WiFi Ralph

Título Original

Ralph Breaks the Internet

Lançamento

3 de janeiro de 2019

Direção

Rich Moore, Phil Johnston

Roteiro

Phil Johnston, Pamela Ribon

Elenco

John C. Reilly, Sarah Silverman, Gal Gadot, Taraji P. Henson, Alan Tudyk, Alfred Molina, Jack McBrayer, Jane Lynch, Jodi Benson, Jennifer Hale, Irene Bedard, Mandy Moore, Linda Larkin, Pamela Ribon, Ming Na-Wen, Kelly Macdonald, Idina Menzel, Kristen Bell, Ed O’Neill, John DiMaggio

Duração

112 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Clark Spencer

Distribuidor

Disney

Sinopse

Ralph, o mais famoso vilão dos videogames, e Vanellope, sua companheira atrapalhada, iniciam mais uma arriscada aventura. Após a gloriosa vitória no Fliperama Litwak, a dupla viaja para a world wide web, no universo expansivo e desconhecido da internet. Dessa vez, a missão é achar uma peça reserva para salvar o videogame Corrida Doce, de Vanellope. Para isso, eles contam com a ajuda dos “cidadãos da Internet” e de Yess, a alma por trás do “Buzzztube”, um famoso website que dita tendências.

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Wi-Fi Ralph: Quebrando a Internet | Crítica

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Lançado no final de 2012, quando Bolt Enrolados já haviam se saído relativamente bem, Detona Ralph comprovou que a Disney tinha plena capacidade de investir em animações computadorizadas sem depender dos esforços da Pixar (algo que, nos anos seguintes, foi reforçado com os sucessos de FrozenZootopia e Moana). Dirigido pelo estreante Rich Moore com segurança e eficácia surpreendentes, o filme contava com dois protagonistas adoráveis (Ralph e Vanellope) e apresentava o espectador a um universo simplesmente fabuloso, homenageando a cultura dos videogames, respeitando a lógica visual/sonora de cada um destes e permitindo que o designer de produção Mike Gabriel criasse um mundo fictício espetacular que exercitasse ao máximo sua imaginação. Além disso, o roteiro era inteligente ao estabelecer conceitos interessantes e que desempenhavam funções importantes no terceiro ato; o que compensava, inclusive, o excesso de clichês e de lições de moral batidas.

Felizmente, os principais motivos responsáveis pelo sucesso de Detona Ralph estão de volta – e bem empregados – em Wi-Fi Ralph: Quebrando a Internet, uma continuação que cumpre seu papel ao expandir o universo apresentado no original de maneira sempre inspirada, divertida e elegante.

Sem cometer o erro de simplesmente repetir a trama do anterior trocando apenas os personagens e os cenários, o roteiro de Pamela Ribon e Phil Jonhston (este último também co-escreveu o primeiro filme) volta a se concentrar nos personagens que existem dentro dos games de um fliperama. Depois que Ralph sem querer provoca a desativação do jogo “Corrida Doce”, no qual Vanellope continua morando, ele se vê obrigado a usar a rede wi-fi instalada pelo dono do fliperama para viajar até o eBay e adquirir uma peça que garantirá o funcionamento do game (e a sobrevida de sua melhor amiga). Em outras palavras: se Detona Ralph era uma ode à cultura dos jogos, Wi-Fi Ralph passa a enfocar o universo moderno e ultratecnológico da Internet – e o simples fato de trazer um elemento novo à franquia é mais do que bem-vindo, pois a impede de permanecer presa a um único conceito (no caso, as referências aos videogames).

