Pets

Título Original

The Secret Life of Pets 2

Lançamento

27 de junho de 2019 (Brasil)

Direção

Chris Renaud

Roteiro

Brian Lynch

Elenco

As vozes de Patton Oswalt, Eric Stonestreet, Kevin Hart, Jenny Slate, Tiffany Haddish, Lake Bell, Harrison Ford, Nick Kroll, Dana Carvey, Ellie Kemper, Chris Renaud, Hannibal Buress, Bobby Moynihan, Pete Holmes, Tara Strong e Meredith Salenger

Duração

86 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

Chris Meledandri e Janet Healy

Distribuidor

Universal Pictures

Sinopse

Nova York. A vida de Max e Duke muda bastante quando sua dona tem um filho. De início eles não gostam nem um pouco deste pequeno ser que divide a atenção, mas aos poucos ele os conquista. Não demora muito para que Max se torne superprotetor em relação à criança, o que lhe causa uma coceira constante. Quando toda a família decide passar uns dias em uma fazenda, os cachorros enfrentam uma realidade completamente diferente com a qual estão acostumados.

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Pets: A Vida Secreta dos Bichos 2 | Crítica

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Pets – A Vida Secreta dos Bichos foi um fenômeno curioso: lançado em 2016 sem muitas expectativas, a animação surpreendeu nas bilheterias e se transformou num dos maiores sucessos daquele ano, não devendo nada a superproduções como DeadpoolZootopiaBatman vs SupermanCapitão América: Guerra CivilMogli: O Menino Lobo e Rogue One. O filme em si, no entanto, nem era dos melhores: a qualidade técnica da animação não chegava aos pés do que a Pixar e a DreamWorks eram capazes de fazer; os personagens eram definidos somente pela fofura, revelando-se desinteressantes na maior parte do tempo; e o roteiro nada mais era do que uma colagem de situações avulsas que, a rigor, compunham uma trama frouxa e episódica, soando como uma versão bobinha de Toy Story que substituía brinquedos por animais de estimação.

Dito isso, o que posso dizer sobre Pets 2 é que ele faz jus ao primeiro – o que, convenhamos, não é um elogio. Novamente dirigido por Chris Renaud e escrito por Brian Lynch (os outros dois roteiristas do original, Ken Daurio e Cinco Paul, não voltaram… sei lá por quê), o longa começa poucos meses após o desfecho do anterior: desta vez, a vida dos cachorros Max e Duke passou por uma leve chacoalhada depois que a dona dos dois se casou e teve um bebê chamado Liam. Assim que a família toda resolve sair para passar uns dias numa fazenda, Max pede à poodle Gidget para tomar conta de um brinquedinho – e é claro que, por causa de algum descuido, o objeto acabará caindo em outro apartamento, levando a cadela a uma aventura particular na qual terá que fingir ser uma gata (pois é). Ah, e tem também o coelhinho Snowball, que vive brincando de ser um super-herói e que, depois de ser chamado para tirar um tigre de sua jaula, terá que lidar com a fúria do dono de um circo.

Como podem perceber, o roteiro de Pets 2 está longe de ser dos mais coesos: não demonstrando nenhum tipo de preocupação com a estrutura da narrativa, Brian Lynch mostra-se incapaz de construir uma história com arcos bem definidos e com situações que se conectem de maneira orgânica, transformando o que deveria ser a trama em um monte de ações paralelas que se atropelam à medida que o tempo vai passando. Em outras palavras: é como se estivéssemos vendo não um longa-metragem, mas quatro ou cinco episódios de uma série de TV ao mesmo tempo – e a montagem de Tiffany Hillkurtz prejudica ainda mais o ritmo da história, saltando de uma subtrama para a outra quando estávamos finalmente começando a nos interessar pela primeira. Aliás, a direção de Chris Renaud faz o filme soar ainda mais televisivo, já que a própria decupagem das cenas limita-se a planos/contraplanos, quadros estáticos e pouquíssimos movimentos de câmera.

De um ponto de vista puramente técnico, inclusive, Pets 2 não traz nada que o torne memorável ou mesmo destacável em relação às outras animações lançadas nos últimos anos (nem vou compará-lo ao recente Toy Story 4, pois seria covardia): sim, os animais se movem de maneira fluída, porém seus corpos contam com detalhes minimalistas e suas texturas peludas soam… “duras” demais, ao passo que os cenários são chapados e parecem ter sido modelados rapidamente. Em outras palavras: trata-se do mesmo padrão de qualidade que a Illumination já havia apresentado em Meu Malvado Favorito e que não chega aos pés do que outros estúdios de animação são capazes de proporcionar. Como se não bastasse, as várias situações que o filme tenta criar ao mesmo tempo revelam-se tolas, repetitivas e nada imaginativas, construindo gags previsíveis (quando um coelhinho faz uma cara que parece enojada diante do vestido que lhe foi imposto, é claro que imediatamente “surpreenderá” o espectador com um “Eu adorei!“) e arcos batidos (a interação entre Max e o labrador Galo, por exemplo, é apressada demais para funcionar).

Não que Pets 2 seja um desastre completo: a cada dez momentos que tentam provocar o riso, há dois ou três que se saem razoavelmente bem, como aquele em que Gidget é conclamada “rainha dos gatos” e aquele outro em que os gatos coagem uma velhinha a dirigir um carro. Além disso, a Nova York retratada aqui é uma cidade multicolorida, cartunesca e disforme em suas proporções, distanciando-se consideravelmente da imagem cinzenta e poluída que costumamos ter da megalópole do mundo real – e a falta de comprometimento com a realidade ajuda os animadores a exercitarem sua imaginação e a criarem ambientes visualmente inventivos, o que é louvável. Na maior parte do tempo, porém, Pets 2 é uma obra esquecível, esteticamente irrelevante e narrativamente desestruturada.

Nos primeiros minutos da projeção, o filme surpreende ao criar um momento fofo e delicado no qual Max e Duke recebem a notícia de que Liam está por vir, reagem com dificuldade e aos poucos começam a se apegar à criança. Se o roteiro tivesse se concentrado mais nesta relação entre os cachorros e o menino, provavelmente o resultado teria sido bem mais satisfatório. Em vez disso, preferiu se livrar rapidamente da ideia e se concentrar em um monte de situações chatas, aleatórias e mal amarradas. Não foi uma boa escolha.

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