Red Sparrow (1)
Red Sparrow

Título Original

Red Sparrow

Lançamento

1º de março de 2018

Direção

Francis Lawrence

Roteiro

Justin Haythe

Elenco

Jennifer Lawrence, Joel Edgerton, Matthias Schoenaerts, Charlotte Rampling, Mary-Louise Parker, Jeremy Irons, Ciarán Hinds, Joely Richardson e Bill Camp

Duração

140 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Peter Chernin, Steven Zaillian, Jenno Topping e David Ready

Distribuidor

Fox

Sinopse

Outrora talentosa bailarina, Dominika Egorova encontra-se em maus bocados quando é convencida a se tornar uma Sparrow, ou seja, uma sedudora treinada na melhor escola de espionagem russa. Após passar pelo árduo processo de aprendizagem, ela se torna a mais talentosa espiã do país e precisa lidar com o agente da CIA Nathaniel Nash. Os dois, no entanto, acabam desenvolvendo uma paixão proibida que ameaça não só suas vidas, mas também as de outras pessoas.

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Operação Red Sparrow | Crítica

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Operação Red Sparrow é mais ou menos o que Atômica seria se fosse dirigido pelo cadáver de Um Morto Muito Louco (isto é, se pertencesse ao gênero “suspense” em vez de representar o da “ação”). Ok, talvez essa afirmação seja um pouco injusta se levarmos em conta que os primeiros minutos do longa são admiráveis: intercalando a missão de um agente da Cia com a apresentação de uma bailarina (que culmina no acidente que desencadeia toda a trama), a abertura é conduzida com charme e elegância por Francis Lawrence, costurando as duas situações paralelas através da trilha sonora requintada e permitindo que o diretor de fotografia Jo Willems encontre espaço para compor alguns planos belíssimos. A impressão causada era a de que uma obra estilosa e interessante estava começando – e é uma pena que, nas duas horas seguintes, Operação Red Sparrow revele-se tão aborrecido e autoindulgente.

Escrito por Justin Haythe (O Cavaleiro Solitário e A Cura) a partir do livro de Jason Matthews, o roteiro se passa na Rússia e nos apresenta a Dominika Egorova, uma jovem que sempre sonhou em ser bailarina e, quando estava prestes a conquistar seu objetivo, acaba tendo sua perna quebrada por um colega de palco, o que arruína as chances de prosseguir na carreira que desejava. A partir daí, o tio da garota lhe oferece a oportunidade de se tornar uma “Red Sparrow” – ou seja: uma espiã que seduz seus oponentes para neutralizá-los em seguida (pensem na Viúva Negra, d’Os Vingadores). O que ela não esperava é que fosse desenvolver um apego tão forte por Nate Nash, um agente da CIA com quem se envolve eventualmente e põe em cheque a fidelidade que jurou preservar pelo governo russo.

Como já dá para notar, Operação Red Sparrow não faz muita questão de evitar clichês – o que, é claro, não justifica os problemas gerais do filme, que poderia abordar uma premissa batida de forma engajante se fizesse um esforço maior. Além de jamais despistar o fato de que se trata de mais uma velha historinha sobre um amor proibido que leva uma personagem a se desprender dos seus valores (e assumir riscos por isto), o fraquíssimo roteiro comete um erro pior – e mais irritante – do que construir uma trama previsível como um todo: investir em pequenos momentos que tentam gerar tensão, mas que deixam o espectador adivinhar exatamente o que acontecerá nos próximos segundos. Assim, quando a protagonista vê um casal correndo para dentro de uma sala quente e esfumaçada, é óbvio que os dois serão pegos transando lá dentro; quando certa coadjuvante é intimidada por homens estranhos na rua e começa a recuar até chegar à rua, é lógico que um atropelamento ocorrerá a seguir; e quando a virada do seguido para o terceiro ato é pontuada por uma reviravolta verdadeiramente surpreendente, essa surpresa é desfeita de imediato e recoloca a trama no caminho previsível que seguia até então.

Desenvolvendo personagens genéricos e unidimensionais cujos arcos dramáticos nunca soam minimamente interessantes ou convincentes, Operação Red Sparrow é daqueles filmes que, mesmo contando uma história ambientada em Moscou, trazem um elenco majoritariamente composto por ingleses e norte-americanos que falam inglês da primeira à última cena (para entender o quão louca é a situação, basta se ater ao fato de que Jeremy Irons está fazendo o papel de um general russo). Mas o pior não é isso: o que mais frustra aqui é perceber como o roteiro é incapaz de conferir qualquer tipo de densidade às personas que vemos em tela – e, neste sentido, seria injusto criticar Jennifer Lawrence por não transformar Dominika numa protagonista intrigante, já que a personalidade da espiã vai de “jovem cujos sonhos foram destruídos” até “máquina de sedução e captura” com uma rapidez que não permite qualquer tipo de aprofundamento nas respectivas nuances (aliás, é triste que, após o brilhante mãe!, Lawrence talvez esteja voltando ao baixo nível de obras como Joy e Passageiros). Enquanto isso, Joel Edgerton é… o cara que vai se apaixonar pela heroína (e isto é o máximo que posso dizer sobre sua presença em cena).

Para completar a decepção, o cineasta Francis Lawrence (da série Jogos Vorazes, onde também trabalhou com Jennifer – não, os dois não são parentes) ainda tropeça ao dirigir o projeto de forma desnecessariamente sisuda e pausada, o que inclusive faz Operação Red Sparrow soar pretensioso (como se fingisse uma solenidade excessiva a fim de ser levado a sério). O maior pecado do diretor, no entanto, não é estender a duração a ponto de alcançar longos 140 minutos (e exigindo demais da paciência do espectador no processo); o que realmente incomoda é constatar como Lawrence descarta qualquer potencial dramático ao já iniciar o filme apostando na frieza absoluta, sem estabelecer apelo emocional algum antes disso. Ora, se a narrativa começasse com mais intensidade e aos poucos fosse abraçando a insipidez, isto refletiria o próprio arco da protagonista de modo inteligente (afinal, ela mesma vai ficando menos emotiva conforme a história avança). Em vez disso, o realizador prefere atirar a decisão no lixo e criar uma trama sem qualquer escalada, ápice ou recompensa que funcione adequadamente.

Sem jamais conseguir abordar o sexo de maneira particularmente inventiva ou interessante, falhando ao discutir o uso do fetiche como técnica de combate e ao fazer da sedução uma característica intrínseca à personalidade da protagonista, Operação Red Sparrow não é muito mais do que uma mera desculpa para mostrar Jennifer Lawrence nua diante da câmera, contando um fiapo de história para amarrar as cenas que exploram o corpo da atriz. Esta, inclusive, é uma frase que poderia perfeitamente ser empregada para definir uma produção pornô – o que, convenhamos, não deve ser um motivo de orgulho para este filme, não é mesmo?

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