Missão Impossível O Acerto Final imagem de topo

Título Original

Mission: Impossible – The Final Reckoning

Lançamento

22 de maio de 2025

Direção

Christopher McQuarrie

Roteiro

Christopher McQuarrie e Erik Jendresen

Elenco

Tom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Pom Klementieff, Esai Morales, Rolf Saxon, Lucy Tulugarjuk, Henry Czerny, Angela Bassett, Mariela Garriga, Pasha D. Lychnikoff, Holt McCallany, Janet McTeer, Nick Offerman, Hannah Waddingham, Shea Whigham, Greg Tarzan Davis, Charles Parnell, Tommie Earl Jenkins, Katy O’Brian, Mark Gatiss, Tramell Tillman e Stephen Oyoung

Duração

170 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Christopher McQuarrie e Tom Cruise

Distribuidor

Paramount Pictures

Sinopse

Ethan e sua equipe estão em uma missão para encontrar e destruir uma IA conhecida como a Entidade. A viagem ao redor do mundo dá origem a cenas de ação incríveis e mais de uma reviravolta inesperada.

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Missão: Impossível – O Acerto Final | Crítica

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Ao longo de 29 anos, a série Missão: Impossível nos acostumou a um padrão de qualidade tão acima da média de seu gênero que ficou inevitável, para o espectador, tornar-se fã das aventuras de Ethan Hunt e esperar com ansiedade a próxima maluquice que Tom Cruise aprontaria em tela. Já começando com um épico de espionagem que se mantém formidável até hoje (nem era para menos, já que o diretor por trás daquele longa era o gênio Brian De Palma), a franquia logo decaiu um pouco com as medianas partes 2 e 3 (comandadas pelo mestre John Woo e pelo geralmente medíocre J.J. Abrams) e recuperou-se com a entrada de Brad Bird no ótimo Protocolo Fantasma, consolidando de vez sua estabilidade quando Christopher McQuarrie assumiu a série, em Nação Secreta, e a elevou a níveis ainda mais espetaculares em Fallout, que considero uma obra-prima do gênero. Infelizmente, se Acerto de Contas já trazia alguns problemas de ritmo e construção difíceis de ignorar, este O Acerto Final não só repete como expande vários deles, o que é uma pena.

Novamente escrito por McQuarrie ao lado de Erik Jendresen, o roteiro retoma a história exatamente do ponto em que a deixamos no filme anterior, com o agente Ethan Hunt e sua trupe correndo contra o tempo para encontrar o vilão Gabriel, impedi-lo de assumir o controle de uma poderosa inteligência artificial (conhecida como “Entidade”) e, em seguida, dar um jeito de acessar o código fonte de tal tecnologia para eliminá-la de todos os sistemas nos quais se infiltrou. Como podem ver, não é uma premissa particularmente elaborada ou difícil de resumir em poucas palavras – e é por isso que a decisão de esticá-la em dois filmes de quase três horas cada soa inacreditável, obrigando os dois roteiristas a inventarem um monte de minúcias bobas só para tornar a trama desnecessariamente complicada e, com isso, justificar de alguma forma os 333 minutos (somando a duração dos dois longas) que usam para contá-la, como se uma longa duração fosse necessariamente sinal de “grandiosidade” ou “ambição”.

O problema, porém, é que o único meio que O Acerto Final encontra para encher linguiça (e, assim, atingir as quase três horas que deseja ter) é infestar a narrativa de diálogos expositivos que entregam as informações ao espectador sempre da forma menos inspirada possível. Já iniciando com uma sequência que irrita em sua artificialidade, com uma voz recapitulando para Ethan Hunt (leia-se: para o público) tudo que ocorreu nos longas passados (ou seja: informações que o próprio Hunt já sabe), Missão: Impossível 8 se baseia quase inteiramente naquilo que seus personagens dizem, da boca para fora – e, embora Christopher McQuarrie e o montador Eddie Hamilton até pensem em alguns recursos (inserts dos filmes anteriores e/ou montagens paralelas) na tentativa tornar aquele blábláblá um pouco mais dinâmico, a verdade é que não conseguem, revelando-se medidas desesperadas (embora, justiça seja feita, ao menos não soem tão artificiais quanto a velha – e irritante – tática de criar diálogos em que uns personagens surgem complementando o que outros dizem, como se isso despistasse o fato de que todos em cena já sabem das informações e, portanto, poderiam economizar na ladainha e partir logo para a ação).