Assim, um dos prazeres oferecidos pelo longa consiste em observar a maneira como certas particularidades da Internet ganham vida: os pop-ups se transformam em pessoas que distribuem panfletos nas ruas, o buscador do Google é retratado como um bibliotecário que insiste em tentar adivinhar (leia-se: autocompletar) as perguntas que lhe são feitas e os avatares dos internautas tornam-se pessoinhas cabeçudas e inexpressivas. Mas é óbvio que o universo construído em Wi-Fi Ralph precisa de um design de produção que corresponda às suas ambições – e é um alívio constatar como o profissional Cory Loftis faz jus ao que Mike Gabriel concebeu no filme anterior, encontrando formas divertidas e inventivas de ancorar cada site/aplicativo em um conceito mais mundano. Com isso, o eBay é convertido num imenso supermercado que inclui leilões em seus corredores, o Google se transforma no maior arranha-céu da cidade, o Instagram vira um museu cheio de fotografias em exposição, o Pinterest é retratado como um escritório vazio, o território da Disney soa como uma convenção nerd que remete à Comic-Con (com direito a várias participações especiais) e a deep web é um submundo esfumaçado, sombrio e hostil.

Se Emoji – O Filme fracassava miseravelmente em sua tentativa de ilustrar o universo e a dinâmica da Internet, Wi-Fi Ralph se sai muitíssimo bem ao investir numa empreitada similiar – e não é surpresa, portanto, que o filme aproveite sua premissa para comentar alguns costumes que vieram na era digital: ao perceber que precisa ganhar dinheiro, Ralph se vê forçado a gravar vídeos ridículos e se transformar em um meme em troca de… curtidas (ou seja: em pleno século 21, quando toda a informação da História está facilmente à nossa disposição, os internautas preferem buscar conteúdo superficial). Mas não é só: para se manter “em alta”, Ralph precisa se esforçar o tempo inteiro, pois quinze segundos são mais do que o suficiente para que seus vídeos comecem a perder relevância; afinal, é comum encontrar serviços de streaming que priorizam não a qualidade, mas a quantidade de suas obras. Para completar, há um momento em que Ralph é exposto àquilo que há de mais nojento na Internet: o espaço para comentários; que, claro, são dominados por ataques de haters – é uma pena, porém, que o filme trate o assunto de maneira rápida e suave demais.

Voltando a demonstrar um cuidado admirável ao estabelecer a lógica visual da narrativa, Rich Moore desta vez divide a função de diretor com o co-roteirista Phil Johnston – e os esforços da dupla são bem-sucedidos: em algumas sequências mais movimentadas, os cineastas empregam uma câmera mais instável que ajuda a imprimir dinamismo e agilidade ao que está sendo mostrado (e, em alguns casos, aproximando mais o espectador daquilo que está na tela). Além disso, os diretores conferem uma atmosfera específica para cada ambiente que será visitado no decorrer da trama, saltando da paleta multicolorida que pontua o universo da Internet às cores amareladas, ensolaradas e poluídas que definem os cenários da “Corrida do Caos” (que se torna o novo game favorito de Vanellope). E como não gostar de um longa que consegue incluir, no meio da história, uma (hilária) reunião das princesas da Disney sem que esta soe deslocada ou gratuita?

Por outro lado, o roteiro de Phil Johnston e Pamela Ribon apresenta alguns problemas que, querendo ou não, enfraquecem em parte o resultado final: ao se aproximar do terceiro ato, o filme percebe que os principais objetivos dos personagens já foram cumpridos (e de maneira bastante previsível). E o que os roteiristas fazem para garantir que a história chegue a um clímax mais apropriado? Inventam novos conflitos de última hora, como duas ou três briguinhas adicionais entre Ralph e Vanellope que vêm a ser resolvidas após poucos minutos. A impressão que fica, portanto, é de que o longa está tirando da cartola alguma situação que o leve a um desfecho razoável – e isto acaba soando forçado, já que escancara uma dificuldade que o roteiro obviamente sente ao estruturar sua narrativa.

Mas nada que comprometa a diversão proporcionada pelo filme e a riqueza de detalhes que compõem o universo no qual a trama se passa. E é justamente por isso que desejo retornar a este mundo (e reencontrar Ralph e Vanellope) em um eventual terceiro capítulo – que mantenha, claro, a ótima qualidade que a série mostrou até aqui.

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