

Andrew Stanton, Rita Hsiao, Doug Chamberlin e Chris Webb

Elenco

As vozes de Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Kelsey Grammer, Jim Varney, Don Rickles, Wallace Shawn, John Ratzenberger, Estelle Harris, Wayne Knight, Annie Potts, John Morris, Jodi Benson e Jonathan Harris

Duração

95 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Helene Plotkin e Karen Robert Jackson

Distribuidor

Disney

Sinopse

Desta vez, Woody (Tom Hanks) tenta salvar um brinquedo que acaba indo parar num bazar de usados e termina por ser sequestrado por um colecionador de brinquedos, que pretende vendê-lo a um museu japonês. Na casa do sequestrador, descobre que foi o protagonista de um famoso seriado da TV de décadas atrás e conhece os demais integrantes de sua coleção. Enquanto isso, os demais brinquedos, liderador por Buzz Lightyear (Tim Allen), partem numa atrapalhada operação de resgate.

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Toy Story 2 | Crítica

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Um erro recorrente em continuações é repetir tudo aquilo que havia sido feito nas produções que as antecederam, trazendo como única diferença o fato de ter mais personagens e contar com uma trama mais grandiosa. No caso de Toy Story 2, porém, a situação é bem mais complexa que de costume: embora recicle diversas ideias pertencentes ao magnífico longa original, esta sequência reconhece que, para funcionar, é preciso evoluir os personagens e o universo apresentados anteriormente. Assim, o terceiro projeto da Pixar surpreende ao reaproveitar conceitos familiares e usá-los justamente para revelar novidades ao público, surgindo como mais um exemplo invejável de entretenimento e conseguindo ser tão fascinante quanto o filme que John Lasseter comandou em 1995.

Novamente dirigido por Lasseter com base no roteiro escrito por Andrew Stanton, Rita Hsiao, Doug Chamberlin e Chris Webb, o longa mostra Buzz Lightyear, Slinky, Sr. Cabeça-de-Batata, Porquinho e Rex sendo obrigados a sair do quarto de Andy e resgatar o xerife Woody, sequestrado por um ator de anúncios comerciais que pretende enriquecer vendendo uma coleção de itens relacionados ao caubói para um museu japonês; entre estes artefatos encontram-se a vaqueira Jessie, o cavalo Bala-no-Alvo e o Mineiro. Claro, basta trocar “Buzz” por “Woody”, acrescentar alguns personagens e temos exatamente a mesma história do primeiro filme – a sorte, por outro lado, é que o ótimo roteiro reconhece a falta de imaginação do argumento e utiliza isto a seu favor, introduzindo novos bonecos, acontecimentos, detalhes a respeito dos brinquedos e rimas narrativas/visuais atraentes que ligam Toy Story 2 ao seu predecessor. Além disso, a ideia de trazer Buzz partindo numa jornada para resgatar seu amigo naturalmente diz muito a respeito de sua personalidade, ilustrando o bom caratismo e gratidão do personagem com base em ideias recicladas.

Exibindo um senso de humor bem mais constante que o do anterior, esta continuação revela-se magistral na construção de situações cômicas criativas que podem envolver desde uma “cena do crime” criada através de blocos e carrinhos até um “guia turístico da Barbie”, passando pela hilária imagem do Porquinho apertando freneticamente um controle remoto, pela interação entre Sr. e Sra. Cabeça-de-Batata, por uma gag visual relacionada à cabeça de Rex, pelo conceito absurdo de brinquedos tentando dirigir um carro e até mesmo pela ideia de um novo Buzz Lightyear que também acredita ser um patrulheiro espacial de verdade (e as reações do Buzz “principal” não poderiam ser mais engraçadas). Complementando, a película apresenta-se igualmente brilhante ao incluir diversas referências cinematográficas sem que estas soem gratuitas, inserindo alusões a 2001: Uma Odisséia no EspaçoJurassic ParkO Império Contra-Ataca que surgem de maneira orgânica dentro da lógica do roteiro.

