Bad Boys 3 (1)

Título Original

Bad Boys for Life

Lançamento

30 de janeiro de 2020

Direção

Adil El Arbi e Bilall Fallah

Roteiro

Chris Bremner, Peter Craig e Joe Carnahan

Elenco

Will Smith, Martin Lawrence, Vanessa Hudgens, Paola Núñez, Jacob Scipio, Joe Pantoliano, Theresa Randle, Alexander Ludwig, Charles Melton, Kate del Castillo, Nicky Jam, Jamie Neumann, Massi Furlan, Dennis Green, Bianca Bethune, Michael Bay e DJ Khaled

Duração

124 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Will Smith, Jerry Bruckheimer e Doug Belgrad

Distribuidor

Sony Pictures

Sinopse

Terceiro episódio das histórias dos policiais Burnett (Martin Lawrence) e Lowrey (Will Smith), que devem encontrar e prender os mais perigosos traficantes de drogas da cidade.

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Bad Boys para Sempre | Crítica

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Não sou fã de Bad Boys, filme que marcou a estreia de Michael Bay na direção e que ajudou a mostrar para o mundo como Will Smith tinha tudo para se tornar um astro de ação. Apesar de gostar da forma direta como Bay fetichizava a ação em prol do entretenimento e de achar que a interação entre Smith e Martin Lawrence rendia momentos moderadamente divertidos (remetendo, é claro, à dinâmica entre Mel Gibson e Danny Glover na série Máquina Mortífera), confesso que não via muita graça nas frequentes – e desesperadas – tentativas de humor daquele longa, que, para piorar, cometia o erro de estender uma trama relativamente simples até que atingisse duras cansativas horas de projeção. Mas nada que não pudesse piorar em Bad Boys 2, que, lançado oito anos depois, investia em um humor ainda mais irritante e arrastava uma historinha básica ao longo de inacreditáveis 147 minutos.

E não é de se espantar, portanto, que o melhor capítulo da franquia seja justamente este Bad Boys Para Sempre, já que, desta vez, Michael Bay decidiu limitar sua participação a uma breve aparição especial e ceder a direção a uma dupla de cineastas um pouco mais eficientes – ao menos, aqui.

Dirigido pelos belgas Adil El Arbi e Bilall Fallah, Bad Boys 3 volta a se concentrar nos policiais Mike Lowery e Marcus Burnett quase vinte anos depois da última vez em que os vimos – e que eu ainda tenha que pesquisar seus nomes no Google em vez de tê-los memorizado é um indício de como a série realmente não havia me conquistado. Agora, no entanto, Marcus virou avô de uma pequena garotinha e, depois de ver Mike ser brutalmente atacado e quase perder a vida, resolve largar de vez a violenta rotina de policial; o que, por outro lado, se opõe às vontades particulares de seu parceiro, que pretende buscar os criminosos que tentaram matá-lo e lhes conceder o “troco” devido. O que nenhum dos dois policiais esperava, porém, é os tais criminosos seriam ninguém menos que os mesmos traficantes mexicanos que há muito cruzaram seus caminhos com o de Mike, tornando a missão ainda mais pessoal do que já estava. (Sim, mais uma vez, os mexicanos são retratados como vilões de uma narrativa hollywoodiana – embora não sejam submetidos a uma abordagem odiosa como a de Rambo 5, vale apontar).

Dito isso, Bad Boys 3 surpreende ao propor conflitos dramáticos mais ambiciosos do que costumamos esperar de uma produção como esta – e, embora alguns destes se convertam em sequências mais melosas que o necessário, o fato é que a maioria funciona bem, trazendo nuances inesperadas a personagens que achávamos que não tinham mais nada a oferecer. Assim, se a dinâmica entre Will Smith e Martin Lawrence se mostra eficiente de um ponto de vista humorístico, o mesmo pode ser dito sobre a forma como o filme estabelece as jornadas particulares de Mike e Marcus: o primeiro sempre foi um sujeito narcisista, egocêntrico e convencido de sua infalibilidade, o que torna ainda mais impactante a revelação para ele mesmo de que sua vida pode ser (e é), mas não a ponto de anular sua própria irresponsabilidade ao buscar vingança só para se provar indestrutível; já o segundo é agora um avô que, cansado de todas as batalhas que travou ao longo da vida, chegou a uma idade na qual a proximidade da morte ajudou a deixá-lo mais sensível (e sua luta para evitar quaisquer práticas violentas é, além de engraçada, tematicamente curiosa).

Ainda assim, um dos aspectos mais esperamos de um filme como Bad Boys 3 é mesmo suas cenas de ação – e, neste sentido, Adil El Arbi e Bilall Fallah se saem particularmente bem ao criarem sequências que pegam emprestadas algumas marcas registradas do estilo visual de Michael Bay (o forte contraste entre azul marinho e cores quentes; as explosões em câmera lenta; os travellings circulares; os planos-detalhe de armas ou de objetos se quebrando; etc), mas que também apresentam uma identidade própria (há alguns planos que buscam formas novas de imprimir energia e dinamismo, como aquele que mostra uma ação paralela em dois andares de um mesmo prédio e que é invertido para a vertical justamente para aproveitar cada centímetro da proporção widescreen). Além disso, a dupla é bem-sucedida em boa parte de seus esforços cômicos, criando piadas que funcionam por serem absurdas (a minha favorita é a que traz Mike e Marcus de costas para um carro depois de ouvirem este sendo esmagado por algo e tentando adivinhar o que foi este “algo” – quando nós, como espectadores, sabemos que foi alguém).

Infelizmente, há problemas habituais na série Bad Boys que, pelo visto, jamais serão solucionados – e o mais óbvio deles diz respeito à duração de cada filme: depois de se manter divertido e dinâmico por cerca de uma hora e meia (chegando, inclusive, a uma sequência de perseguição que funcionaria perfeitamente como um clímax para a narrativa), este terceiro capítulo faz questão de se alongar por mais 40 minutos, tornando-se um pouco cansativo. Como se não bastasse, este inchaço ainda obriga os roteiristas a procurarem algo que justifique tanto tempo a mais de projeção – e os esforços desta procura são tolos até demais, dependendo de situações terrivelmente novelescas e que são dirigidas por Adil El Arbi e Bilall Fallah de modo excessivamente meloso, revelando-se cafonas no processo (ainda que o filme tente antecipar isso ao trazer Marcus assistindo a uma telenovela mexicana em dado momento).

Ocasionalmente desperdiçando algum conceito que parecia promissor (a ideia de trazer uma força tarefa composta por soldados mais jovens até seria interessante caso os personagens em questão não ganhassem tão pouco tempo de tempo), Bad Boys Para Sempre é daqueles filmes que divertem enquanto estão sendo exibidos, mas dos quais começamos a nos esquecer assim que saímos do cinema. Em contrapartida, ao contrário do que havia acontecido nos dois capítulos anteriores, agora fui convencido de que Mike e Marcus talvez sejam personagens interessantes o bastante para visitá-los mais uma vez – o que já é um avanço.

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