Origens

Título Original

X-Men Origins: Wolverine

Lançamento

1º de maio de 2009

Direção

Gavin Hood

Roteiro

David Benioff e Skip Woods

Elenco

Duração

107 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Hugh Jackman, Lauren Shuler Donner, Ralph Winter e John Palermo

Distribuidor

Fox

Sinopse

A Equipe X é formada apenas por mutantes, tendo fins militares. Entre seus integrantes estão Logan (Hugh Jackman), o selvagem Victor Creed (Liev Schreiber), o especialista em esgrima Wade Wilson (Ryan Reynolds), o teleportador John Wraith (Will i Am), o atirador David North (Daniel Henney), o extremamente forte Fred J. Dunes (Kevin Durand) e ainda Bradley (Dominic Monaghan), que manipula eletricidade. No comando está William Stryker (Danny Huston), que envolve alguns componentes do grupo no projeto Arma X, um experimento ultra-secreto. Entre eles está Logan, que precisa ainda lidar com o desfecho de seu romance com Raposa Prateada (Lynn Collins).

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X-Men Origens: Wolverine | Crítica

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Após o sucesso comercial garantido pela trilogia, não tinha como X-MenX-Men 2 X-Men 3 continuarem sendo os únicos exemplares da franquia baseada nas HQs dos mutantes da Marvel Comics. Ainda que se chamasse O Confronto Final, o terceiro longa da série cinematográfica dos X-Men deixou algumas pontas soltas que poderiam ser exploradas no futuro, mas ainda assim a Fox optou por não continuar a trilogia naquele momento e resolveu adotar outra maneira de seguir com a franquia: realizando prequels que explorariam o passado dos personagens vistos nas películas de Bryan Singer e Brett Ratner. Claro que Wolverine, o mais amado do grupo, foi o primeiro a ter sua aventura solo confirmada – também havia um projeto intitulado X-Men Origens: Magneto, que acabou sendo transformado em X-Men: Primeira Classe. Trazendo de volta Hugh Jackman para encarnar o personagem e chamando Gavin Hood, responsável por Infância Roubada e O Suspeito, a Fox trouxe X-Men Origens: Wolverine.

E o resultado… foi um completo desastre!

Aparentemente, o roteiro de David Benioff e Skip Woods se propõe (obviamente) a revelar a origem de Wolverine de uma maneira mais detalhada do que a vista em X-Men 2; mas por volta do segundo ato, o filme começa a introduzir uma série de novos personagens. E aí, você já sabe: Homem-Aranha 3 vem de forma arrasadora à memória. Não que a metade inicial de Wolverine: Origens seja boa – e não é -, mas o que já era ruim ficou pior ainda no final. Se sua primeira metade pega emprestadas a boa graphic novel Origem e a espetacular Arma X, sua segunda entrega-se a um festival de mutantes enfiados numa trama tola e inchada.

O grande problema de Wolverine: Origens é justamente o excesso de personagens, plots,  e subplots que o roteiro insiste em enfiar na narrativa. Desesperados para introduzir novos mutantes cujas apresentações vinham sendo planejadas desde a época dos filmes de Bryan Singer, os produtores Lauren Shuler Donner, Ralph Winter, John Palermo e o próprio Hugh Jackman resolveram inflar a trama com versões cinematográficas vazias e unidimensionais de personagens como Gambit, Deadpool, Blob, Raposa Prateada e (pasmem!) Coronel William Stryker e Ciclope, todos marcando presença como meras curiosidades e potencial para venda de bonecos e outros produtos licenciados a partir do longa. Com isso, o que era para se tornar uma agressiva aventura solo centrada no arco da origem do mais popular dos X-Men infelizmente torna-se um longa pasteurizado e bagunçado com tramas aleatórias se conectando de forma tola e que acaba reforçando a inutilidade delas.

Creio que Gavin Hood não deve ser tratado feito um pobre coitado 100% vitimizado devido à pressão de estúdio. E quanto à direção de atores amadora? E quanto aos enquadramentos incrivelmente pobres? E quanto aos travellingzoom-ins e zoom-outs acelerados pavorosos? Essas duas últimas frases expõem uma grande parte do fracasso técnico ilustrado por esse filme. Com isso, Wolverine: Origens torna-se uma produção precária, pobre e que aparenta ter sido feita para a Televisão, sem o cuidado necessário para um trabalho cinematográfico. A fotografia do filme, por sinal, é incrivelmente inexpressiva e  rústica. Aas não tem como não citar a falta de noção espacial do diretor, que faz com que Wolverine, do lado de fora do prédio onde fica o laboratório de Stryker e trajando calça jeans, botas e camisa sertaneja,  ressurja dentro da sala do antagonista usando uma camisa ”mamãe, sou forte” em questão de cinco segundos. É, fazer o que, né?

Por outro lado, Wolverine: Origens contrapõe uma falha grave do igualmente inflado Homem-Aranha 3 com outro elemento sintomático: a falta de necessidade gritante presente na maioria das sequências de ação. Enquanto a produção estrelada por Emo-Aranha sofria com sequências de adrenalina curtas e que demoravam pra acontecer, o primeiro longa solo de Wolverine se vê prejudicado por transbordá-las, entregando combates com motivações imbecis que poderiam perfeitamente ser substituídos por duas ou três falas. Claro que a razão para tantas cenas de ação não passa de uma mera imposição de produtores, mas ao contrário de X-Men 2 3, que brilhavam com confrontos empolgantes, X-Men Origens: Wolverine não entrega uma única sequência minimamente interessante ou memorável, tornando-as ainda piores graças à estupidez envolta delas. Dessas, destacam-se dois dos combates mais imbecis da História dos filmes de heróis: o confronto entre Wolverine e Gambit e a luta de boxe entre o protagonista e Blob; esta última, por sinal, também é uma das mais ridículas e enfurecedoras coisas que já vi em adaptações de quadrinhos desde os closes nos glúteos de Batman & Robin.

Como se não bastasse, os efeitos visuais do filme são igualmente terríveis e Hood os emprega de forma exagerada, comprometendo suas sequências de ação. Com uso excessivo do mais tosco chroma key possível em 2009, garras de adamantium incrivelmente artificiais, o diretor vai além do necessário e emprega a computação gráfica em elementos que não a necessitavam, e uma cena onde as fragilidades estéticas técnicas de Wolverine: Origens ficam totalmente expostas trata-se de uma participação especial (e horrível – claro) de Patrick Stewart numa versão pessimamente rejuvenescida digitalmente de Charles Xavier.

Assim, não restam dúvidas de que se trata de uma produção porca e realizada sem o mínimo esmero – e por mais que Hugh Jackman ainda seja dono de um carisma invejável, o roteiro que cerca o personagem é podre e repleto de clichês embaraçosos. Contudo, nenhum tropeço de Wolverine: Origens (nem mesmo o Gambit tedioso e unidimensional) é tão grave quanto a patética e vergonhosa versão de Deadpool: sendo transformado num monstro que age seguindo comandos digitados num computador (céus!) e que tem a boca costurada (o que automaticamente elimina o senso de humor característico do personagem), o anti-herói mais parece uma criatura saída de um filme de zumbis e ainda abriga duas espadas que se retraem em seus braços – ou seja… seus membros não se dobram?

Sendo assim, X-Men Origens: Wolverine é apenas um caça-níqueis cafajeste e que não merece absolutamente nada além de desprezo e rejeição. A sorte é que o futuro nos reservou o ótimo X-Men: Primeira Classe e o decente Wolverine – Imortal, que ajudaram a apagar um pouco do trauma causado por esta aberração de 2009.

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