Paulo Gustavo

A morte de Paulo Gustavo

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Goste-se ou não dos filmes de Paulo Gustavo, é fato que ele contribuiu – e muito – para nossa História ao levar milhões de pessoas às salas de cinema para assistirem a um filme brasileiro, a algo produzido aqui, ambientado em locações daqui e falado em português.

Além disso, Paulo Gustavo foi um homem gay que, num país homofóbico e machista, conquistou o povão ao se vestir de Dona Hermínia e ao encarnar personagens que incutiam em si a representação LGBTQ. Seus filmes podiam nem sempre ser sobre isso, mas só o fato de trazerem personagens que pertencessem à sigla era um esforço admirável de mostrar, para toda uma sociedade intolerante, como o amor homoafetivo era não só normal, mas lindo.

E mais uma vez: gostando-se ou não de Minha Mãe é uma Peça, Vai Que Cola ou Minha Vida em Marte, é fato que os filmes de Paulo Gustavo levaram gargalhadas a milhões de pessoas. E um riso, muitas vezes, é tudo de que precisamos.

Paulo Gustavo se vai cedo demais, no auge da carreira e deixando a mãe que inspirou a criação de Dona Hermínia, um marido, dois filhos pequenos e uma legião de fãs que adentra o povo brasileiro como um todo. Se vai por causa de uma doença para a qual já existe vacina e que, portanto, poderia estar matando bem menos se não fosse a necropolítica genocida de Jair Bolsonaro, este verme fascistoide que hoje governa o Brasil. Se não fosse o presidente da República e seu(s) ministro(s) da Saúde recusando onze ofertas de vacinas, gastando R$ 90 milhões em hidroxicloroquina, desprezando o uso de máscaras e incentivando aglomerações.

A morte de Paulo Gustavo não causa apenas tristeza, mas também indignação e raiva. Não é um sorriso apagado do rosto do Brasil, mas arrancado. É uma morte que, ao lado de outras 410 mil (e contando), tem seus responsáveis. Que estes responsáveis sejam punidos sob o rigor da Lei e que a família, os amigos e os fãs de Paulo Gustavo recebam a força de que tanto necessitam.

E que ele descanse em paz.

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