X-Men 3

Título Original

X-Men: The Last Stand

Lançamento

26 de maio de 2006

Direção

Brett Ratner

Roteiro

Simon Kinberg e Zak Penn

Elenco

Hugh Jackman, Ian McKellen, Famke Janssen, Halle Berry, Shawn Ashmore, Ellen Page, Patrick Stewart, Anna Paquin, Aaron Stanford, Ben Foster, Daniel Cudmore, Vinnie Jones e Rebecca Romijn

Duração

104 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Lauren Shuler Donner, Ralph Winter e Avi Arad

Distribuidor

Fox

Sinopse

A descoberta de uma cura para as mutações leva os mutantes a um ponto decisivo. Eles podem escolher entre abandonar seus poderes e se tornarem humanos ou continuar com os poderes e permanecerem excluídos. Uma batalha é travada entre os simpatizantes de Charles Xavier, que prega a tolerância, e os seguidores de Magneto, que defende a sobrevivência dos mais fortes.

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X-Men: O Confronto Final | Crítica

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Em 2000 e 2003, Bryan Singer nos apresentou aos excepcionais X-Men – O Filme X-Men 2, responsáveis pelo início e fortalecimento não apenas da franquia dos mutantes, mas de todo o ressurgimento do subgênero “filmes de super-heróis”. Entretanto, o diretor não havia assinado contrato algum para permanecer na franquia por determinado tempo e decidiu abandoná-la para realizar Superman: O Retorno (se esta foi uma boa decisão, aí já é outra história). Como substituto, a Fox chamou Brett Ratner (da trilogia A Hora do Rush), e claro que temores de fãs foram criados. Mas pelo que já foi constatado, certos fãs são quase impossíveis de se agradar e, no fim das contas, este X-Men: O Confronto Final foi o primeiro exemplar da franquia X a dividir opiniões. E para a minha total surpresa, acabei sendo um dos que o aprovaram.

Escrito por Simon Kinberg e Zak Penn a partir da clássica Saga da Fênix Negra (de Chris Claremont e John Byrne) e do excelente arco Superdotados, de Os Surpreendentes X-Men (de Joss Whedon – sim, o diretor de Os Vingadores – e John Cassaday), o roteiro traz como trama principal o surgimento de uma ”cura” para o gene mutante através dos poderes de um menino mantido sob vigilância numa sala fechada localizada em Alcatraz, e tal descoberta acaba tendo uma repercussão extremamente polarizada: enquanto muitos a anseiam, tantos outros se mantêm fortemente opostos à ideia e se sentem ofendidos com ela; e claro que Magneto está deste segundo lado. Paralelamente, Jean Grey ressurge possuída e descontrolada pelo poder da Fênix Negra, com uma personalidade imprevisivelmente perigosa e exibindo seus poderes com maior força e de maneira mais destrutiva.

Ainda que tenha claramente se empenhado em apresentar maior escala na ação, o principal motivo que leva Ratner a se sair bem é o fato de que este compreendeu a visão de Bryan Singer que tornou a franquia X-Men tão admirável: a profundidade e o realismo com que promove discussões temáticas relevantes. Com isso, o diretor continua investindo fortemente na em metáforas à homofobia e racismo, alcançando ainda um novo patamar ao enfatizar a questão da ”cura” mutante. Hoje, em tempos onde uma ”cura” para a homossexualidade é discutida, não é de se estranhar que questionamentos a respeito da natureza de tal minoria sejam levantados. Por que “curar” algo que não é doença (homossexualidade/mutação)? Os homossexuais/mutantes deveriam se sentir lisonjeados ou insultados? Devido aos diálogos altamente dissertativos sobre tal questão, torna-se difícil não refletir a respeito do tema e tentar empregar o resultado na nossa visão do mundo real.

Mesmo assim, Ratner se sai bem ao criar as sequências de ação. Sem que jamais sejam jogadas de maneira gratuita e deslocada, as cenas de adrenalina são extremamente bem filmadas, empolgantes e capazes de fazer o espectador torcer por determinado time, além de apresentarem soluções inesperadas e eficazes – com destaque para o chute dado por Wolverine nos genitais de um mutante. Fora isso, os cenários são usados de forma eficiente em tais momentos e os poderes dos mutantes mostram-se funcionais, sendo explorados de maneira farta e interessante nos confrontos. Além de possuírem a carga dramática ideal e o posicionamento adequado no desenvolvimento da narrativa, as cenas de luta têm o tempo de duração correto e jamais transbordam ou deixam a desejar, sendo as melhores ambientadas na casa de Jean Grey, no meio de uma floresta e, claro, em Alcatraz no clímax.

