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Oscar 2021 | Quais serão os vencedores?

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Pela primeira vez em anos, confesso ter sentido um desinteresse considerável pelo Oscar – tanto que, desta vez, nem consegui assistir a todos os indicados de todas as categorias. E o motivo é muito simples: num mundo pandêmico e morando num país que, graças à criatura repugnante e desumana que inacreditavelmente segue ocupando a cadeira de presidente da República, se aproxima dos 400 mil óbitos registrados, normalizou a morte diária de 3 mil pessoas por dia (tanto que nem há mais medidas restritivas como as que necessitávamos), vacina a população a conta-gotas (porque o canalha do presidente recusou propostas de empresas farmacêuticas no ano passado, comprovando que o extermínio que vem rolando se deu não por “incompetência”, mas por necropolítica mesmo), é obrigado a entubar pessoas em leitos de UTI sem anestesiá-las (porque não há mais sedativos graças a quem? Adivinha?!), não vê perspectiva alguma de melhora, etc, etc, etc.

Assim, confesso não ter entrado no clima adequado para simular entusiasmo pelo Oscar. É complicado encontrar energias para se manter produtivo ou mesmo para chegar todo sorridente e dizendo “Ei, galera! Acho que o filme X é que vai ganhar, hein? Ah, mas o Y é o que eu acho que merece mais porque…“, como se tudo estivesse normal. E, fora isso, boa parte dos indicados não me empolgou de forma alguma: muitos eram simplesmente medíocres; outros eram tristes e pesados demais para o momento que atravesso agora (o que, claro, não é demérito de nenhum deles; apenas me incentivou a me afastar um pouco). A verdade é que, nas últimas semanas, senti que ganhava muito mais revendo Seinfeld e Friends pela 18ª vez (aliás, obrigado à Warner Channel por salvar minhas madrugadas) do que cumprindo com a tal “maratona do Oscar”.

De todo modo, consegui assistir a uma quantidade bastante razoável de indicados e escrevi sobre todos os oito da categoria de Melhor Filme; o que, somado ao hábito de acompanhar as premiações-termômetro (ainda que sem o interesse/entusiasmo dos anos anteriores), me fez sentir preparado para, ao menos, publicar a tradicional lista de previsões sobre os vencedores.

E agora, vamos às previsões!

 

MELHOR FILME

E o Oscar vai para: Nomadland (mas não vamos ficar chocados se der Os 7 de Chicago, ok?).

Por quê: o filme de Chloé Zhao é disparado o grande vencedor da temporada, com um currículo invejável que parte dos júris de festivais (Toronto, Veneza), passa pelos prêmios das associações de críticos (Boston, Los Angeles, Chicago, Flórida, Nova York, Houston, OFCS, Toronto, Londres, Washington D.C.) e culmina nas principais cerimônias da temporada (SAG, PGA, DGA, BAFTA, Spirit, Gotham). Praticamente tudo aponta para Nomadland e, neste momento, eu diria que sua vitória no Oscar é 95% garantida. Dito isso, há um revés: ainda no dia 9 de março, comentei no Twitter que sentia a possibilidade do filme de Aaron Sorkin surpreender, já que provavelmente venceria o prêmio de Melhor Elenco no SAG (que meio que corresponde a Melhor Filme no Oscar) e, portanto, poderia repetir o caminho de Spotlight e Parasita (nenhum dos dois venceu o PGA, mas ambos venceram o SAG de Melhor Elenco e acabaram levando o troféu principal da Academia). Pois venceu, então fiquemos de olho.

Qual seria meu voto: Meu Pai.

 

MELHOR DIREÇÃO

E o Oscar vai para: Chloé Zhao.

Por quê: se Nomadland tem 95% de chances de ganhar Melhor Filme, sua diretora tem 100%. Já ganhou o prêmio do sindicato desta categoria (DGA), questões políticas. É mais fácil o coronavírus acabar amanhã do que Zhao perder aqui.

Qual seria meu voto: Florian Zell… ah, não está concorrendo? Ok, então vamos de Emerald Fennell.

 

MELHOR ATRIZ

E o Oscar vai para: Viola Davis.

Por quê: aqui, a disputa é apertadíssima entre Davis e Carey Mulligan, com Frances McDormand correndo por trás. No início da temporada, tudo parecia apontar para a britânica, porém o principal termômetro da categoria, o SAG, foi para Davis – e o BAFTA, para McDormand. Ok, ela ganhou o Oscar há pouquíssimos anos por Um Limite Entre Nós, mas… acho um pouco mais seguro apostar nela do que em Mulligan.

Qual seria meu voto: Vanessa Kirby.

