O Exterminador do Futuro Destino Sombrio

Título Original

Terminator: Dark Fate

Lançamento

31 de outubro de 2019

Direção

Tim Miller

Roteiro

David Goyer, Justin Rhodes e Billy Ray

Elenco

Mackenzie Davis, Natalia Reyes, Linda Hamilton, Arnold Schwarzenegger, Gabriel Luna, Diego Boneta, Tristán Ulloa, Alicia Borrachero, Manuel Pacific, Enrique Arce, Fraser James e Tom Hopper

Duração

128 minutos

Gênero

Nacionalidade

EUA

Produção

James Cameron e David Ellison

Distribuidor

Fox

Sinopse

Linda Hamilton e Arnold Schwarzenegger retornam aos seus papéis icônicos em O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, dirigido por Tim Miller (Deadpool) e produzido por David Ellison e pelo visionário cineasta James Cameron. Após os eventos de O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final, o filme também conta com Mackenzie Davis, Natalia Reyes, Gabriel Luna e Diego Boneta.

Publicidade

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio | Crítica

Facebook
Twitter
Pinterest
WhatsApp
Telegram

Mais um O Exterminador do Futuro? Sério mesmo? Ora, estamos falando de uma franquia que começou de forma espetacular em 1984, atingiu um patamar ainda mais impressionante em 1991 com O Julgamento Final e depois nunca mais conseguiu manter o excelente nível dos dois capítulos dirigidos por James Cameron, sendo prosseguida pelos fraquinhos A Rebelião das Máquinas e A Salvação e chegando ao fundo do poço em 2015 com o horroroso Gênesis. Após tantas tentativas fracassadas, ainda há algo que justifique mais um esforço – além, é claro, das centenas de milhões de dólares que um estúdio poderia arrecadar às custas da nostalgia do público por personagens como Sarah Connor e T-800? A esta altura do campeonato, um novo retorno ao universo concebido por Cameron pode parecer mais um caça-níqueis.

Assim, é uma grata surpresa que, depois de 28 anos, a série tenha finalmente sido capaz de produzir um capítulo decente. E embora não se equipare aos dois primeiros que o originaram, este Destino Sombrio ao menos assegura um esforço para recolocar a franquia nos trilhos.

Fazendo questão de ignorar os eventos retratados nos últimos três longas da série, este sexto capítulo leva em consideração somente o original e O Julgamento Final, se estabelecendo, portanto, como um novo O Exterminador do Futuro 3 – não à toa, o filme já começa nos atirando em uma situação absolutamente chocante e que, por natureza, impossibilita qualquer chance de A Rebelião das Máquinas, A Salvação e Gênesis pertencerem a esta mesma linha temporal. A partir daí, o roteiro de David Goyer, Justin Rhodes e Billy Ray avança para o presente e enfoca a chegada de uma nova viajante do tempo: Grace, uma mulher cujo corpo humano foi parcialmente transformado em máquina e agora foi mandada do futuro para garantir a segurança da mexicana Dani – que, por sua vez, se tornará líder da Resistência nas próximas décadas, quando uma nova inteligência artificial chamada “Legião” iniciar uma guerra contra a Humanidade. Assim, quando os vilões do futuro enviam o androide Rev-9 ao presente para tentar eliminar Dani, surge mais uma mulher para protegê-la: Sarah Connor.

Em outras palavras: mais uma vez, acompanhamos a mesma dinâmica de perseguição de gato e rato que já vimos em quase todos os capítulos da série (com a exceção de A Salvação), o que denota uma falta de imaginação notável por parte de Goyer, Rhodes e Ray. Além disso, algumas das principais “mudanças” propostas por Destino Sombrio pouco mais são do que variações das mesmas ideias já utilizadas nos dois primeiros filmes, apenas mudando os nomes de certos personagens, vilões e sistemas operacionais. Em compensação, o trio de roteiristas demonstra inteligência ao desfazer parte do que havia sido conquistado no final de O Julgamento Final sem necessariamente jogá-lo no lixo: se A Rebelião das Máquinas revelava que as ações de Sarah, John e T-800 no prédio da Cyberdine não tinham servido para nada, postergando o ataque da Skynet em vez de impedi-lo, Destino Sombrio apenas esclarece que, uma hora ou outra, a Humanidade encontraria outro jeito de se autodestruir, dando um sentido novo às ações dos heróis. Ao mesmo tempo, se a frase “I’ll be back” soa forçada quando dita pela primeira vez por Sarah Connor, ao menos se redime ao ganhar uma reinterpretação tocante no terceiro ato, quando outro personagem a recita de forma bem mais melancólica.