Aliás, o diretor John Lasseter mostra-se ainda mais eficaz aqui do que no primeiro Toy Story: demonstrando virtuosismo logo nos minutos iniciais, onde acompanhamos uma pequena aventura de Buzz Lightyear e sentimos como se estivéssemos brincando com nossos bonecos de quando éramos crianças (uma sensação sempre louvável), a produção é bem-sucedida em suas excelentes e pontuais sequências de ação, obtendo resultados fabulosos no clímax e causando tensão de forma eficiente numa cena passada no meio de uma rua. Outro mérito do cineasta reside nos créditos finais, onde vemos múltiplos “erros de gravação” (ou bloopers) fictícios que despertam risadas e ainda encontram tempo para estabelecer uma ligação com Vida de Inseto, projeto anterior dirigido por Lasseter. Todavia, por mais que seja mais bem humorado que o original, Toy Story 2 funciona nos instantes mais profundos e dramáticos dos personagens, levando o espectador à comoção total quando Jessie conta a história de sua vida para Woody através de uma canção – e se no anterior testemunhávamos o temor dos brinquedos diante da possibilidade de serem substituídos, desta vez contemplamos a dor daqueles que realmente foram abandonados por seus donos.

Beneficiado pelo orçamento consideravelmente maior que o do anterior, este segundo capítulo da franquia deixa evidente o aperfeiçoamento técnico comparado ao primeiro, algo que torna-se indiscutível ainda na cena de abertura desta continuação, quando vemos a textura fosca de Buzz Lightyear em meio a um cenário cinzento e rochoso – e o mesmo nível de esmero pode ser observado em locações repletas de detalhes minuciosos, como o elevador utilizado pelos bonecos ou a fantástica loja de brinquedos onde o antagonista humano do longa trabalha (e neste sentido, o design de produção é digno de nota por ilustrar tal ambiente com itens extravagantes e que enchem os olhos de tão coloridos). Para completar, há também a excelente montagem que mantém fluidez no ritmo da narrativa e oferece alguns cortes de fusão interessantes por motivos específicos, algo que chama tanta atenção quanto o ótimo trabalho de edição de som (que se destaca ao criar os sons dos mecanismos que fazem com que Buzz voe na tão mencionada sequência inicial).

Todavia, são mesmo os brinquedos que caracterizam-se mais uma vez como o maior atrativo da obra – e desta vez, temos a inclusão de Jessie, Bala-no-Alvo e Mineiro: se a vaqueira transmite energia desde o primeiro segundo que aparece em tela (literalmente) e exibe um carisma capaz de cativar o público o suficiente para leva-lo a se emocionar com a história do passado da personagem, o cavalo surge adorável e conquista a simpatia do espectador graças às suas expressões faciais repletas de vivacidade, ao passo que o terceiro dos novos bonecos surge como um senhor cuja sabedoria e bondade são inquestionáveis até… bem, é melhor não dizer nada para evitar tantos spoilers. Por fim, há ainda uma curiosa “ponte” estabelecida entre esta produção e Seinfeld (meu sitcom favorito): enquanto Wayne Knight (o eterno Newman) vive Al como um antagonista divertidamente dramático e exagerado (leia-se: uma nova versão de Newman), Estelle Harris transforma a Sra. Cabeça-de-Batata numa figura tão neurótica e animadora quanto a inesquecível mãe de George Costanza.

Revelando detalhes instigantes a respeito do passado de Woody que o tornam um personagem mais denso e retratando Buzz Lightyear como um sujeito visivelmente amadurecido (e a lição de moral que dá em seu amigo no fim do segundo ato soa impactante graças ao fato de que já acompanhamos o desenvolvimento de seu arco dramático), Toy Story 2 é um exemplo perfeito de como se deve continuar uma obra cinematográfica: respeitando os aspectos que tornaram o filme original memorável e, ao mesmo tempo, aprimorando-os de modo a fazer com que o universo e os personagens envolvidos evoluam.

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