X-Men 2

Título Original

X2: X-Men United

Lançamento

1º de maio de 2003

Direção

Bryan Singer

Roteiro

David Hayter, Michael Dougherty e Dan Harris

Elenco

Hugh Jackman, Patrick Stewart, Brian Cox, Famke Janssen, James Marsden, Halle Berry, Alan Cumming, Ian McKellen, Shawn Ashmore, Anna Paquin, Aaron Stanford, Rebecca Romijn e Kelly Hu

Duração

134 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Lauren Shuler Donner e Ralph Winter

Distribuidor

Fox

Sinopse

Stryker, um ex-comandante perverso do exército, tem a chave para o passado de Wolverine e o futuro dos X-Men. Esta ameaça reacende a chamada para um ato de registro mutante. Stryker inicia um ataque à mansão e escola do Professor Xavier. Depois de escapar de sua cela de plástico, Magneto propõe uma parceria com Xavier e os X-Men para combater esse novo inimigo que ambos têm em comum.

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X-Men 2 | Crítica

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Depois que o excelente X-Men: O Filme revelou-se um enorme sucesso (tanto em questões comerciais quanto no que diz respeito à aceitação do público e da crítica) e abriu portas para que o subgênero “filmes de super-heróis” ressurgisse com força total, ficou evidente que a trama iniciada lá em 2000 seria continuada. Com isso, o diretor Bryan Singer e todo o elenco do filme original retornaram para a sequência. E, felizmente, os resultados desta empreitada não poderiam ter sido melhores: em vez de limitar-se a repetir o que já fora feito anteriormente, X-Men 2 segue apostando de maneira eficaz em metáforas para a intolerância contra minorias e ainda entrega sequências de ação superiores àquelas vistas três anos antes, se consolidando como o melhor exemplar da saga dos mutantes.

Novamente trazendo David Hayter, que desta vez conta também com Michael Dougherty e Dan Harris (a partir do argumento de Zak Penn e do próprio Bryan Singer), o roteiro se inspira na ótima HQ Deus Ama, o Homem Mata, de Chris Claremont e Brent Anderson, e se inicia logo após os eventos do filme anterior. Enquanto Logan decide voltar à mansão de Charles Xavier (após sair em busca de suas origens), Magneto acaba não resistindo aos métodos persuasivos do General William Stryker e lhe revela a localização da Escola para Jovens Superdotados. Decidido a usar a tecnologia do Cérebro para localizar todos os mutantes do mundo e aniquilá-los, o militar cria uma situação que obriga os X-Men a se aliarem a Magneto e Mística para impedir a execução de tal plano – e, ao mesmo tempo, descobrimos que Stryker possui uma forte ligação com o nebuloso passado de Wolverine.

Assim como ocorria no primeiro filme, X-Men 2 trata com seriedade e maturidade imensas não só o material de onde vieram (os quadrinhos), como sua própria condição enquanto obra cinematográfica. Tanto o diretor quanto os roteiristas conferem ao projeto a mesma dedicação que tantos artistas exibiram em diversas HQs dos mutantes, fazendo – novamente – com que o longa traga comentários e forme opiniões a respeito de temas como racismo, homofobia, intolerância ideológica, xenofobia, etc. Não é à toa que uma das melhores sequências do filme é, sem dúvida alguma, aquela em que Bob Drake conta à família que é um mutante – uma cena que se apresenta idêntica àquela que tantos adolescentes vivem ao revelarem sua homossexualidade aos pais, com direito à mãe do personagem perguntando a este se “Já tentou não ser um mutante?“. Esta densidade, vejam só, é o que torna a cinessérie X-Men tão real – mesmo que seja estrelada por personagens que controlam mentes, manipulam metais e conseguem se teletransportar. Pois pensemos bem: quantas outras franquias de super-heróis se dispuseram a mergulhar neste tipo de discurso?

