The Mastermind (imagem do topo)

Título Original

The Mastermind

Lançamento

16 de outubro de 2025

Direção

Kelly Reichardt

Roteiro

Kelly Reichardt

Elenco

Josh O’Connor, Alana Haim, Sterling Thompson, Jasper Thompson, Hope Davis, Bill Camp, John Magaro, Gaby Hoffmann, Eli Gelb, Cole Doman, Javion Allen, Matthew Maher, Rhenzy Feliz, D.J. Stroud e Amanda Plummer

Duração

110 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA/Inglaterra

Produção

Neil Kopp, Anish Savjani e Vincent Savino

Distribuidor

Mubi

Sinopse

Massachusetts, anos 70. A Guerra do Vietnã e o início do movimento feminista dominam o pano de fundo americano. A vida de JB Mooney, um carpinteiro e chefe de família, está no marasmo. Para fazer dinheiro, ele planeja um grande roubo de obras de arte valiosas num museu. Mas lidar com o produto do roubo se revela inacreditavelmente mais complicado que o assalto em si.

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The Mastermind | Crítica

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Em 2020, o nome de Kelly Reichardt já estava no radar e já contava com certo reconhecimento, mas com a estreia de First Cow, sua obra mais celebrada, aí a cineasta foi catapultada a um novo nível. Com uma premissa simples que girava em torno de personagens gentis e delicados, o longa revelava um coração imenso ao voltar para o período da fundação da “América” (leia-se: dos Estados Unidos) e alcançava resultados tão sensíveis – e tão bons – que fiz questão de incluir o filme em minha lista dos melhores de 2021 (ele só veio a ser lançado comercialmente por aqui no ano seguinte). E é justo por isso que, confesso, saí um tanto decepcionado de The Mastermind, novo trabalho de Reichardt e que disputou a Palma de Ouro no último Festival de Cannes.

A premissa é cheia de potencial: inspirada num caso real de 1972 (quando dois quadros de Gauguins, um de Picasso e outro de Rembrandt foram roubados do Museu de Arte de Worcester), a trama acompanha J.B. Mooney, um pai de família que, nas horas vagas, se une a dois comparsas para roubarem valiosas obras de arte e fazerem um dinheiro com elas. Eis que as coisas dão errado e, do meio para o fim, o protagonista é forçado a fugir eternamente, deixando a família para trás. Em teoria, outra decisão que tinha tudo para funcionar, em The Mastermind, é a de dedicar sua primeira metade a construir (com cuidado e bom humor) o crime em si e sua segunda, a subverter as expectativas de um típico “filme de assalto”, desglamourizando as ações de Mooney ao mostrar como elas só o condenaram a uma vida de desalento, melancolia e chances desperdiçadas.

Infelizmente, não acho que desta vez Reichardt chegue a resultados particularmente interessantes a partir das boas ideias e premissas que estabelece, já que logo nos primeiros 20 minutos de The Mastermind fiquei com a estranha sensação de que o filme criava um senso de expectativa – com a trilha sonora incessante, à base de jazz agitado, e com os personagens constantemente se dirigindo de um ponto a outro como se estivessem se encaminhando para fazer algo (nem sempre estavam) – sem saber exatamente aonde esta antecipação queria chegar. Ou seja: é como se Reichardt não tivesse um propósito em mente e tentasse disfarçar a própria falta de objetivo criando um falso teor de “iminência”, como se algo estivesse prestes a acontecer.

Da mesma forma, a segunda metade do longa é uma frustração imensa: sim, a ideia de mostrar as consequências de uma vida de crimes recaindo nos ombros do ladrão (tirando de Mooney o charme que os “filmes de assalto” comuns costumam dar aos seus protagonistas e colocando, no lugar, um tédio e uma monotonia que reforçam como a vida do sujeito virou uma tortura sem fim) é interessante. No entanto, é uma pena que Reichardt (que também escreveu o roteiro, vale lembrar) raramente encontre meios inventivos/instigantes de retratar os prejuízos gerais que os crimes de Mooney lhe trouxeram, limitando-se a ficar batendo numa única tecla pelo resto da projeção sem propor algo de imaginativo ou realmente revelador sobre o ladrão e suas escolhas de vida.

Assim, The Mastermind termina como uma obra que nunca faz jus às boas ideias que tem em mente, sobrevivendo à base das presenças de Josh O’Connor e Alana Haim e de um ou outro momento divertidinho que surge de vez em quando (de minha parte, não acho o senso de humor do filme tão hilário quanto a maioria das pessoas em minha sessão pareceu achar, mas admito que a cena dos ladrões se atrapalhando na saída do museu e de Mooney tentando guardar uma obra no topo de um celeiro são engraçadinhas).

Em suma: The Mastermind não colou comigo.

Visto no Festival do Rio 2025.

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