Midway (1)

Título Original

Midway

Lançamento

21 de novembro de 2019

Direção

Roland Emmerich

Roteiro

Wes Tooke

Elenco

Ed Skrein, Patrick Wilson, Nick Jonas, Woody Harrelson, Luke Evans, Aaron Eckhart, Dennis Quaid, Darren Criss, Jake Weber, Tadanobu Asano, Etsushi Toyokawa, Jun Kunimura e Geoffrey Blake

Duração

138 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Roland Emmerich e Harald Kloser

Distribuidor

Diamond Films

Sinopse

O filme traz a perspectiva de soldados e aviadores (americanos e japoneses) que lutaram bravamente durante a Batalha de Midway, no Oceano Pacífico em junho de 1942. Através de mensagens codificadas, a Marinha Americana conseguiu identificar a localização e o horário dos ataques previstos pela Marinha Imperial Japonesa. Até hoje a disputa é considerada pelos historiadores como um dos pontos mais relevantes para o fim da Segunda Guerra Mundial.

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Midway: Batalha em Alto Mar | Crítica

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Responsável por filmes como Stargate, Independence Day (e sua horrorosa continuação), Godzilla (a versão de 1998, com Matthew Broderick), O Patriota, O Dia Depois de Amanhã e 2012, o alemão Roland Emmerich é um cineasta que tem suas virtudes, mas que também apresenta uma série de fraquezas que, ao longo dos anos, me fizeram antipatizar com boa parte de sua obra: sim, seu talento para criar sequências de destruição em grande escala é invejável; por outro lado, a insistência em prolongar a duração de suas narrativas até fazê-las atingir cansativas duas horas e meia sempre representou um problema – e o hábito de superestimar o interesse do espectador nos draminhas individuais dos personagens (geralmente desenvolvidos de maneira medíocre e artificial) complicava ainda mais a situação. Além disso, o excesso de ufanismo em seus longas sempre me pareceu terrivelmente cafona (pensem no discurso do presidente vivido por Bill Pullman em Independence Day, por exemplo), o que só fortalecia minha rejeição.

Neste sentido, Midway: Batalha em Alto Bar é um legítimo filme de Roland Emmerich, já que basicamente repete todos os problemas presentes em seus trabalhos anteriores (e que apontei no parágrafo anterior) e os intercala com uma ou outra sequência de ação melhorzinha, mas que não compensa o tédio do restante da projeção. Escrito pelo estreante Wes Tooke, o roteiro se concentra no conflito entre norte-americanos e japoneses que ocorreu no Oceano Pacífico em junho de 1942 (meses depois do ataque à base de Pearl Harbor) e que ainda hoje permanece como um dos momentos mais cruciais da Segunda Guerra Mundial. E, como podem perceber, é o tipo de projeto que oferece a um diretor como Emmerich a desculpa perfeita para exercitar todo o seu sentimento de idolatria aos Estados Unidos.

Atirando o espectador no meio do ataque a Pearl Harbor logo na sequência que abre a projeção, Midway ao menos consegue recriar alguns momentos emblemáticos da Segunda Guerra de maneira consideravelmente imersiva, fazendo o público se sentir no centro de boa parte dos combates aéreos/marítimos graças à excelente edição de efeitos sonoros, que confere peso à ação retratada na tela – em contrapartida, o mesmo não pode ser dito sobre os efeitos visuais, que, embora funcionando no primeiro ato, vão se tornando cada vez mais artificiais à medida que a projeção avança, soando quase como cutscenes de jogos como Call of Duty ou Battlefield. Infelizmente, a eficácia das sequências de batalha também vai caindo com o passar do tempo, já que estas vão se repetindo a ponto de sobrecarregar a narrativa, provocando um sentimento de cansaço inevitável no espectador.

Ainda assim, confesso que, nos poucos momentos em que Emmerich deixa a ação de lado para se dedicar aos dilemas internos dos personagens, comecei a implorar para que ele voltasse logo às cenas de batalha e abandonasse de vez qualquer tentativa de conferir peso dramático à história. Ao contrário de Dunkirk, que tratava seus protagonistas como meros avatares para que o espectador se projetasse em seus lugares e sentisse como se ocupasse seus lugares no meio da guerra, Midway confere um ar de solenidade incontestável aos soldados norte-americanos, retratando seus dramas pessoais de maneira açucarada e esquemática – o que não significa, no entanto, que estes sejam desenvolvidos com cuidado. Aliás, devo confessar que, embora o elenco seja integrado por vários nomes conhecidos (Ed Skrein, Patrick Wilson, Woody Harrelson, Aaron Eckhart, Mandy Moore, Dennis Quaid, Nick Jonas, etc), não sinto necessidade alguma de comentar seus respectivos desempenhos, já que todos se vêem presos a papeis superficiais e irrelevantes.

Claro que isto faz parte das intenções propagandistas de Emmerich, que busca retratar os soldados norte-americanos não como seres humanos, mas como verdadeiros ícones – não à toa, o terceiro ato traz um momento no qual um aviador surge com as mãos na cintura e diante do raiar do Sol, como se fosse um Super-Homem logo após salvar a Humanidade pela enésima vez. Além disso, a trilha de Thomas Wander e Harald Kloser nada mais é do que uma daquelas composições heroicas e pomposas que já vimos no próprio Independence Day, reforçando ainda mais o caráter ufanista não só dos personagens, mas da produção em si. Isto somado ao fato de convenientemente ignorarem qualquer menção ao bombardeio em Hiroshima e Nagazaki (uma das maiores tragédias da História do mundo) faz Midway soar exatamente como o que ele é: uma peça nacionalista feita para os norte-americanos se sentirem bem.

Por outro lado, se os soldados dos Estados Unidos são retratados como heróis incontestáveis, os marinheiros do Japão são apresentados como vilões malvados e sem coração na maior parte do tempo – algo que o diretor de fotografia Robby Baumgartner ilustra sem um pingo de sutileza ao trazer os norte-americanos constantemente iluminados e os japoneses, sempre mergulhados em sombras. Não que o filme não tente disfarçar um pouquinho seu maniqueísmo: nos minutos finais da projeção, vemos exatamente dois personagens japoneses que exibem alguma empatia um pelo outro. De todo modo, isto se torna uma demonstração pequena de cinismo quando comparada à frase que aparece nos créditos finais, “Dedicado aos soldados norte-americanos e japoneses que lutaram na guerra” (depois de passar duas horas tratando os japoneses como monstros unidimensionais, claro).

Como se não bastasse, Midway ainda faz questão de inserir uma rápida piadinha na qual o ator Geoffrey Blake aparece interpretando John Ford, numa referência óbvia ao impressionante registro da batalha que o cineasta rodou ao vivo. No entanto, em vez de soar como uma curiosidade bacana, a gag acaba nos fazendo lembrar de como Ford foi um diretor infinitamente melhor do que Roland Emmerich jamais será. Afinal, sua versão da Batalha de Midway pode até durar ligeiros 18 minutos, mas ainda assim é um retrato muito mais interessante e dinâmico do que as quase duas horas e meia filmadas por Emmerich.

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