De todo modo, a complexidade temática de X-Men 2 não significa que o mesmo cuidado não se aplique às esperadas sequências de ação, que, desta vez, são melhores e mais frequentes graças à expansão do orçamento (o longa original contou com uma verba menos lisonjeira). Entregando confrontos infinitamente superiores aos vistos no filme passado, Bryan Singer mostra-se hábil ao explorar ao máximo os poderes dos personagens e usá-los em prol da ação de modo funcional. Das cenas de luta, destacam-se três que se mantêm inesquecíveis e capazes de empolgar permanentemente: a inicial, ambientada na Casa Branca; uma em que Wolverine finalmente demonstra sua agressividade ao confrontar militares; e o violento combate entre o baixinho e Lady Letal (ótima, por sinal).

Enquanto isso, todo o elenco continua soberbo: Patrick Stewart e Ian McKellen continuam perfeitos como Charles Xavier e Magneto, ilustrando devidamente a natureza dos personagens, compartilhando uma relação intrigante e convincente na qual a discordância radical nunca faz com que o respeito entre os dois deixe de ser preservado. Já Hugh Jackman mostra-se novamente uma escolha acertadíssima para interpretar Wolverine, exercendo um carisma singular e que funciona como contraponto à agressividade do anti-herói. De modo similar, o roteiro sai-se bem ao investir no passado misterioso de Logan, tornando-o, por consequência, ainda mais interessante. Por sua vez, Halle Berry ressurge bem mais à vontade como Tempestade, ao passo que Anna Paquin entrega uma Vampira mais acostumada com suas condições e com um peso dramático bem menor. Em contrapartida, se a decisão de apresentar pequenos ganchos para a Saga da Fênix Negra no terceiro ato (como consequência dos efeitos que o clímax do primeiro filme surtiu em Jean Grey), não deixa de ser uma pena que Ciclope continue sendo um total inútil dentro do supergrupo e que sua liderança dos quadrinhos seja praticamente nula.

Mas há outros personagens importantes – e, por mais que Pyro apresente uma ambiguidade interessante (e que torna convincente o seu flerte com a ideologia de Magneto), não há dúvidas de que o grande destaque desta continuação é mesmo Noturno, o mutante capaz de se teletransportar: interpretado de maneira fascinante por Alan Cumming, Kurt Wagner (identidade civil do personagem) é um sujeito extremamente religioso que faz questão de rezar em todos os momentos de dificuldade pessoal e de se punir sempre que comete algum pecado – o que ajuda a conquistar a simpatia do espectador, aliando-se à sua gentileza e ao seu tom ocasionalmente cômico. Para completar, desta vez temos um antagonista que pode ser chamado de vilão sem reservas, ainda que tenha seus propósitos. Sem cair em estereótipos, o General William Striker possui motivações bem mais pessoais e profundas para seus atos e não se concentra em planos megalomaníacos como dominar o mundo, contando ainda com uma excelente performance de Brian Cox (dono de um dos melhores ”sorrisos maus” que já vi).

E se uma das pouquíssimas críticas que fiz ao antecessor era a falta de um companheirismo maior entre os heróis, X-Men 2 tira isso quase que de letra, com todos os membros da equipe ao lado de Magneto e Mística agindo em conjunto pelo bem de cada um deles e com estratégias bem elaboradas. É interessante notar, também, a transposição de algumas características mais simplistas das HQs logo nos minutos iniciais quando os X-Men, em suas identidades civis, visitam um museu; algo que ilustra uma situação típica dos quadrinhos onde o grupo era visto em momentos mais mundanos e cotidianos. Além de contar com uma fotografia e um design de produção mais que apropriados, esta continuação também corrige um dos poucos erros do original (a falta de uma trilha sonora memorável) ao chamar o compositor John Ottman para substituir Michael Kamen, criando uma música-tema particularmente marcante.

Dotado de ritmo e agilidade, X-Men 2 é capaz também de encontrar soluções coerentes e surpreendentes para algumas situações armadas pelo roteiro – como a fuga de Magneto da prisão. E isso sem contar a facilidade com que o longa alterna entre diálogos afiados e explosões de ação, duas características que ajudam a tornar o longa agradável tanto para os mais velhos quanto para os mais novos. Não tem jeito: X-Men 2 é um dos melhores filmes de super-heróis já feitos.

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