Space Jam

Título Original

Space Jam: A New Legacy

Lançamento

15 de julho de 2021

Direção

Malcolm D. Lee

Roteiro

Juel Taylor, Tony Rettenmaier, Keenan Coogler, Terence Nance, Jesse Gordon e Celeste Ballard

Elenco

LeBron James, Cedric Joe, Don Cheadle, Sonequa Martin-Green, Khris Davis, Stephen Kankole, Jalyn Hall, Ceyair J. Wright, Harper Leigh Alexander, Ernie Johnson, Lil Rel Howery, Xosha Roquemore, Wood Harris, Sarah Silverman, Steven Yeun, Slink Johnson, Sue Bird, Draymond Green, A’ja Wilson, Michael B. Jordan e as vozes de Jeff Bergman, Eric Bauza, Zendaya, Bob Bergen, Candi Milo, Gabriel Iglesias, Fred Tatasciore, Jim Cummings, Paul Julian, Anthony Davis, Damian Lillard, Klay Thompson, Nneka Ogwumike, Diana Taurasi, Rosario Dawson, Justin Roiland e Kimberly Brooks

Duração

115 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

LeBron James, Ryan Coogler, Maverick Carter e Duncan Henderson

Distribuidor

Warner Bros. / HBO Max

Sinopse

O superastro do basquete LeBron James se junta à gangue Looney Tunes para derrotar o Goon Squad e salvar seu filho.

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Space Jam: Um Novo Legado | Crítica

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Eu sei que muitas pessoas da minha geração (que cresceram entre o final dos anos 1990 e o início dos 2000) nutrem enorme carinho por Space Jam: O Jogo do Século, filme que trouxe os Looney Tunes de volta ao cinema após mais de 30 anos (antes do advento da televisão, os episódios dos desenhos eram exibidos na tela grande e assim continuaram até meados da década de 1960) e estrelado pelo superastro do basquete Michael Jordan. De minha parte, não posso dizer que tenho “memória afetiva” por aquele longa, já que ele não teve muita presença na minha infância (o DVD não chegou até mim) – tampouco o considero ruim como os críticos e o próprio animador Chuck Jones disseram na época. Para mim, Space Jam é o que é: um comercial da NBA divertidinho protagonizado pelos Looney Tunes que sobrevive graças ao carisma destes e à eficácia do diretor Jon Pytka e dos animadores ao conseguirem combinar bem o live-action (representado pelo Jordan de carne-e-osso) e os desenhos contidos nos cenários e nos personagens ao redor do astro – numa clara influência de Uma Cilada para Roger Rabbit.

Infelizmente, são poucos os momentos em Space Jam: Um Novo Legado que chegam perto da imaginação (já limitada) do original.

Continuação tardia do filme de 1996, este novo longa parte da mesma premissa do anterior: criar uma historinha unindo o universo dos Looney Tunes e algum astro da NBA que esteja em alta no momento – e, como Michael Jordan já nos anos 1990 declarou não querer voltar à franquia, o escolhido desta vez naturalmente foi LeBron James. A maneira com que a trama é conduzida, porém, é totalmente nova – o que poderíamos considerar algo bom (por evitar cair na tentação de ser uma sequência que repete todas as batidas do original) se não fosse pelo fato de, na prática, Space Jam 2 ainda assim parecer uma repetição preguiçosa de tudo que o antecessor havia apresentado 25 anos antes e, para piorar, trazer como “novidade” exatamente o mesmo desfile de easter-eggs, referências pop e aparições de personagens famosos que Jogador Nº 1 retratou há poucos anos. Basta dizer que o grande drama da vez é que, após recusar uma oferta para ser garoto-propaganda de um serviço de streaming da Warner Bros. (hum…), LeBron James e seu filho, Dom, são “sugados” para dentro do tal aplicativo por um vilão digital chamado Al G. Rhythm (entenderam? Entenderam?) e obrigados a competir um contra o outro numa disputa mortal de basquete – e, para reunir seu time, LeBron resolve viajar pelos universos das propriedades intelectuais da Warner em busca dos maiores jogadores de basquete de todos os mundos: os Looney Tunes, claro.

A esta altura, acho que nem preciso dizer que tudo se trata de um grande comercial do catálogo da HBO Max – um interesse que o filme nem faz questão de disfarçar, levando em conta que todas as menções/aparições de outras propriedades intelectuais do estúdio são retratadas como product placement e nada mais que isso. Não, o problema de Space Jam 2 não está em ser um merchandising; está no fato de raramente o diretor Malcolm D. Lee (primo de Spike) e os roteiristas exibirem qualquer traço de imaginação ao executá-lo. Neste aspecto, o segundo ato inteiro representa uma imensa decepção de um ponto de vista puramente criativo, já que, com exceção da divertida passagem por Metrópolis, ele se resume aos Looney Tunes e à versão animada de LeBron James visitando ambientes e cenas que já vimos em outros filmes/séries, como se ver os personagens no meio da perseguição de Mad Max ou Lola Bunny no torneio das amazonas de Mulher-Maravilha, por si só, já constituísse algo engraçado ou divertido. Da mesma forma, é triste perceber que, quando chega o terceiro ato e a história tem literalmente todos os personagens da HBO Max à sua disposição, o máximo que Lee consegue imaginar é… reduzi-los à plateia do jogo de basquete que servirá de clímax (e não me perguntem por que as caracterizações daqueles personagens parecem saídas do pôster de Super-Heróis: A Liga da Injustiça).

E o pior: quando finalmente chega a hora mais esperada do filme (o clímax na disputa de basquete entre os heróis e os vilões), o resultado se apresenta como uma bagunça visual completa, já que a forma com que Malcolm D. Lee compõe a mise-en-scène se mostra incapaz de combinar a infinidade de personagens, cores, luzes de neon e objetos de cena com o mínimo de clareza – e a estratégia de filmar e montar isso seguindo a cartilha dos movimentos de câmera frenéticos e dos cortes a cada um ou dois segundos ajuda a deixar tudo ainda mais confuso visualmente. Se considerarmos que enfrentamos mais de uma hora e meia de tédio para chegarmos ao clímax (totalizando inexplicáveis 115 minutos de uma historinha que se bastaria facilmente com 70/80), o aborrecimento torna-se ainda pior.

Desperdiçando a escalação de LeBron James ao substituí-lo por um desenho animado na maior parte do tempo (se bem que, considerando a capacidade que James tem de fazer Michael Jordan parecer Marlon Brando em retrospecto, talvez eu nem devesse reclamar), Space Jam 2 tem rigorosamente um momento que quase merece ser chamado de “genial”: aquele que brinca com nossa expectativa acerca de um possível, mas improvável, retorno de Michael Jordan somente para nos surpreender com uma participação inusitada. É uma cena de pouco menos de um minuto em meio a duas horas de frustrações.

Se Space Jam, por mais irregular que fosse, despertou o interesse de uma geração inteira por basquete (até perdi a conta de quantos amigos meus decidiram treinar o esporte influenciados por aquele filme) e ajudou a manter a imagem de Michael Jordan viva no imaginário infantil daquela época, Space Jam 2 dificilmente trará qualquer impacto (positivo ou negativo) à já monumental carreira de LeBron James e provavelmente não precisará de muito tempo até cair no completo esquecimento.

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