Quanto ao elenco e aos personagens, não há quase nada de novo a se dizer: ainda que Hugh Jackman continue entregando um Wolverine 100% carismático, não deixa de ser um tanto estranho que seu mutante tenha sofrido uma radical amansada em relação ao que foi visto nos filmes anteriores e – principalmente – nos quadrinhos, chorando e deixando suas emoções transparecerem mais facilmente. Enquanto isso, Shawn Ashmore continua ótimo como Bobby Drake e seu personagem, ainda que seja submetido a um ocasional triângulo amoroso vazio e incoerente, continua adorável, ao mesmo tempo em que Ellen Page aproveite seu pouco tempo de tela na pele de Kitty Pryde. Paralelamente, Patrick Stewart e Ian McKellen continuam impecáveis como Charles Xavier e Magneto respectivamente e a rivalidade respeitosa entre os dois continua ilustrada com primor, com ambos ganhando o tratamento necessitado e o tempo de tela conveniente.

Por outro lado, existem personagens subaproveitados aqui: da mesma forma como os primeiros vinte minutos da projeção comprovam que Ciclope foi tratado como um total inútil durante toda a trilogia, Tempestade continua a ”crescer” com cenas onde a heroína desempenha um papel mais significativo, mas não chega a figurar a lista de melhores mutantes vistos nesta produção. E se Daniel Cudmore é confinado a um Colossus sem profundidade e apresentado de forma indiferente perante ao restante dos X-Men (não possuindo um único momento minimamente memorável), Anna Paquin novamente prova-se como uma escolha perfeita para interpretar Vampira e, mesmo com um tempo de tela bem menor (infelizmente), sua abordagem ainda apresenta opções tomadas com motivações críveis. Quanto à Mística… bem, é uma pena o que aconteceu com ela aqui, ao mesmo tempo em que Vinnie Jones jamais consegue transformar seu Fanático em algo além de um mero atrativo moderadamente divertida.

Ainda que Noturno faça falta, Fera apresenta-se extremamente interessante e, assim como o mutante azul de X-Men 2, também é ilustrado com uma estética que contrapõe sua racionalidade. Se Kurt Wagner possuía uma aparência demoníaca sendo profundamente católico, Hank McCoy surge como um diplomata intelectual visualmente ilustrado como um animal agressivo e irracional, além de ainda contar com uma interpretação absolutamente fantástica de Kelsey Grammer, sua voz e olhar. Fora isso, a polidez do personagem torna-se sua grande riqueza e é explorada fartamente – e mesmo mantendo um posicionamento contra a ”cura” mutante, mostra-se incapaz de se sentir maravilhado ao ter uma leve impressão de como seria voltar ao ”normal”. Como se não bastasse, o posicionamento diplomático de Fera é bem contracenado com a agilidade agressiva de suas batalhas, saindo-se surpreendentemente bem ao combater a Irmandade de Mutantes sem deixar seu lado político sair perdendo – tanto que ele até brinca com isso num divertido diálogo com Wolverine durante o clímax.

Entretanto, X-Men 3 têm claros problemas que, somados, tornam-o inferior às duas partes anteriores. É lamentável constatar o fracasso monumental, por exemplo, das figurinistas Judianna Makovsky e Lisa Tomczeszyn ao conceber os visuais dos novos e mais destacados membros da Irmandade, tornando-os esteticamente embaraçosos e impedindo que qualquer seriedade possa ser exibida pelos personagens. E ainda que seja tecnicamente superior aos antecessores, o uso constante de cabos continua sendo irritantemente notável e poucas vezes temos a impressão de que os mutantes, de fato, voam ou planam, tirando parte da imersão do espectador. Também não deixa de ser levemente incômodo que o roteiro, ainda que com seus grandiosos e apreciáveis acertos, traga alguns diálogos excessivamente expositivos e óbvios, fazendo com que a produção torne-se excessivamente cartunesca em certos momentos mesmo para um filme baseado em HQs de super-heróis. Para completar, a trilha sonora de John Powell revela-se inexpressiva e pouco original, chegando até mesmo a imitar descaradamente alguns trechos das composições de John Williams realizou para Superman.

De modo geral, X-Men: O Confronto Final é realmente o mais falho da série, mas ainda é digno de admiração e o número de qualidades supera monstruosamente o de defeitos. Contando com um ritmo competente e uma montagem que privilegia a agilidade da narrativa, este terceiro capítulo da saga dos mutantes é uma experiência agradável e divertida, não devendo aos antecessores em absolutamente nada como entretenimento. É uma pena que a maior parte do público e da crítica tenha rejeitado esta película, pois, graças às qualidades mencionadas ao longo do texto, trata-se de um filme de super-herói tristemente subestimado.

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