Deus e o Diabo

Restauração em 4K de Deus e o Diabo na Terra do Sol será exibida no Festival de Cannes

Facebook
Twitter
Pinterest
WhatsApp
Telegram

Dirigido pelo baiano Glauber Rocha (Barravento, Terra em Transe, A Idade da Terra), Deus e o Diabo na Terra do Sol foi lançado no Festival de Cannes em 1964, ano no qual as Forças Armadas tomaram o poder no Brasil através de um golpe militar, e tornou-se uma das obras mais influentes, premiadas e discutidas da história do Cinema nacional. Pois agora, 58 anos depois, o clássico de Glauber Rocha retornará a Cannes – desta vez, remasterizado em 4K! A informação nos foi concedida pela assessoria de imprensa Primeiro Plano.

O projeto de restauração de Deus e o Diabo começou em 2019, quando o produtor Lino Meireles (que também dirigiu o longa Candango: Memórias do Festival) se uniu à cineasta Paloma Rocha (filha de Glauber e diretora de Antena da Raça) para criar uma versão do clássico de 1964 em 4K. Agora que a remasterização foi concluída, os responsáveis terão a oportunidade de exibi-la no Festival na seção Cannes Classics, dedicada à exibição e à preservação de clássicos do mundo inteiro.

Sobre a remasterização, Lino Meireles declarou que a enxerga como “(…) um ciclo completo para a nossa restauração, onde o filme será reexibido pela primeira vez no mesmo local em que estreou. Que seja um novo chamado de resistência cultural.“, ao passo que Paloma Rocha afirmou encarar o projeto como uma oportunidade de marcar posição contra as políticas culturais do governo Bolsonaro e do secretário Mário Frias: “Num país com a Cultura tão depreciada, com a produção artística sofrendo ataques, fizemos um esforço de contracorrente. Isso só é possível porque o filme (Deus e o Diabo na Terra do Sol) tem a força própria dele.“.

De acordo com as informações cedidas pela Primeiro Plano, a decisão de remasterizar Deus e o Diabo se deu com o intuito não só de trazê-lo de volta às discussões, mas também de renovar a qualidade de imagem e som do filme, já que a última digitalização da obra foi realizada em 2002 e, portanto, a versão disponível nos streamings e no Canal Brasil estava inferior ao que promete ser esta cópia nova, em 4K. A empresa responsável pela nova restauração do longa foi a Cinecolor, parceira da Cinemateca Brasileira – órgão este responsável por guardar e ceder à Cinecolor as cinco latas de negativos em 35mm que continham o filme original de Glauber Rocha, em perfeitas condições. O empréstimo das cópias em película e o processo de restauração de Deus e o Diabo já vinham ocorrendo desde antes do incêndio que atingiu um dos galpões da Cinemateca, em São Paulo, em 29 de Julho de 2021 (e no qual perdeu-se parte dos materiais originais da obra de Glauber).

Segundo longa-metragem de Glauber Rocha (o anterior foi Barravento, de 1962), Deus e o Diabo na Terra do Sol foi indicado à Palma de Ouro, prêmio principal do Festival de Cannes, em 1964 – porém, o vencedor daquela edição foi Os Guarda-Chuvas do Amor de Jacques Demy. Além disso, ganhou também: o Prêmio da Crítica Mexicana no Festival Internacional de Acapulco, México; o Grande Prêmio Festival de Cinema Livre, na ltália; o Náiade de Ouro no Festival Internacional de Porreta Terme, Itália; o troféu Saci de Melhor Ator Coadjuvante (para Maurício do Valle); e o Grande Prêmio Latino Americano no Festival Internacional de Mar del Plata, Argentina.

Ainda não há data prevista para a reexibição de Deus e o Diabo na Terra do Sol, mas o Festival de Cannes em si ocorrerá entre os dias 17 e 28 de Maio.

Mais para explorar

Love Lies Bleeding – O Amor Sangra | Crítica

Uma surpresa curiosa que se aproveita bem de sua ambientação e do equilíbrio entre o mundano e o fantasioso, entre o “pé no chão” e o absurdo quase lisérgico, a fim de ilustrar como um amor pode corroer se for intenso demais.

Planeta dos Macacos: O Reinado | Crítica

Às vezes parece um exemplar “menor”, menos ambicioso e um pouco menos eficaz – mas segue indicando que a série tem vida longa pela frente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *