Saí deste filme com a mesma sensação que tive no último Ghostbusters: Mais Além: “reverência” e “solenidade” são duas palavras que simplesmente não casam em uma série que desde o início sempre foi marcada pela irreverência e pela autoconsciência satírica.
Batizado apenas de Pânico (sem a numeração ao final do título) mesmo se tratando de uma continuação direta dos filmes anteriores (exatamente como os últimos Halloween e A Lenda de Candyman fizeram), este quinto capítulo / sinopse
E é aí que mora a diferença: ao contrário de obras como O Despertar da Força, Jurassic World, Caça-Fantasmas: Mais Além e uma penca de outras que me fogem à memória agora (de novo: são muitas), Pânico 4 não encara a nostalgia como um fim em si próprio – e, por mais que seja legal reencontrar Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette, a maneira como Wes Craven e o roteirista Kevin Williamson (que volta à franquia após ausentar-se em Pânico 3) retratam estes retornos passa longe de qualquer “solenidade”: não há, por exemplo, um travelling se aproximando de certo personagem de costas enquanto uma trilha emotiva vai subindo a fim de criar uma expectativa sobre quem é aquela pessoa (e nos levar à catarse quando ela finalmente se virar para confirmarmos, entusiasmados, “Ah, é [fulana que eu conheço e adoro]!”).
Fazendo exatamente tudo aquilo que Pânico 4 já tinha feito e muito melhor (usar a passagem do tempo para retornar ao primeiro filme, desta vez, sim, como farsa), como se não percebesse que tudo aquilo que (acha que) propõe já foi proposto no passado.
Nessa ânsia de fazer um “filme de fã” repetindo ponto a ponto tudo que o primeiro fazia, o novo Pânico não percebe que está tornando-se um requel emocionadinho como qualquer outro (á là O Despertar da Força) / e até a inevitável morte ocorre com o personagem mais “fácil”, esperável a se matar.
Nesse sentido, a tal “autorreferência” é reduzida da forma mais patética possível, naquela jogada deadpooliana de os personagens simplesmente relatarem (verbal e literalmente) os clichês que estão na tela e as motivações comerciais do projeto no qual estão inseridos antes que o público possa apontá-las (sabe aquela estratégia do “Eu vou me sacanear primeiro para que os outros não tenham mais moral para me sacanear”?). Basta ver como o discursinho sobre “cultura de fãs” é trabalhado de forma besta em DUAS cenas.
Limando tudo aquilo que tornou o original único (a ironia, a auto-paródia) – e, neste sentido, até a postura de Ghostface empalidece em cena, tornando-se uma variação genérica de Jason ou Michael Myers. A cena horrível da casa do moleque, brincando com a inevitabilidade de seu assassinato – a trilha sonora insuportável / Não que os diretores não criem algumas sequências interessantes como a que abre o filme (embora careça da coragem de matar a protagonista) e a que envolve
Guardando algumas homenagens (bem declaradas, aliás) a Wes Craven, Pânico 5 ainda assim soa como um “projeto de fã” cujo fã em questão parece nem ter entendido direito a obra pela qual se diz fanático – e acho que não existe indicativo maior disso quanto a ideia de se transformar Billy Loomis (o assassino vivido por Skeet Ulrich no original) num ridículo fantasminha camarada que ajudará a realizar a “passagem de bastão” da franquia.