Homem-Formiga (1)

Título Original

Ant-Man

Lançamento

16 de julho de 2015

Direção

Peyton Reed

Roteiro

Edgar Wright, Paul Rudd, Joe Cornish e Adam McKay

Elenco

Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Corey Stoll, Bobby Cannavale, Michael Peña, Tip “T.I.” Harris, Anthony Mackie, Wood Harris, Judy Greer e David Dastmalchian

Duração

117 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Kevin Feige

Distribuidor

Disney

Sinopse

Dr. Hank Pym (Michael Douglas) é o inventor da fórmula/ traje que permite o encolhimento. Anos depois da descoberta, precisa impedir que seu ex-pupilo Darren Cross (Corey Stoll) consiga replicar o feito e vender a tecnologia para HYDRA. Dr. Pym escolhe o trambiqueiro Scott Lang (Paul Rudd) à usar o traje do Homem-Formiga. Lang, que acabou de sair da prisão e está com dificuldade de achar um trabalho honesto, aceita.

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Homem-Formiga | Crítica

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Se tivesse sido lançado no final dos anos 2000, quando o Universo Cinematográfico da Marvel ainda dava seus primeiros passos, Homem-Formiga poderia ter sido uma das obras mais inventivas que seu subgênero (o dos super-heróis) já rendeu. Afinal, o modo com que reconhece a tolice de sua própria premissa e se inspira na estrutura narrativa do subgênero “heist movies” (ou “filmes de assalto”) é, por si só, interessante. No entanto, o fato de ter vindo depois de três Homem de Ferro, dois Thor, dois Capitão América, dois Vingadores, um (ou, ok, dois) Hulk e um Guardiões da Galáxia automaticamente reduz Homem-Formiga a uma experiência intercambiável, que pouco se diferencia do que já nos acostumamos a ver (por mais divertido e simpático que seja).

Na trama, o ex-presidiário Scott Lang não consegue manter uma vida estável como trabalhador e é constantemente demitido em função da memória que as pessoas têm de seu passado como ladrão. Prestes a perder a permissão de ver a filha, porém, Lang é chamado pelo cientista Hank Pym para uma missão, no mínimo, inusitada: vestir um uniforme que lhe permite encolher e controlar formigas, invadir em sigilo a corporação do vilão Darren Cross e roubar o projeto intitulado “Jaqueta Amarela”, capaz de… bem, fazer as pessoas encolherem. Para isso, Scott contará com a ajuda dos amigos Luis, Kurt e Dave e de Hope, filha de Hank.

Apostando na mesma estratégia que tornou Guardiões da Galáxia um sucesso instantâneo (reconhecer o absurdo de sua premissa e abraçá-lo através do humor), Homem-Formiga é uma obra obviamente consciente de sua própria tolice, não demonstrando vergonha alguma ao brincar com a ideia de um herói que encolhe e controla insetos. No entanto, além de criar situações divertidíssimas a partir da figura de seu protagonista (como a que envolve um monte de brinquedos crescendo e diminuindo no quarto de uma menina), o filme se destaca também ao se concentrar no trio de amigos ex-criminosos de Scott, que, “liderados” por Michael Peña, provocam o riso na maioria de suas tiradas.

Equilibrando-se bem entre a leveza e o peso dramático, o carismático Paul Rudd (lembrado – entre outros papeis – como o Mike de Friends) cria, junto ao roteiro, um personagem verossímil e cujos dilemas que enfrenta o transformam num dos super-heróis mais humanos já vistos em adaptações de quadrinhos, ao mesmo tempo em que o ótimo timming cômico de Rudd faz com que Scott Lang ainda seja adoravelmente ambíguo, pois é capaz de manter irreverência mesmo com a vida difícil que carrega. E, se Michael Douglas surge excelente como um mentor que carrega o peso de um passado sombrio, Evangeline Lilly se esforça para transformar Hope numa personagem memorável, mas acaba sabotada pelo roteiro, ao passo que Corey Stoll encarna um dos vilões menos interessantes de todos os filmes da Marvel, apresentando-se como uma variação genérica do Obadiah Stane de Homem de Ferro.

Ainda assim, o que realmente torna Homem-Formiga problemático é mesmo sua inconsistência (provavelmente motivada pela produção conturbada que o projeto enfrentou, demitindo o diretor Edgar Wright e contratando de última hora o inexpressivo Peyton Reed): saindo-se bem ao se concentrar na comédia, mas falhando miseravelmente ao enfocar a maioria dos dramas mais pesados dos personagens, o longa mostra-se lento e perdido em sua primeira metade, como se custasse a encontrar o caminho certo para a narrativa. Como se não bastasse, o roteiro escrito por Wright, Adam McKay, Joe Cornish e pelo próprio Paul Rudd não economiza em diálogos expositivos, soando forçado, em particular, ao desenvolver os conflitos entre Hope e Hank.

Mas não é só: desesperado em incluir o maior número de referências a outros projetos da Marvel que já foram ou que ainda virão, numa clara tentativa de agradar ao fã sem que isto favoreça a narrativa de forma alguma (algo que costumam chamar de fan-service), Homem-Formiga acaba parecendo mais uma preparação para, digamos, Capitão América 3: Guerra Civil (do qual o protagonista fará parte) do que um filme que funcione por conta própria – um erro também cometido por Homem de Ferro 2 e Vingadores: Era de Ultron. Assim, no processo, a impressão que temos é a de estarmos assistindo não a uma obra, mas a uma peça pequena de um conjunto maior, chegando a incluir uma participação-extra de outro personagem da Marvel (não direi quem é) que soa aleatória e dispensável.

Por outro lado, o contraponto que o filme faz à grandeza de outros longas de super-heróis recentes é curioso: se Era de Ultron trazia seus heróis lutando contra um vilão cujo plano envolvia transformar uma cidade inteira em um meteoro, o clímax de Homem-Formiga se passa basicamente… num trenzinho de brinquedo no meio do quarto de uma criança. Além disso, a produção é hábil ao representar a vastidão do mundo como conhecemos diante dos olhos do diminuto Scott Lang, nos fazendo entender a vertigem e a imensidão que ambientes comuns assumem quando comparados a uma criatura tão pequena – e as sequências de ação, claro, tornam-se mais interessantes em função desta abordagem.

Esquecível e possivelmente frustrante para quem for ao cinema esperando um novo Guardiões da Galáxia, Homem-Formiga tampouco é uma decepção. E, considerando que se trata de um super-herói que diminui e conta com a ajuda de formigas para ajudá-lo a salvar o mundo, acredito que saímos no lucro por assistir a um filme simpático e divertido.

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