John Wick 2

Título Original

John Wick: Chapter Two

Lançamento

16 de fevereiro de 2017

Direção

Chad Stahelski

Roteiro

Derek Kolstad

Elenco

Keanu Reeves, Riccardo Scamarcio, Common, Ruby Rose, John Leguizamo, Claudia Gerini, Laurence Fisburne, Ian McShane, Peter Stormare, Peter Serafinowicz, Thomas Sadoski, David Patrick Kelly e Franco Nero

Duração

122 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Basil Iwanyk e Erica Lee

Distribuidor

Paris Filmes

Sinopse

Após recuperar seu carro, John Wick (Keanu Reeves) acredita que enfim poderá se aposentar. Entretanto, a reaparição de Santino D’Antonio (Riccardo Scarmacio) atrapalha seus planos. Dono de uma promissória em nome de Wick, por ele usada para deixar o posto de assassino profissional da Alta Cúpula, Santino cobra a dívida existente e insiste para que ele mate sua própria irmã, Gianna (Claudia Gerini).

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John Wick: Um Novo Dia para Matar | Crítica

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Lançada em 2014 sob a direção de Chad Stahelski (e do não creditado David Leitch), De Volta ao Jogo era uma obra divertida que não demonstrava qualquer interesse em ser relevante ou complexa do ponto de vista temático, concentrando-se bem mais no prazer e na empolgação que suas sequências de ação poderiam causar (e estas eram coordenadas com cautela, permitindo sempre que o espectador compreendesse com detalhes o que estava ocorrendo). Além disso, Keanu Reeves era surpreendentemente eficaz como um brucutu silencioso e intimidador, compondo um personagem cuja personalidade não era revelada através de diálogos ou atitudes específicas, mas através dos bons e velhos socos e tiros – tudo isso em meio a um roteiro narrativamente tolo e repleto de frases de efeito, mas que funcionava dentro do que o projeto se propunha a ser: um filme de ação escapista e descerebrado.

Felizmente, todos os atributos responsáveis pelo sucesso daquele longa estão de volta – e aprimorados – nesta continuação: novamente comandado por Chad Stahelski (desta vez sem a colaboração de David Leitch, que também foi diretor de segunda unidade em Capitão América: Guerra Civil), Um Novo Dia para Matar começa de onde o primeiro terminou e traz o assassino John Wick recuperando o carro que lhe foi roubado; numa ação que, claro, deixa inúmeros mortos. Depois disso, quando ele enfim pensa que se livrou do mundo do crime, o personagem central é forçado a ir para Roma e matar Gianna D’Antonio com o objetivo de entregar a liderança da máfia italiana ao irmão da vítima, Santino.

Seguro na maneira como alterna entre cenas de ação estilosas e alívios cômicos que sempre são bem-sucedidos, John Wick 2 exibe um senso de humor curioso desde seus segundos iniciais, quando imagens de Buster Keaton em Bancando o Águia são projetadas na fachada de um prédio e levam o público a ter certeza de que está prestes a ver um espetáculo no qual a fisicalidade será um elemento crucial. Da mesma forma, o filme é hábil ao criar situações engraçadas como o cachorro que fica eternamente sentado em frente ao balcão de um hotel, o tiroteio silencioso que ocorre dentro de uma estação de metrô e o sorrisinho tímido que um capanga dá para Wick depois que este invariavelmente o condena à morte. Para completar, o roteiro de Derek Kolstad reconhece os prováveis clichês que surgirão ao longo da narrativa e faz questão de brincar com a natureza descerebrada deles, saindo-se bem, por exemplo, ao trazer dois personagens que resolvem interromper momentaneamente uma briga feroz para interagir de forma mais disciplinada.

E já que mencionei a palavra “fisicalidade” no parágrafo anterior, aqui volto à questão para confirmar que, de fato, Um Novo Dia para Matar está à altura daquilo que é prometido nos primeiros segundos da projeção: desde a cena de ação que inicia a narrativa até aquela que a encerra, as lutas contam com coreografias complexas e que certamente exigiram muitas horas de treino; e graças à direção competente de Chad Stahelski, os combates são sempre registrados através de cortes e movimentos de câmera que soam ágeis e dinâmicos sem que sacrifiquem a compreensão do espectador acerca do que está acontecendo. Além do mais, Stahelski repete a estrutura de video game utilizada no primeiro filme e acerta ao caracterizar cada sequência de ação como se fosse uma “fase” a ser completada – e é admirável que cada uma delas conte com abordagens estéticas atraentes: uma se passa num show repleto de luzes e cores; outra é ambientada nos becos do Coliseu; mais à frente, há um confronto ocorrido dentro do vagão apertado de um metrô; e, por fim, o clímax coloca o herói numa sala completamente espelhada.

Divertindo-se ao retratar o quão classudo pode ser o universo dos assassinos (há uma cena onde o protagonista escolhe suas armas da mesma forma como escolheria vestimentas e relógios chiques), John Wick 2 é fortalecido também pela ótima fotografia de Dan Laustsen, que cria imagens belíssimas como a que traz Wick atravessando uma rua e o memorável plano que envolve uma piscina dominada por sangue (vocês a reconhecerão). Já Keanu Reeves se prova mais uma vez como um brucutu eficiente e que funciona quase que como um super-herói, destacando-se ainda mais graças à sua entrega física ao papel (desta vez, inclusive, não existem momentos que tropeçam ao exigir demais de Reeves como ator dramático – como a cena onde ele chorava artificialmente no primeiro filme). Por outro lado, a tão aguardada participação de Laurence Fishburne (recém-saído de Passageiros, cuja ruindade dispensa maiores comentários) representa um dos poucos desapontamentos da produção, surgindo somente no terceiro ato apenas como um artifício surgido convenientemente para ajudar o personagem-título em determinado impasse.

Pecando também ao usar e abusar de frases de efeito que, às vezes, soam mais tolas do que precisavam (mesmo levando em conta a proposta absurda do roteiro), John Wick: Um Novo Dia para Matar é estiloso, divertido e se consolida como mais um acerto de uma franquia que vem se mostrando cada vez mais eficaz, encerrando-se com um cliffhanger perfeito que gera, no espectador, o impulso quase incontrolável de assistir imediatamente ao próximo filme.

E admito que estou ansioso para conferir John Wick: Chapter Three desde já.

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