Um Tira da Pesada (1)

Título Original

Beverly Hills Cop

Lançamento

5 de dezembro de 1984

Direção

Martin Brest

Roteiro

Daniel Petrie Jr.

Elenco

Eddie Murphy, Judge Reinhold, John Ashton, Lisa Eilbacher, Ronny Cox, Steven Berkoff, James Russo, Stephen Elliott, Paul Reiser, Bronson Pinchot, Jonathan Banks, Michael Champion, Frank Pesce, Gilbert R. Hill, Damon Wayans e Martin Brest

Duração

105 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Don Simpson e Jerry Bruckheimer

Distribuidor

Paramount Pictures

Sinopse

Depois que seu amigo de infância é assassinado enquanto visitava Detroit, o policial rebelde Axel Foley segue algumas pistas até Beverly Hills, na Califórnia. Lá, se hospeda como turista e vai atrás de mais informações. No entanto, o tenente Bogomil, do Departamento de Polícia de Beverly Hills, não confia em Foley, e dificulta a sua busca por evidências.

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Um Tira da Pesada | Crítica

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Não é surpresa que Um Tira da Pesada tenha sido um dos principais projetos a catapultarem a carreira de Eddie Murphy: poucos filmes souberam explorar tão bem o potencial e a persona do comediante a seu favor. Chega a ser bizarro pensar que, em algum momento da pré-produção, tenham sequer cogitado outro cara para interpretar Axel Foley; o papel parece milimetricamente pensado para ser encaixado em Murphy. E o que mais me fascina é que, embora se trate de um personagem que obviamente exige – e muito – o timing cômico mais afiado possível do ator que o interpreta, ainda assim Foley passa longe de se resumir à piada em si.

Sim, Eddie Murphy faz maravilhas ao emprestar pro personagem ritmo, expressividade corporal (o humor físico funciona à beça) e sagacidade ao proferir suas tiradas (que já soam inspiradíssimas no papel), mas, ao mesmo tempo, seu Axel Foley soa como um ser humano, como um indivíduo tridimensional, e não como uma mera metralhadora de piadas e caretas. Seu humor provém de sua inteligência e de seu raciocínio rápido (é sempre um prazer vê-lo performar e inventar um papinho para entrar/sair de uma situação) e, além disso, Foley sabe falar sério quando é preciso – e Murphy é hábil ao transmitir veemência e intensidade ao policial nos momentos mais drásticos da narrativa.

Mas o que mais me surpreende é perceber como Um Tira da Pesada articula e desenvolve seu contexto de tensão racial/social através da ação e da comédia. Mais do que uma aventura divertida sobre um policial engraçado, é uma história sobre um cara que entende o funcionamento do mundo real, que sabe que o “jeitinho” às vezes é a melhor maneira de se solucionar um caso, e que, ao chegar a uma cidade que é a meca da burguesia norte-americana, é obrigado o tempo todo a escutar aulinhas de etiqueta patéticas de patrões e ricaços obcecados em fazer tudo by the book. Pois a mesma sociedade e as mesmas instituições que se gabam de suas “boas maneiras” não hesitam em julgar/prender/perseguir Axel porque… ele é negro. Ou seja: por trás desses gestinhos moralistas e condescendentes da aristocracia, esconde-se seu notório racismo.

Axel, portanto, vem para desafiar isso, resistir ao racismo e, no processo, mostrar aos seus colegas de profissão californianos que, em algumas circunstâncias, a malandragem é o único método viável. Às vezes, é preciso esquecer o livrinho de regras por um minuto e sujar as mãos um pouquinho. Martin Brest realça essa tensão ao mesmo tempo que compõe uma atmosfera ágil, irresistível, a partir desse contraste entre o glamour de Beverly Hills e a personalidade do sujeito que chega para chacoalhá-la (aliás, a ambientação do longa é deliciosa).

E se tem um plano específico que resume isso de forma sutil, mas bacana, é aquele que traz Foley e Rosewood descendo um lance rápido de escadas na saída de um armazém: o primeiro só mete as mãos no corrimão e os usa para dar impulso num salto até o chão, enquanto o segundo faz questão de descer correndo degrau a degrau, certinho. Detalhe rápido, discreto, mas perfeito.

Um Tira da Pesada é diversão do início ao fim.

Aproveite que já está por aqui e assista ao vídeo que gravei sobre o recente Um Tira da Pesada 4, no qual também comento o original de 1984 e as continuações de 1987 e 1994:

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