X-Men

Título Original

X-Men

Lançamento

11 de agosto de 2000

Direção

Bryan Singer

Roteiro

David Hayter

Elenco

Hugh Jackman, Patrick Stewart, Ian McKellen, Anna Paquin, Famke Janssen, Halle Berry, Shawn Ashmore, James Marsden, Bruce Davison, Rebbeca Romijn, Tyler Mane e Ray Park

Duração

104 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Lauren Shuler Donner e Ralph Winter

Distribuidor

Fox

Sinopse

Eles são filhos do átomo superior, o próximo elo na corrente da evolução. Cada um nasceu com uma mutação genética rara, que na puberdade se manifestou em poderes extraordinários. Em um mundo cheio de ódio e preconceito, eles são temidos por aqueles que não podem aceitar suas diferenças. Liderados por Xavier, os X-Men lutam para proteger um mundo que os teme. Eles estão presos em uma batalha contra um ex-colega e amigo, Magneto, que acredita que os humanos e os mutantes não devem viver juntos.

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X-Men: O Filme | Crítica

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Mesmo antes de ganharem uma popular série animada nos anos 1990, os X-Men já prometiam invadir as telonas há um tempo – uma promessa que nem o sucesso dos Batmans de Tim Burton incentivou a tornar-se realidade. E, com o melancólico fim da quadrilogia do Homem-Morcego (com o inexplicável Batman & Robin), os grandes estúdios de Hollywood perderam suas esperanças nas adaptações de HQs. Entretanto, a Marvel insistiu e, depois de lançar o bem-sucedido Blade: O Caçador de Vampiros, motivou a 20th Century Fox a se arriscar na empreitada, concedendo ao diretor Bryan Singer (Os Suspeitos e O Aprendiz) o desafio de trazer aos mutantes à vida. O resultado veio em 2000 na forma de X-Men: O Filme, uma produção responsável não apenas por gerar continuações, prequels spin-offs, mas por promover toda a ascensão dos heróis de HQs no Cinema.

Escrito por David Hayter, o roteiro tem início com o senador conservador Robert Kelly propondo uma lei que obrigará todos os mutantes a se registrarem, tornando públicas suas habilidades num mundo em que são escorraçados pela sociedade. Após isso, saltamos para o núcleo onde a mutante de dezessete anos Marie D’Ancanto (ou Vampira), após ter acidentalmente posto seu namorado em coma, foge e conhece Logan (ou Wolverine). Depois que Ciclope e Tempestade os levam à Escola para Jovens Superdotados, a dupla é abrigada pelo líder da instituição, o professor e telepata Charles Xavier, cujo maior sonho é viver num mundo em que humanos e mutantes convivam em harmonia. Do outro lado, temos a Irmandade de Mutantes encabeçada por Magneto, um sujeito capaz de manipular metais e cujo maior desejo é ver os mutantes assumindo controle da Terra e os humanos tornando-se subservientes a eles.

Diferenciando-se de bobagens como A Volta do Incrível HulkO JusticeiroHoward: O Super-HeróiQuarteto Fantástico (poderiam ser todos, mas no caso me refiro apenas à versão de 1994), Supergirl e Batman & Robin, este X-Men traz como diretor Bryan Singer, que, homossexual assumido, retrata o preconceito contra os mutantes como uma clara alusão à homofobia, ao racismo e a outras formas de ódio a minorias que existem no mundo real. Com isso, todo o subtexto que envolve a opressão desferida pela Humanidade contra os homo superior torna-se a grande riqueza do longa – em dado momento, a Mística vira-se para o senador Kelly e, numa de suas pouquíssimas falas no filme, diz: “Graças a pessoas como você, eu tinha medo de ir à escola quando criança“.

