Alien Covenant (1)

Título Original

Alien: Covenant

Lançamento

11 de maio de 2017

Direção

Ridley Scott

Roteiro

John Logan e Dante Harper

Elenco

Michael Fassbender, Katherine Waterson, Billy Crudup, Danny McBride, Demián Bichir, Carmen Ejogo, Amy Seimitz, Jussie Smollet, Callie Hernandez, Nathaniel Dean, Alexander England, Benjamin Rigby e James Franco

Duração

123 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Ridley Scott, Mark Huffam, Michael Schaefer, David Giler e Walter Hill

Distribuidor

Fox

Sinopse

2104. Viajando pela galáxia, a nave colonizadora Covenant tem por objetivo chegar ao planeta Origae-6, bem distante da Terra. Um acidente cósmico antes de chegar ao seu destino faz com que Walter (Michael Fassbender), o andróide a bordo da espaçonave, seja obrigado a despertar os 17 tripulantes da missão. Logo Oram (Billy Crudup) precisa assumir o posto de capitão, devido a um acidente ocorrido no momento em que todos são despertos. Em meio aos necessários consertos, eles descobrem que nas proximidades há um planeta desconhecido, que abrigaria as condições necessárias para abrigar vida humana. Oram e sua equipe decidem ir ao local para investigá-lo, considerando até mesmo a possibilidade de deixar de lado a viagem até Origae-6 e se estabelecer por lá. Só que, ao chegar, eles rapidamente descobrem que o planeta abriga seres mortais.

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Alien: Covenant | Crítica

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Quando escrevi sobre Perdido em Marte, há cerca de um ano e meio, afirmei que aquele bom filme poderia representar o início de uma fase na qual o diretor Ridley Scott recuperaria gradativamente o talento que, no passado, deu origem a obras excepcionais como Alien – O Oitavo PassageiroBlade RunnerOs Duelistas Thelma & Louise. Mesmo sem chegar aos pés dos melhores projetos do cineasta, aquele longa estrelado por Matt Damon era consideravelmente melhor do que as porcarias que Scott vinha lançando na última década, como Robin HoodO Conselheiro do Crime e, claro, Prometheus (uma das grandes decepções de 2012).

Depois de conferir Alien: Covenant, porém, a impressão que fica é de que Perdido em Marte foi mesmo um ponto fora da curva e que nada restou do bom e velho realizador.

Roteirizado por John Logan (Gladiador) e pelo novato Dante Harper, o novo capítulo da franquia que catapultou Scott se passa aproximadamente dez anos depois de Prometheus (ou seja: um bom tempo antes de Alien – O Oitavo Passageiro). Na trama, a tripulação da nave Covenant (composta por Daniels, pelo androide Walter e por outras figuras esquecíveis) descobre um planeta biologicamente similar à Terra e decide pousar em sua superfície para averiguar se algo habita o lugar. A partir daí, os personagens passam a ser atacados por criaturas que posteriormente vêm a se relacionar com o icônico xenomorfo que já faz parte da franquia desde seus primórdios, contando também com outra ameaça que prefiro manter em sigilo.

Sem jamais demonstrar qualquer traço do brilhantismo que transformou Alien – O Oitavo Passageiro numa experiência intensa e amedrontadora, Ridley Scott retorna ao universo que criou como se estivesse interessado em destruí-lo (aliás, agora que parei para pensar, será que as ações dos Engenheiros em Prometheus são uma metáfora para as reais intenções do diretor?). Se antes o cineasta levava o espectador a se sentir na pele dos tripulantes que viam com pavor um monstro sair do peito do colega vivido por John Hurt, aqui Scott realiza um trabalho digno dos genéricos que se inspiraram em sua obra original – o que é inaceitável considerando que estamos falando sobre um veterano. Além disso, existem diversos momentos que se esforçam para provocar tensão, mas que acabam se tornando hilários graças à péssima idealização: a cena na qual um dos aliens faz sua primeira vítima, por exemplo, traz uma personagem fazendo uma série de idiotices incessantes e inacreditáveis.

O mesmo pode ser dito a respeito das sequências de ação, que são registradas através de movimentos de câmera frenéticos e cortes excessivos que sempre sacrificam a compreensão do espectador. E se a trilha sonora de Jed Kurzel chama a atenção apenas quando remete às composições originalmente compostas por Jerry Goldsmith, o diretor de fotografia Dariusz Wolski decepciona ao investir num filtro cinzento que remove qualquer traço de expressividade que poderia haver no longa, o que resulta num desempenho aborrecido e cansativo. Já o designer de produção Chris Seagers, por sua vez, não vai muito além daquilo que já podemos esperar de um filme da série Alien, dando origem à espaçonave Covenant de forma razoavelmente eficaz e imaginando arquiteturas interessantes aqui e ali. Por outro lado, os efeitos visuais (que, em Prometheus, eram um espetáculo à parte) soam irregulares e se tornam constrangedores ao conceberem o xenomorfo, que surge como uma criação digital pavorosa e inferior à fisicalidade prática que podia ser observada em Aliens – O Resgate.

