Jurassic World Domínio (2)

Título Original

Jurassic World Dominion

Lançamento

2 de junho de 2022

Direção

Colin Trevorrow

Roteiro

Colin Trevorrow e Emily Carmichael

Elenco

Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Isabella Sermon, Laura Dern, Sam Neill, Jeff Goldblum, DeWanda Wise, Mamoudou Athie, Campbell Scott, BD Wong, Omar Sy, Justice Smith, Daniella Pineda, Scott Haze, Dichen Lachman, Kristoffer Polaha, Varada Sethu e Dimitri Thivaios

Duração

146 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Frank Marshall e Patrick Crowley

Distribuidor

Universal Pictures

Sinopse

Quatro anos após a destruição da Isla Nublar, os dinossauros agora vivem – e caçam – ao lado de humanos em todo o mundo. Este frágil equilíbrio remodelará o futuro e determinará, de uma vez por todas, se os seres humanos continuarão sendo os principais predadores em um planeta que agora compartilham com as criaturas mais temíveis da História.

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Jurassic World: Domínio | Crítica

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Como um filme abarrotado de dinossauros correndo de lá para cá, que conta com uma trilha sonora composta pelo geralmente brilhante Michael Giacchino (e inspirada nos belíssimos temas originalmente criados pelo mestre John Williams para Jurassic Park) e que finalmente reúne o trio Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum pela primeira vez desde a única ocasião em que os vimos juntos (há 29 anos!) consegue ser tão apático, sonolento e monótono quanto este Jurassic World: Domínio? A primeira pista que poderia nos ajudar a encontrar uma resposta talvez fosse o fato de que, depois de cinco continuações que falharam em resgatar a magia e o deslumbramento do longa que Steven Spielberg dirigiu em 1993 (nem o próprio diretor conseguiu em seu mediano O Mundo Perdido), os dinossauros simplesmente deixaram de representar uma fonte de entusiasmo/surpresa e caíram no lugar-comum.

Porém, não acredito que todo o aborrecimento representado por este novo capítulo possa ser atribuído apenas ao mero esgotamento da franquia, de seus personagens ou dos seres pré-históricos que “ressuscita”. Ora, sejamos francos: se o diretor por trás do longa fosse capaz de extrair e transmitir algum senso de encantamento a partir das imagens dos dinossauros que surgem em Jurassic World 3, automaticamente se tornaria possível, para quem assiste ao resultado na tela, sentir que aquelas criaturas são fantásticas de alguma forma, que a simples presença delas em cena continua a se tratar de algo minimamente mágico e especial, não importando o fato de já termos visto aqueles bichos voltarem à vida (via animatronics ou efeitos digitais) incontáveis vezes desde 1993.

Em vez disso, contudo, Jurassic World: Domínio é dirigido por um cineasta que claramente enxerga os dinossauros como criaturas ordinárias em vez de extraordinárias, como composições artificiais tão prosaicas e indiferentes que não merecem despertar nem ser recebidas com um mínimo de empolgação, cerimônia ou carinho. Estou falando, é claro, de Colin Trevorrow, que dirigiu e escreveu o (medíocre) primeiro capítulo desta nova trilogia e que, após ausentar-se da direção do segundo (não por coincidência, o “menos pior” dos três), agora retorna para comandar este que se revela justamente o pior de todos os seis filmes ambientados no mundo dos dinossauros.

Escrito pelo próprio Trevorrow e por Emily Carmichael (Círculo de Fogo: A Revolta – uh-oh), Domínio retoma a história quatro anos depois do desfecho de Reino Ameaçado, quando os heróis libertaram os dinossauros dos cativeiros nos quais se encontravam e lhes concederam a chance de se (re)inserir nos ecossistemas e nas cadeias alimentares do século 21, passando a conviver com todos os seres vivos que passaram a povoar a Terra após dezenas de milênios – uma premissa interessante que poderia obter bons resultados se explorada com cuidado no longa seguinte. Infelizmente, embora começando de forma promissora ao mostrar rapidamente (através de uma reportagem) os dinossauros dividindo espaço com animais e humanos em situações/lugares aleatórios, não demora até que o roteiro de Trevorrow e Carmichael se revele… bom, um legítimo roteiro de um filme da série Jurassic World, preferindo atirar no lixo qualquer oportunidade de explorar as (boas) ideias que têm em mente a fim de se concentrar numa história sem pé nem cabeça que acompanha um bando de humanos desinteressantes e que se passa majoritariamente dentro dos laboratórios da Biosyn Genetics, uma empresa bilionária liderada por um Elon Musk genérico (Scott) que quer sequestrar uma garotinha clonada (Sermon) e que, ao mesmo tempo, coordena um plano misterioso envolvendo ataques de gafanhotos-dinossauros por plantações dos Estados Unidos.