Além disso, Singer e Hayter nos apresentam a uma série de diálogos e discussões que, até então, eram impensáveis em produções sobre super-heróis: logo nos primeiros minutos, o senador Kelly afirma que há uma garota em Illinois capaz de atravessar paredes e questiona “o que a impede de entrar num cofre, na Casa Branca ou em nossas residências?” – o que levanta um monte de indagações interessantes: como seriam as nossas vidas se seres superpoderosos vivessem entre nós? Deveríamos nos proteger ou seríamos protegidos por eles? Assim, Singer torna o preconceito contra mutantes ainda mais realista, tornando-o uma questão delicada que sempre divide opiniões.

Ao mesmo tempo, não deixa de ser interessante notar o cuidado que o roteiro e a direção tiveram ao conceber os personagens e seus arcos dramáticos – e é curioso que frequentemente os heróis apareçam manifestando real desespero e até uma certa culpa diante de suas condições, vendo-se menos como pessoas “especiais” e mais como aberrações (a Vampira, em particular, é a que mais sofre neste sentido). O melhor de tudo é constatar que, no processo, Hayter e Singer conseguiram manter um pé na realidade e fizeram de X-Men um dos filmes de heróis mais maduros e realistas já produzidos, apesar, é claro, de toda a fantasia envolvida.

Fora isso, o longa se sai igualmente bem na escalação de seu elenco e (como já dito) no desenvolvimento de seus personagens: mesmo com suas radicais diferenças físicas em relação ao original dos quadrinhos, Wolverine é o integrante mais carismático do grupo e é beneficiado por um roteiro que trata seu passado como um mistério a ser resolvido no futuro, ao passo que o australiano Hugh Jackman o retrata como um herói interessante não pelas garras de adamantium ou pelo fator de cura, mas pelo carisma que conferiu a ele – e, apesar da nítida redução de sua selvageria característica das HQs (afinal, é um filme “para a família”), Logan é sem dúvida alguma o mais divertido de todos os personagens desta produção. Já Anna Paquin cria uma Vampira com complexos conflitos internos e que sente-se culpada por ser uma mutante – e, se Halle Berry pouco tem a fazer como Tempestade (o que é uma pena), Famke Janssen concebe Jean Grey como uma mulher focada em objetivos nobres e altruístas.

Todavia, os dois pilares do filme são Charles Xavier e Erik Lehnsherr: beneficiado pelo desempenho sempre excelente de Patrick Stewart, o Professor X é um sujeito experiente, sábio e cujas motivações possuem embasamento, resultando numa interpretação verossímil do personagem – e seu sonho de ver humanos e mutantes convivendo em paz soa verdadeiro, já que o bom-caráter de Xavier é ilustrado com maestria por Stewart. Enquanto isso, Magneto torna-se um antagonista absolutamente fantástico por conta de sua ideologia complexa e de suas motivações tratadas com maturidade pelo ótimo roteiro: contando com a performance imponente do grande Ian McKellen, o Magneto deste filme não pode ser descrito exatamente como vilão, já que suas motivações estão entre as mais densas que já apresentadas por um filme de super-heróis – e a sequência inicial, que mostra parte de sua terrível infância, ajuda a colocar o espectador do lado do antagonista. A interação entre Xavier e Magneto, por sinal, funciona em função do fato de os dois jamais se verem como inimigos, mas como colegas de ideologias opostas, mas que ainda assim se respeitam.

Ainda assim, X-Men é imperfeito – e se a formação da equipe mostra-se interessante, é uma pena que os membros da Irmandade de Mutantes (fora Magneto, obviamente) soem vazios e unidimensionais (o Groxo, em especial, é ridículo). E, se a trilha sonora de Michael Kamen surge apática e genérica, desperdiçando até mesmo o icônico tema da animação dos anos 1990, o roteiro também peca ao enfraquecer o personagem de Ciclope, um líder que, aqui, não demonstra liderança alguma (um erro que nem os esforços de James Marsden conseguem corrigir).

Mas estes são defeitinhos pontuais que jamais tiram o brilho de X-Men, um longa respeitável e que torna-se ainda mais louvável por se sobressair com relação à maioria das produções hollywoodianas, dando prioridade à concepção de uma trama elaborada e de personagens multidimensionais. Por isso, a produção merece aplausos e segue importante na História dos filmes de super-heróis.

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