De todo modo, o fator responsável pelo fracasso de Alien: Covenant é mesmo o roteiro de John Logan e Dante Harper, que tropeça desde os minutos iniciais ao trazer um indivíduo sofrendo gravemente; como se o público, que acaba de entrar na sala de cinema e mal sabe o nome da vítima, realmente fosse se importar com o destino trágico do sujeito. Diga-se de passagem, a galeria de personagens é uma verdadeira frustração – e ouso dizer que, perto dos tripulantes da Covenant, os aventureiros de Kong: A Ilha da Caveira são tão complexos quanto os membros da famíliaCorleone. O mais engraçado, no entanto, é que os roteiristas percebem este problema e tomam soluções absolutamente preguiçosas quando tentam contorná-lo, incluindo duas ou três frases aleatórias sobre John Denver ou O Fantasma da Ópera como se isso fosse o bastante para estabelecer uma dinâmica entre os personagens.

Não há praticamente nada a ser dito sobre os heróis de Alien: Covenant, que se resumem a figuras menos profundas do que um pires: a heroína interpretada por Katherine Waterson não faz nada além de chorar de vez em quando (e quando filme chega ao fim tentando transformá-la numa nova Ripley, o espectador se sente incapaz de aceitá-la por não ter acompanhado uma jornada engajante da personagem); o capitão vivido por Billy Crudup é um líder insuportavelmente chato; James Franco é desperdiçado logo nos cinco primeiros minutos da projeção; e Michael Fassbender – um ator cujo de talento inquestionável – estrela o seu terceiro desastre em menos de um ano (os dois anteriores foram X-Men: Apocalipse e Assassin’s Creed).

Fassbender, inclusive, se esforça para realizar um trabalho competente e conta com o arco dramático mais profundo da obra pertence a ele – o que não quer dizer muita coisa (e é importante avisar que os próximos parágrafos conterão SPOILERS). Antes de falar sobre os androides Walter e David, é bom lembrar que Prometheus apresentava o personagem de Michael Fassbender como um conceito interessante, prometendo discussões intrigantes a respeito de uma criação que sonha em criar (refletindo a dinâmica entre o Criador e o Homem). Infelizmente, esse potencial era deixado de lado aos poucos, transformando David numa figura terrivelmente rasa. Em Alien: Covenant, porém, descobrimos que aquele androide finalmente conquistou seu objetivo, tornando-se responsável pela origem do xenomorfo.

Ok, a discussão entorno de uma criação buscando criar – que, por sua vez, também pode repetir os passos de seu “antepassado” – pode até ser instigante. O que o longa não parece compreender, porém, é que não adianta ter uma boa ideia se esta será desenvolvida de maneira medíocre; e se Prometheus simplesmente abandonava o potencial entorno do conceito de David, Alien: Covenant se contenta em atirar um diálogo superficial aqui e outro ali, além de estabelecer que o androide tem a vontade de se tornar também um Criador apenas por estar insatisfeito com o homem que o programou. De onde vem essa insatisfação, eu não faço a menor ideia. Mas não é só: qual a necessidade de revelar (mais uma vez) como aquelas criaturas apavorantes foram concebidos? De minha parte, digo que nunca fiquei curioso para saber como os monstros foram criados – e mais: o final de Prometheus já trazia uma criatura bem parecida com o xenomorfo; bastava que ela evoluísse o bastante e culminasse no ícone da série Alien.

Mais uma vez: era preciso desenvolver não uma, mas duas possíveis origens?

(Fim dos SPOILERS.)

Recheado de diálogos estúpidos (“Você sentiu este cheiro?“; “Cheiro de que?“; “De nada.“) e decisões igualmente idiotas que são tomadas por personagens que não deveriam sequer estar numa missão espacial, Alien: Covenant ainda é prejudicado pela estrutura problemática de seu roteiro, que não consegue sequer estabelecer um desencadeamento lógico para as situações que vão surgindo no decorrer da narrativa (o que pode ser constatado no terceiro ato, que traz nada menos que dois finais). Independente de todos esses pecados, há um aspecto que compromete definitivamente o roteiro: quando Prometheus chegou ao fim, diversas questões foram deixadas sem respostas, deixando a promessa de que todas aquelas perguntas seriam solucionadas numa continuação. Isto não acontece em Alien: Covenant, que passa por cima de todas essas dúvidas e consolida o longa de 2012 como uma obra incompleta.

Tedioso ao apostar em fórmulas batidas e em soluções que já foram repetidas exaustivamente ao longo dos capítulos anteriores, Alien: Covenant serve apenas para reiterar o que já era latente há pelo menos 20 anos, quando A Ressurreição foi lançado e deixou claro que a franquia não tinha mais novidades a oferecer. Após quatro tentativas fracassadas de retomar Aliennos cinemas (seis, se considerarmos Alien vs Predador 1 e 2), talvez já seja a hora da série se aposentar de vez das telonas. Ainda assim, há duas alternativas viáveis: A) o projeto dirigido por Neill Bloomkamp é ressuscitado; ou B) James Cameron é chamado para revisitar o universo do xenomorfo.

Para que não me acusem de ter detestado tudo em Alien: Covenant, devo dizer que há um instante que Ridley Scottconstrói com eficácia: aquele que envolve um casal tomando banho e que conta com uma quantidade de sangue, nudez e sadismo que me fez lembrar dos filmes de terror descompromissados dos anos 1980.

O que, de qualquer forma, está longe de ser o suficiente para salvar este desastre.

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