Como se não bastasse, Christopher McQuarrie frequentemente roda estes falatórios num ritmo lento, com os atores falando pausadamente, como se isso imprimisse drama, urgência ou solenidade àquilo que dizem – e, assim, o único efeito que o diretor alcança é um senso de autoimportância que, com o tempo, se torna apenas… tolo. Aliás, é irônico que uma das principais frases de feito do filme (daquelas que surgem no início e voltam lá na frente em um momento catártico) seja “O que diferencia uma boa ladra de uma excepcional é… o timing”, já que O Acerto Final demonstra uma autoindulgência da parte de McQuarrie que termina por comprometer completamente o ritmo da narrativa e o impacto de certas passagens promissoras: a longa sequência em um submarino, por exemplo, é interessante em seu conceito (e até explora bem as peculiaridades do cenário em que se passa), mas na prática acaba se arrastando por tanto tempo que dilui toda sua força. O mesmo se aplica a várias tentativas de humor (como aquela em que Ethan tenta convencer Paris e um agente a baixarem suas armas e outra que envolve Grace e certa personagem na neve), que são prolongadas a ponto de perderem completamente a graça.

A sorte é que, mesmo soterrado em diálogos que não poderiam ser mais tediosos, O Acerto Final ganha vida quando as esperadas cenas de ação finalmente vêm – e, embora desta vez os confrontos físicos não sejam tão inspirados quanto já foram, ao menos funcionam razoavelmente bem em sua tarefa de registrar as boas coreografias de modo claro e inteligível, sem cair num caos visual (além disso, a montagem paralela que Eddie Hamilton elabora em dado momento, conectando duas lutas que ocorrem ao mesmo tempo, mas em locais distintos, é elegante e eficiente em seu timing). Ainda assim, o grande momento de Missão: Impossível 8, como não poderia deixar de ser, é o clímax envolvendo dois aviões, que é de tirar o fôlego: com um design de som engenhoso que enriquece cada detalhe da cena, McQuarrie emprega com inteligência as tomadas em IMAX ao aproveitar-se da proporção (gigante) da tela para compor planos que envolvem múltiplos elementos sem soarem visualmente poluídos, distribuindo-os bem em cada canto da tela e, com isso, valorizando as manobras alucinadas feitas pelos biplanos. Além disso, o diretor adiciona ao combate um senso de vertigem que o torna agoniante, mas imersivo – e eficiente – justamente por isso.

Mas o mais impressionante é perceber como Tom Cruise, mesmo em sua oitava incursão ao universo de Missão: Impossível, não parece ter perdido o pique, continuando a entregar-se de corpo e alma às loucuras de Ethan Hunt – e gosto especialmente de como o ator não se acanha em despir-se de qualquer vaidade e surgir se atrapalhando em poses ridículas (como ao levantar-se após cair, ou ao entrar desajeitadamente no aviãozinho), o que humaniza Ethan Hunt de tal forma que me lembrou um pouco Indiana Jones neste sentido. E se Ving Rhames e Simon Pegg pouco têm a fazer além de seguirem a rotina de sempre, Hayley Atwell continua a conferir intensidade a uma anti-heroína que, no entanto, sofre por ter sido introduzida de última hora (e de forma apressada) no capítulo anterior, já que o filme insiste em tratá-la como se fosse uma personagem com a qual já nos importamos há muitos anos. Para completar, Esai Morales faz o possível com um vilão que nem existiria caso o filme tivesse coragem de assumir a I.A. como real antagonista da história – o que, contudo, não significa que o ator não se saia bem ao emprestar deboche, malícia e um mínimo de personalidade a Gabriel.

Salpicando várias ideias interessantes na sequência inicial (o “culto” à inteligência artificial; o fato de as pessoas já não acreditarem em mais nada porque tudo pode ser manipulado; as reações das superpotências à chegada da tal “Entidade”) apenas para descartá-las por completo a seguir, O Acerto Final ainda tenta desesperadamente se firmar como uma “despedida” para Missão: Impossível, com direito a constantes flashbacks (muitos descartáveis), citações a itens/eventos de outros filmes e aparições de personagens que mal lembrávamos que já tinham existido, soando quase como um daqueles episódios finais de sitcom que nada mais são do que grandes retrospectivas da série toda.

Algo que, neste caso, eu aceitaria um pouco melhor caso o filme tivesse a coragem necessária para de fato encerrá-la. Neste sentido, Missão: Impossível – O Acerto Final está mais próximo de uma “fórmula Marvel” do que gostaria de admitir.

Assista também ao vídeo que gravei sobre o filme:

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Missão: Impossível – O Acerto Final | Crítica

Infelizmente, este capítulo final demonstra uma autoindulgência da parte de Christopher McQuarrie que termina por comprometer o ritmo da narrativa e o impacto de várias passagens que tinham tudo para funcionar.

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