Aliás, uma das maiores forças da série O Exterminador do Futuro (ou, pelo menos, dos dois primeiros exemplares) sempre esteve em seus personagens, sendo empolgante, portanto, que Destino Sombrio traga alguns dos mais icônicos de volta. Retornando à pele de Sarah Connor pela primeira vez em 28 anos, Linda Hamilton mantém a pose durona que a eternizou em O Julgamento Final, fazendo jus àquilo que esperaríamos da heroína depois de tanto tempo – e, principalmente, depois de uma tragédia pessoal que a deixou ainda mais pessimista em relação às máquinas e ao próprio futuro da Humanidade. Além disso, a expressão sempre rígida de Hamilton automaticamente sugere um cansaço diante do que está ao seu redor, como se suas esperanças há muito tivessem ido embora – o que, ainda assim, se contrapõe à necessidade inabalável de proteger Dani, encontrando um objetivo nobre após tantas derrotas pessoais. Enquanto isso, Arnold Schwarzenegger ganha a oportunidade de conferir camadas dramáticas ao T-800 que nunca haviam sido apresentadas até então, mas que fazem sentido quando comparadas à evolução que ele experimentou no segundo filme, tornando-se surpreendentemente humano.

Mas o grande destaque, no entanto, fica por conta de Mackenzie Davies, que, depois de co-estrelar um dos melhores momentos de Blade Runner 2049 (aquele no qual seu corpo humano era “preenchido” pelo holograma representado por Ana de Armas), agora transforma Grace em uma heroína forte, intensa e fisicamente impressionante, mas que ainda assim carrega um peso emocional imenso dentro de si, levando o espectador a admirar sua presença durante as cenas de ação e, ao mesmo tempo, se envolver com seus dramas particulares. Por outro lado, Natalia Reyes mal recebe o destaque que tanto merecia e passa por um arco dramático que, embora compreensível, é desenvolvido de forma rasa e superficial, ao passo que o Rev-9 interpretado por Gabriel Luna jamais deixa uma impressão tão memorável, por exemplo, quanto aquela causada pelo T-800 ou pelo T-1000.

Outro nome que se destaca em Destino Sombrio é o de Tim Miller (responsável pelo primeiro Deadpool), que aqui assume a difícil tarefa de dar continuidade ao que James Cameron criou em O Exterminador do Futuro 1 e 2. E, embora não se equipare ao trabalho de seu mentor, ao menos Miller é bem-sucedido na condução das sequências de ação, que se mostram dinâmicas, cada vez mais grandiosas e visualmente organizadas – ainda que os efeitos visuais não sejam dos mais convincentes, substituindo os atores por bonecos digitais perceptíveis em diversos momentos. Infelizmente, Miller apresenta alguns problemas ao tentar estabelecer o ritmo da narrativa, já que a ânsia de entrar logo em cenas de ação acaba levando o diretor a se atropelar pontualmente, fazendo o filme soar apressado em várias ocasiões – e é uma pena, em especial, que os personagens mal tenham tempo de sentir o impacto das perdas de seus entes queridos; algo que Cameron certamente priorizava (pensem em Sarah chorando a morte de Ginger, por exemplo).

Abraçando a retórica do empoderamento feminino cada vez mais presente em superproduções hollywoodianas (o que é ótimo), Destino Sombrio passa a maior parte do tempo se concentrando somente nas ações de três mulheres fortes, autônomas e cheias de si, relegando a participação de Arnold Schwarzenegger apenas ao terceiro ato. Da mesma forma, o filme não economiza pedradas nas políticas xenofóbicas de Donald Trump, dispensando qualquer sutileza, por exemplo, ao incluir a imagem de um paredão pichado com a frase “No muros” em determinado momento – e caso a mensagem não pareça suficientemente direta, há uma longa sequência que se encarrega de eliminar qualquer dúvida a seu respeito: aquela que traz as heroínas sendo presas na fronteira do México com os Estados Unidos e que alfineta rapidamente o tratamento brutal que o governo norte-americano confere aos imigrantes.

Prejudicado pela fraca trilha sonora de Junkie XL, que insiste em “mastigar” cada passagem da narrativa de maneira óbvia e excessiva, Destino Sombrio está longe de ser um filme perfeito, mas demonstra que ainda há luz no fim do túnel – até mesmo para uma franquia desgastada como O Exterminador do Futuro. Que continue na direção certa.

Mais para explorar

Ainda Estou Aqui | Crítica

Machuca como uma ferida que se abriu de repente, sem sabermos exatamente de onde veio ou o que a provocou, e cujo sofrimento continua a se prolongar por décadas sem jamais cicatrizar.

Gladiador II | Crítica

Mesmo contado com momentos divertidos e ideias interessantes aqui e ali, estas quase sempre terminam sobrecarregadas pelo tanto de elementos simplesmente recauchutados do original – mas sem jamais atingirem a mesma força.

Wicked | Crítica

Me surpreendeu ao revelar detalhes sobre o passado das personagens de O Mágico de Oz que eu sinceramente não esperava que valessem a pena descobrir, enriquecendo a obra original em vez de enfraquecê-la.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *