Michael Jackson 3

Thriller | 40 anos do icônico videoclipe de Michael Jackson e John Landis

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A assustadora transformação em lobisomem, no início. A revelação de que se tratava de um filme (dentro de outro filme). O plano (que virou meme) de Michael Jackson vidrado na tela e comendo pipoca, sorridente. A canção “Thriller“, que dá título ao clipe – e ao álbum que a contém. Os efeitos sonoros de portas batendo/rangendo e de lobos uivando. A dança no meio da rua. A narração de Vincent Price marcando a entrada dos zumbis em cena. O freeze frame que encerra o clipe aproximando-se dos olhos do cantor, amarelados.

Isso tudo que acabei de descrever não é “apenas” um dos videoclipes mais famosos de todos os tempos (e que foi apresentado ao mundo pela primeira vez há exatos 40 anos); é também um recorte muito precioso – e fundamental – do que hoje entendemos por “cultura pop“. Em meio a Darth Vader dizendo “I am your father“, Indiana Jones correndo de uma esfera gigante e Gandalf bradando “You shall not pass!“, está Michael Jackson executando uma icônica coreografia (ao lado de mortos-vivos) e, claro, vestindo uma jaqueta de couro vermelha que entrou para a História. Acho que, no mínimo, podemos concordar que o Halloween nunca mais foi o mesmo.

Numa esfera pessoal, posso dizer que o videoclipe de Thriller é uma das memórias audiovisuais mais antigas que tenho em mente. Desde que eu tinha dois/três anos, a imagem de Michael Jackson (e sua jaqueta) virando lobisomem e, mais tarde, dançando junto a zumbis sempre esteve no meu subconsciente, ao lado de Toy StoryBranca de NevePinóquioA Pequena Sereia, os desenhos da Fox Kids, os programas e novelas da Globo, etc. Isso porque, desde os anos 1990, meus pais tinham – e ainda têm – um DVD que contém vários clipes do “rei do pop“. O que eles mais colocavam para ver/rever era o de Thriller, como não poderia deixar de ser.

E eu, evidentemente, saía correndo da sala, tamanho o espanto que aquele curta-metragem me causava…

… mas depois voltava para dar uma espiadinha de longe, já que a dança e a música sempre terminariam puxando minha atenção de volta à TV.

A vontade de Michael de aventurar-se pelo mundo audiovisual era tão grande que, para suas investidas, fez questão de contar constantemente com uma turma de peso: Spike Lee, David Fincher, John Singleton, Martin Scorsese (aliás, escrevi sobre Bad aqui), por aí vai. Em Thriller, contudo, o que dita a tônica de toda a narrativa é o estilo particular – e simplesmente irresistível – do gigantesco John Landis, o mestre por trás de Um Lobisomem Americano em Londres (que mais do que explica sua contratação para este clipe), Um Príncipe em Nova York e Os Irmãos Caras-de-Pau e que depois repetiria a parceria com Jackson em Black or White.

Thriller, por sua vez, é uma obra que do início ao fim esbanja um charme muito próprio de Landis. Se por um lado se trata de uma ode a várias peças iconográficas do horror, por outro é filtrado por um humor específico ora inocente, ora perverso, mas sempre divertidíssimo. Aqui, estamos impressionados com a transformação daquele jovem aparentemente frágil, de voz mansinha, num lobisomem apavorante (nem imaginem o quanto aquilo me traumatizou quando criança…); ali, estamos encantados com as coreografias feitas pelos zumbis; acolá, soltamos uma espontânea risada diante da imagem de Michael acordando Ola Ray e perguntando “What’s the problem?“.

Em suma: é um clipe que tem seus momentos de sustos, medos e gritarias apavoradas, mas que os contrabalanceia com um humor leve que torna tudo agradável a todos os públicos – e, mesmo assim, sem nunca sacrificar sua atmosfera macabra.

Por fim, Thriller é uma obra narrativamente muito interessante (suas reviravoltas, que apresentam filmes dentro de filmes, mantêm a história sempre movimentada e repleta de surpresas), mas um aspecto que me chama a atenção agora, reassistindo ao clipe anos depois da última vez, diz respeito à perspectiva que guia a trama em si: vocês já pararam para pensar que o protagonista desse curta-metragem talvez não seja Michael Jackson? Na verdade, se analisarmos bem, o “rei do pop” é quase um antagonista na trajetória de sobrevivência de… Ola Ray! Ora, do início ao fim da narativa, acompanhamos os esforços da moça em esquivar-se dos obstáculos representados pelo cantor, seja o lobisomem no início, seja a horda de zumbis no clímax, seja a revelação de que até mesmo seu namorado era alguma entidade de olhos amarelos que provavelmente a atacará assim que o filme terminar.

Considerando que se trata de um projeto feito para promover e cultuar a imagem de Jackson, esta é uma forma indubitavelmente inusitada de o artista se posicionar.

O clipe completo está disponível de graça no YouTube e pode ser visto aqui:

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Mesmo contado com momentos divertidos e ideias interessantes aqui e ali, estas quase sempre terminam sobrecarregadas pelo tanto de elementos simplesmente recauchutados do original – mas sem jamais atingirem a mesma força.

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