Em outras palavras: Jurassic World 3 é um filme se importa com qualquer coisa, menos com os dinossauros que estampam a logomarca desta franquia – e, se em 1993 aquelas criaturas imponentes eram enfocadas por Spielberg com absoluta devoção (afinal, o surgimento delas na tela se tratava de algo mágico, fascinante), desta vez elas foram relegadas à posição de figurantes, soando, em alguns casos, como objetos de cena insignificantes e descartáveis que compõem o fundo do universo que abriga a história e os protagonistas. É como se Colin Trevorrow exibisse a mesma arrogância megalomaníaca que o doutor Ian Malcolm (Goldblum) apontava em 1993, quando tentava alertar os cientistas de que “brincar de Deus” traria consequências catastróficas, e subjugando totalmente o potencial dos dinossauros por acreditar que o Homem seria o centro de tudo e todos. Não à toa, volta e meia Jurassic World 3 tira da cartola um personagem novo sobre o qual não sabemos absolutamente nada e que parece inserido de última hora só para ajudar convenientemente os protagonistas a resolverem algum obstáculo pontual, desaparecendo assim que termina sua função – o que, por outro lado, não explica o descaso conferido a Omar Sy, um ator talentoso que vem sendo continuamente subaproveitado por Hollywood e que aqui é desperdiçado numa rápida e irrelevante aparição.

Neste sentido, considerando o total desinteresse do filme pelos dinossauros (e a absoluta confiança que tem pelos humanos que deveriam ser devorados por aqueles), é bastante revelador que, com exceção de uma boa cena de tensão envolvendo Claire (Howard) e um therizinossauro num lago e do momento no qual a velha e a nova geração de Jurassic Park/World fogem do dinossaurão-especial-geneticamente-modificado-da-vez numa instalação metálica, o único momento memorável de Jurassic World 3 seja uma sequência de ação na qual velociraptors perseguem heróis que escapam em motos e/ou correndo por cima dos telhados da ilha de Malta – uma sequência que, embora executada com dinamismo, velocidade e intensidade por Trevorrow, parece pertencer infinitamente mais a um filme de Jason Bourne ou James Bond do que a um capítulo da série Jurassic; o que reafirma e comprova o interesse do cineasta por qualquer outra superprodução que não pertença a esta franquia.

Em todo o restante da projeção, porém, Jurassic World 3 se revela um buraco negro de fascínio e deslumbramento, soando como uma sucessão de (intermináveis) duas horas e meia de vácuos emocionais – vácuos estes que Colin Trevorrow tenta disfarçar com um ou outro apelo barato à nostalgia, acreditando que basta incluir um plano-detalhe de um objeto usado no Jurassic Park original aqui e repetir uma frase célebre de um dos filmes anteriores ali para nos fazer esquecer o marasmo que antecipou estes momentinhos ocasionais. O que Trevorrow (e esta trilogia maldita) não parece(m) entender é que reprocessar uma obra (melhor!) do passado e redistribuí-la através de migalhas para o público não é o suficiente para “tocar nossos corações”: de que adianta, por exemplo, trazer de volta Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum se o filme em si não lhes oferecerá nada que ajude a resgatar a velha química? Além disso, é meio deprimente que o longa realmente tente encarar o encontro das duas gerações da franquia como um acontecimento relevante (com direito a um plano no qual Sam Neill, Chris Pratt e Isabella Sermon estendem juntos as mãos em direção a um velociraptor) sem se dar conta de que nenhum dos novos heróis se estabeleceu como uma figura interessante e/ou carismática o bastante nos últimos três filmes para merecer um “momento especial” aqui.

Assim, após massacrar o espectador com seis horas e meia de picaretagem, a série Jurassic World finalmente chega ao fim. Ou “fim”, já que, conhecendo a mentalidade fordista dos executivos por trás destas franquias milionárias de Hollywood, não tardará até que vejamos os dinossauros originalmente ressuscitados por Steven Spielberg serem mais uma vez resgatados para estrelarem uma nova safra de superproduções.

Tomara que, da próxima vez, o serviço fique a cargo de um diretor que pelo menos dê a mínima para dinossauros.

***

(Lembre-se: a pandemia não acabou. Se for sair de casa e ir ao cinema, siga todos os cuidados sugeridos pelas organizações sérias de Saúde e, mais importante, vá ao posto tomar sua vacina. Se já tomou a primeira dose, tome a segunda. Se já tomou a segunda e já chegou a vez de tomar a terceira, tome a terceira – se ainda não chegou, espere e vá assim que ela estiver disponível. É triste ter que escrever isto, mas… não escute o atual presidente da República ou mesmo seu ministro da Saúde: vacine-se e proteja-se. #ForaBolsonaro)

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