 

MELHOR ATOR

E o Oscar vai para: Chadwick Boseman.

Por quê: ele está ótimo no filme, já venceu o SAG e sua morte representou um dos momentos mais tristes de um ano que já foi sobrecarregado destes, tornando a vontade de homenageá-lo quase inevitável. Já separe seus lenços e se prepare para a comoção.

Qual seria meu voto: Anthony Hopkins.

 

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

E o Oscar vai para: Youn Yuh-jung.

Por quê: praticamente todos os prêmios-termômetro apontam para Yuh-jung (SAG, BAFTA, Spirit) e será a única chance da Academia de premiar Minari, que não deve ganhar nada além disso.

Qual seria meu voto: Olivia Colman.

 

MELHOR ATOR COADJUVANTE

E o Oscar vai para: Daniel Kaluuya.

Por quê: uma performance potente, repleta de vigor e a serviço de um papel cuja importância histórica não se limita à década de 1960, mostrando-se influente até hoje. Além disso, ganhou o SAG e o BAFTA.

Qual seria meu voto: Daniel Kaluuya.

 

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

E o Oscar vai para: Bela Vingança.

Por quê: ganhou o prêmio do WGA (sindicato de roteiristas), debate questões delicadas e importantes e é um roteiro inteligente, bem construído, daqueles que estão sempre à frente do espectador e prontos para surpreendê-lo.

Qual seria meu voto: Bela Vingança.

 

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

E o Oscar vai para: Meu Pai.

Por quê: vou me dar o direito de arriscar aqui. Na verdade, Borat 2 ganhou o prêmio do WGA e, portanto, deveria ser o favorito. Contudo, levando em conta o preconceito da Academia por comédias popularescas e o fato de NomadlandMeu Pai não terem concorrido ao prêmio do sindicato de roteiristas, sou levado a crer que o Oscar irá para um dos dois – e, como o filme de Chloé Zhao já será amplamente premiado em outras categorias, me permito acreditar que esta será a oportunidade do longa de Florian Zeller não sair de mãos vazias.

Qual seria meu voto: Meu Pai.

 

MELHOR FILME INTERNACIONAL

E o Oscar vai para: Druk: Mais uma Rodada.

Por quê: foi o mais comentado entre os cinco indicados, a campanha em cima do filme foi fortíssima e Thomas Vinterberg está indicado a Melhor Direção, o que põe seu longa numa óbvia vantagem.

Qual seria meu voto: não vi Better Days e, portanto, me absteria – mas, se forçado, votaria em Collective. (A real é que não acho nenhum dos quatro que vi grandes coisas.)

 

MELHOR ANIMAÇÃO

E o Oscar vai para: Soul.

Por quê: quem produziu o filme mesmo? Ah, sim: a Pixar.

Qual seria meu voto: Soul. (Mas a vitória de qualquer outro – tirando A Caminho da Lua, que não vi – me deixaria feliz.)

 

MELHOR DOCUMENTÁRIO

E o Oscar vai para: Professor Polvo.

Por quê: porque o mundo é uma bosta e este filminho já ganhou um monte de outros prêmios-termômetro que não merecia. É muito inferior a todos os outros cinco indicados, mas fazer o quê?

Qual seria meu voto: O Agente Duplo.

 

MELHOR CURTA-METRAGEM

E o Oscar vai para: Two Distant Strangers (com uma chance de A Letter Room).

Por quê: eu detesto Two Distant Strangers. Detesto mesmo. Acho um comercial da Boticário que se aproveita de uma tragédia recente (o assassinato covarde de George Floyd que motivou a necessária onda de protestos do #BlackLivesMatter) para ostentar uma estrutura narrativa espertinha e para explorar a violência gráfica. Como se não bastasse, ainda é um projeto que termina indeciso entre uma conciliação greenbookiana entre os dois personagens (a vítima e o algoz) e a constatação de que esta é impossível, chegando a um desfecho que parece otimista mesmo sem expressar motivo algum para sê-lo. Nem de longe acho que mereça – mas sejamos francos: a verdade é que o Oscar é um prêmio mais político que de qualidade e, considerando as discussões que o curta da Netflix (bem ou mal) traz consigo (mostrar como, para o negro nos Estados Unidos – e no mundo –, acordar de manhã é acender um sinal amarelo diante da perseguição que sofre apenas por existir e que terminará o encurralando), não ficaria revoltado com sua vitória (já passei da idade de ficar irritadinho com Oscar). Afinal, filmes medíocres feitos por cineastas brancos e que nada querem dizer sobre a realidade do planeta já foram premiados a rodo; por que não inovar?

Qual seria meu voto: White Eye.

 

MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMADO

E o Oscar vai para: Se Algo Acontecer, Te Amo.

Por quê: a Netflix está fazendo campanha massiva em cima do filme e este toca, de forma sensível e delicada, num assunto importante (como a cultura das armas nos Estados Unidos destrói famílias; a cena que justifica o título do curta, aliás, é de partir o coração).

Qual seria meu voto: Opera, uma das coisas mais fascinantes que vi em muito tempo.

 

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO

E o Oscar vai para: A Love Song for Latasha (mas as chances de A Concerto Is a Conversation são fortíssimas).

Por quê: a distribuição da Netflix confere visibilidade ao projeto e este gira em torno de uma tragédia real (o assassinato da pequena Latasha Harlins em 1991) contada de forma íntima, triste e que faz refletir a respeito do racismo presente (em 1991 e em 2021) na estrutura social e judicial dos Estados Unidos.

Qual seria meu voto: hum… acho que Do Not Split. Ou A Love Song for Latasha. De novo: não acho nenhum dos cinco indicados uma obra-prima, mas estes dois são os melhores – e a causa de Latasha é importante. (Agora, se Hunger Ward ganhar, eu arregaço meu quarto inteiro. O típico projeto sádico que explora a violência sob o disfarce de “denúncia social”, sentindo prazer ao filmar os corpos mortos, feridos e/ou subnutridos de crianças. Tenebroso.)

 

MELHOR FOTOGRAFIA

E o Oscar vai para: NomadMank. (Ok, ok: Nomadland.)

Por quê: venceu praticamente todos os prêmios-termômetro da temporada, mas perdeu para Mank justamente o da ASC (associação de diretores de fotografia). Contudo, a força de Nomadland e a falta de entusiasmo por Mank me inclinam a apostar no primeiro mesmo reconhecendo as chances enormes do segundo.

Qual seria meu voto: honestamente, não fiquei fascinado por nenhum dos cinco trabalhos, mas, tendo que escolher um predileto, vou de Judas e o Messias Negro.

 

MELHOR MONTAGEM

E o Oscar vai para: Os 7 de Chicago.

Por quê: ganhou o prêmio do ACE (associação de montadores). Dito isso, O Som do Silêncio venceu o BAFTA nesta categoria e não seria surpresa se levasse aqui também.

Qual seria meu voto: Meu Pai.

 

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

E o Oscar vai para: Mank.

Por quê: estamos falando de um filme de época que recria os bastidores e os estúdios de uma antiga e glamorosa Hollywood (alô, Era uma Vez em Hollywood!). Além disso, ganhou o BAFTA, o ADG (diretores de arte), o SDG (decoradores de interiores), blábláblá.

Qual seria meu voto: Meu Pai.

 

MELHOR FIGURINO

E o Oscar vai para: A Voz Suprema do Blues.

Por quê: ganhou Melhor Figurino em Filme de Época no CDG (sindicato de figurinistas). Ok, Mulan ganhou Melhor Figurino em Fantasia, mas… não.

Qual seria meu voto: não vi Emma. nem Pinóquio e, portanto, não votaria. Se forçado… sei lá… A Voz Suprema do Blues? De novo: nada que tenha me impressionado.

 

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO

E o Oscar vai para: A Voz Suprema do Blues.

Por quê: ganhou o prêmio do sindicato de maquiadores.

Qual seria meu voto: qualquer um que não seja Era uma Vez um Sonho.

 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

E o Oscar vai para: Tenet.

Por quê: a única superprodução da categoria (e, de fato, os efeitos das coisas voltando de trás para frente são eficientes).

Qual seria meu voto: não vi Amor e Monstros nem O Grande Ivan. Se obrigado, iria de Tenet.

 

MELHOR SOM

E o Oscar vai para: O Som do Silêncio.

Por quê: precisa? Olha o nome do filme, caramba!

Qual seria meu voto: Soul.

 

MELHOR TRILHA SONORA

E o Oscar vai para: Soul.

Por quê: venceu um monte de prêmios, superando com folga até aquele que poderia desbancá-lo, Minari.

Qual seria meu voto: a injustiça que a Academia cometeu com Destacamento Blood nas demais categorias me obrigaria a votar nele. Merecia ser indicado a Filme, Direção, Roteiro Original, Ator, Ator Coadjuvante, Montagem, Fotografia, Som, Design de Produção, etc.

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

E o Oscar vai para: “Speak Now”, de Uma Noite em Miami.

Por quê: será a única oportunidade real da Academia de premiar o longa de Regina King, que vinha sendo apontado como garantido entre os indicados a Melhor Filme e… bom, deu no que deu.

Qual seria meu voto: “Speak Now”, de Uma Noite em Miami.

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