Histórias Assustadoras

Título Original

Scary Stories to Tell in the Dark

Lançamento

8 de agosto de 2019

Direção

André Øvredal

Roteiro

Dan Hageman e Kevin Hageman

Elenco

EUA

Duração

108 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Guillermo del Toro, Sean Daniel, Jason F. Brown, J. Miles Dale, Elizabeth Grave, Joshua Long e Roberto Grande

Distribuidor

Diamond Films

Sinopse

A cidade de Mill Valley é assombrada há décadas pelos mistérios envolvendo o casarão da família Bellows. Em 1968, a jovem Sarah (Kathleen Pollard), uma garota problemática que mantinha um relacionamento ruim com os pais, foi ao porão para escrever um livro repleto de histórias macabras. Décadas mais tarde, um grupo de adolescentes descobre o livro e passa a investigar o passado de Sarah. No entanto, as histórias do livro começam a se tornar reais.

Publicidade

Histórias Assustadoras para Contar no Escuro | Crítica

Facebook
Twitter
Pinterest
WhatsApp
Telegram

À primeira vista, um filme chamado Histórias Assustadoras para Contar no Escuro pode parecer bem mais elaborado do que a maioria dos representantes do Terror que saem por aí – afinal, este é um belo nome para se dar a um projeto. Não é um nome genérico, curto ou sem personalidade; é um nome elaborado, marcante, como se o filme em questão fosse mais ambicioso do que boa parte de seus colegas de gênero. Isso tudo em teoria – na prática, porém, Histórias Assustadoras para Contar no Escuro não faz jus à sonoridade de seu título, entregando-se com frequência aos clichês habituais dos filmes de terror e revelando-se bobinho durante boa parte de sua projeção.

Baseado no livro homônimo de Alvin Schwartz, o roteiro de Dan Hageman e Kevin Hageman se passa em 1968 e se concentra no povoado de Mill Valley, que, há algumas décadas, foi assombrado pelos segredos guardados pela jovem Sarah Bellows em um livro de “histórias assustadoras”. Anos depois, quando a família Bellows já desapareceu e o casarão que a abrigava virou um território abandonado, um grupo de adolescentes liderado por Stella Nicholls resolve sair em plena noite de Halloween e invadir a mansão dos Bellows a fim de investigar a maldição lançada em Mill Valley, encontrando o livro de Sarah no meio das ruínas. O que os adolescentes não esperavam, no entanto, era que as histórias contidas naquelas páginas se tornariam reais, transformando os personagens nas vítimas de cada um dos monstros imaginados por Sarah.

Não é a mais original das premissas, é verdade, mas ao menos permite que o diretor André Øvredal (Trollhunter A Autópsia) desenvolva um clima de terror eficiente, seguindo de perto a personalidade juvenil dos protagonistas e soando divertidamente ingênuo em alguns momentos. Aliás, em seus instantes mais inspirados, Øvredal mostra-se capaz de criar sequências genuinamente eficazes e que flertam com o pesadelo, como aquela em que um dos garotos se vê preso no meio de diversos corredores enquanto a bizarra “Moça Pálida” aos poucos vai se aproximando – e o fato de ser inteiramente dominada pelo vermelho ajuda a tornar a cena ainda mais incômoda, já que trata-se de uma cor tipicamente associada ao perigo. Outro momento que se destaca é aquele em que uma adolescente tenta espremer uma “espinha” e… bem, é melhor que vocês descubram por conta própria.

O problema é que, para cada sequência construída com cuidado e eficiência, Histórias Assustadoras para Contar no Escuro parece fazer questão de incluir outra simplesmente constrangedora, como aquela em que, após tentar destruir o livro escrito por Sarah e fracassar no processo, um dos protagonistas começa a pisar no material enquanto grita uma frase terrivelmente estúpida. Além disso, chega um momento onde Øvredal resolve se entregar aos jumpscares e aos sustos fáceis, obtendo maus resultados especialmente na (longuíssima) cena que envolve um rapaz tentando se esconder debaixo de uma cama. O ritmo da narrativa, por sinal, também não é dos melhores, já que Øvredal falha em injetar energia na maneira como conduz a história e faz com que esta soe monótona em diversas ocasiões. Como se não bastasse, o roteiro ainda perde tempo com situações que, honestamente, poderiam ser descartadas sem que houvesse prejuízo algum – e toda a sequência ambientada em um hospital, por exemplo, serve apenas para que o filme crie uma piadinha boba envolvendo o “Redrum” de O Iluminado.

Buscando resgatar o espírito dos anos 1960 ao trazer de volta as roupas, os carros e os penteados usados naquela época e ao apelar constantemente para a imagem de Richard Nixon exibida em tevês de tubo – ainda que, a rigor, o fato de ser ambientado naquela década não faça a menor diferença para o filme, o que é uma pena –, Histórias Assustadoras para Contar no Escuro ao menos acerta nos designs de cada criatura que surge ao longo da narrativa, fazendo jus ao nome de Guillermo del Toro entre os produtores: é interessante, por exemplo, como cada monstro conta com uma personalidade própria, desde o espantalho em decomposição no meio do milharal até a disforme “Moça Pálida” que se multiplica nos corredores de um hospital psiquiátrico. Em contrapartida, a computação gráfica empregada na criação do “Homem Raivoso” é decepcionante, soando artificial e borrachuda como se tivesse saído de um videogame datado.

Enfraquecido também pela trilha sonora de Marco Beltrami e Anna Drubich, que tenta construir tensão de maneira sempre óbvia e escandalosa (até quando a música desaparece subitamente, o objetivo é justamente que notemos o seu sumiço, para antevermos o susto que virá a seguir), Histórias Assustadoras para Contar no Escuro ainda traz um desfecho tolo e sentimental que faz o espectador sair do cinema com um gosto amargo na boca. E isso é uma pena, já que o filme como um todo poderia se tornar um clássico instantâneo caso mantivesse o nível de seus melhores momentos.

Mais para explorar

Gladiador II | Crítica

Mesmo contado com momentos divertidos e ideias interessantes aqui e ali, estas quase sempre terminam sobrecarregadas pelo tanto de elementos simplesmente recauchutados do original – mas sem jamais atingirem a mesma força.

Ainda Estou Aqui | Crítica

Machuca como uma ferida que se abriu de repente, sem sabermos exatamente de onde veio ou o que a provocou, e cujo sofrimento continua a se prolongar por décadas sem jamais cicatrizar.

Wicked | Crítica

Me surpreendeu ao revelar detalhes sobre o passado das personagens de O Mágico de Oz que eu sinceramente não esperava que valessem a pena descobrir, enriquecendo a obra original em vez de enfraquecê-la.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *