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Os MELHORES e os PIORES filmes de 2018

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Senhoras e senhores, 2018 foi um ano… difícil.

Sim, teve seus bons momentos – e reconhecê-los é não apenas prazeroso, mas fundamental para manter um mínimo de estabilidade emocional (afinal, de que adianta pensar somente nas energias negativas?).

Em primeiro lugar, meu lado “crítico de Cinema” ficou feliz com certas realizações: graças à sugestão inicialmente feita pelo amigo Vitor Velloso, acabei sendo convidado para escrever pro Vertentes do Cinema, administrado por Fabrício Duque (a quem agradeço – e muito – pela oportunidade). Desde que passei a contribuir pro site, em agosto, publiquei mais de trinta textos, cobri o Festival do Rio e sigo com vontade de continuar. Além disso, comecei a me dedicar mais à feitura dos vídeos que gravo pro Bora Fazer um Curta (que finalmente chegou aos mil inscritos) e passei a editá-los com mais frequência, o que rendeu alguns resultados que me deixaram particularmente satisfeito (eu jamais poderia imaginar que um vídeo de 40 minutos sobre Speed Racer daria certo). Para completar, as cabines de imprensa se tornaram mais constantes e isso me permitiu conhecer (e interagir com) pessoas simplesmente adoráveis – e isto, acreditem, é algo que guardo entre tudo aquilo que aconteceu de bom neste ano.

Mas o ponto alto de 2018 foi, sem dúvida alguma, as novas amizades que vieram e que me levaram a fazer coisas que, até então, não eram frequentes na minha vida. Neste sentido, mudar um pouquinho a rotina e investir em rolês (com o perdão da coloquialidade) que não eram do meu feitio me ajudou não apenas a socializar, mas a pôr minha cabeça no lugar e pensar com mais clareza nas horas mais cruciais. Estão vendo como um bom momento ajuda no seu psicológico? Aliás, posso dizer com toda a certeza que, para mim, as amizades salvaram 2018 (não citarei nomes, pois não quero expôr certas pessoas nem correr o risco de deixar de mencionar alguém que também teve sua importância – mas quem esteve presente certamente captou a mensagem).

De resto, porém, 2018 foi um desastre quase absoluto. Não, não é exagero: fazia tempo que eu não encarava um ano como este – em certos instantes, parecia que tudo havia sido cuidadosamente planejado para resultar em tristeza. Para começo de conversa, morreu Nelson Pereira dos Santos. E Miloš Forman. E Margot Kidder. E Roberto Farias. E Agildo Ribeiro. E Aretha Franklin. E Carlos Eduardo Miranda. E Beatriz Segall. E Burt Reynolds. E Mr. Catra. E Penny Marshall. E Stephen Hawking. E Steve Ditko. E Stan Lee.

Steve Ditko e Stan Lee, os caras que criaram o super-herói que mais significa para mim: o Homem-Aranha. Só por isso eu tenho que agradecer eternamente à dupla. Não é exagero dizer que a partida destes dois ícones representou o fim de uma Era, pelo menos para os quadrinhos e para a cultura pop.

Mas também tiveram os acontecimentos de cunho pessoal. O mês de outubro, em particular, talvez tenha sido o pior momento pelo qual atravessei em muito tempo: contratempos começaram a prejudicar trabalhos da faculdade; tive sérios problemas para conciliar a vida de estudante com a carreira de crítico em formação; tive a impressão de que um mal estar surgiu com uma pessoa aqui e outra ali; me vi insatisfeito quanto a uma série de coisas que estavam ao meu redor; fiquei com a cabeça tão cheia que cheguei a perder coisas importantes; o cansaço me bateu a ponto de estagnar o Bora Fazer um Curta por quase um mês; o mar de lama praticamente me impediu de prestar atenção no Cinema com o foco necessário; etc.

E teve o Brasil. Ah, o Brasil…

Pode ser que alguns leitores se decepcionem com o que lerão daqui pra frente, mas… não dá para esconder certos detalhes – e nem quero escondê-los. Não importa qual o seu posicionamento político; o ano de 2018 foi marcado por eventos que se caracterizam indiscutivelmente como tragédias. Ainda em março, fomos dormir com a notícia de que Marielle Franco e Anderson Gomes foram executados (sim, executados), constituindo um crime que jamais deve ser esquecido e que precisa ser investigado até que os culpados sejam punidos – e desculpe, mas não consigo acreditar que o assassinato de Marielle não tenha sido um crime político. Ela lutou pelo que acreditava.

Ah, teve o incêndio que destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista – também conhecido como o Palácio que abrigou a família real. Aquilo apagou mais de duzentos anos de História e mais de 20 milhões de obras irrecuperáveis, servindo como um símbolo muito preciso de como o Brasil não dá valor às suas próprias memórias (e não adianta vir com o papinho de que “vamos reconstruir o museu”: isso não muda o que já aconteceu). Sério… doeu.

E na mesma semana, um candidato à presidência com fortes chances de vencer as eleições foi esfaqueado enquanto seus eleitores o carregavam na rua. (Suspiro) Não interessa quem é a vítima; isto foi uma tentativa de assassinato. Numa democracia, isto é simplesmente absurdo, lamentável e diz muito sobre o Brasil nestes tempos difíceis – e tentar “passar pano” para isso, menosprezando a dor das pessoas envolvidas no atentado, é uma atitude condenável. Não há o que questionar: isto foi uma cagada inacreditável (mais uma vez: com o perdão da coloquialidade).

2018 foi um ano caótico para um país já tão polarizado quanto este (isso porque nem citei a prisão do Lula). E, para coroar, o tal candidato vítima da facada foi eleito presidente da República.

Pois é. Daqui a três dias, Jair Messias Bolsonaro será não apenas presidente eleito, mas presidente. Ponto.

Um saudosista da ditadura que há muito exibe uma postura autoritária, propôs um golpe que derrubasse o Congresso, sugeriu que perseguiria opositores políticos, construiu grande parte de sua reputação com base no ódio às minorias (“Ninguém gosta (de homossexual), a gente suporta“), declarou seu voto pró-impeachment à memória de um torturador (descrito, por ele, como o “horror de Dilma Rousseff“), acredita que “o Homem só respeita aquilo que ele teme“, quer garantir o posse de arma para civis (em um país esquentadinho como o Brasil), defende o projeto “Escola Sem Partido” (que basicamente privilegiará o ponto de vista de pessoas como ele), já falou em tirar o país do Conselho da ONU (já pensaram em um cara como este arrumando confusão com os líderes de outras nações?) e escolheu como vice um general que creditou a beleza de seu sobrinho ao “branqueamento da raça”.

Se falei, num dos parágrafos anteriores, que o mês de outubro foi um dos piores que enfrentei nos últimos anos, é porque foi mesmo. Este período eleitoral me derrubou. Não tinha um dia sequer onde eu não pensava na escolha absurda e arriscada que o Brasil estava prestes a fazer – e fez. Tive altas discussões, coloquei #EleNão em meu username e praticamente pausei o canal e este blog. Isto sem contar, claro, o fato de que estive na manifestação do dia 29 de setembro.

Você tinha alguma dúvida de qual era meu posicionamento a respeito de Jair Bolsonaro? Então a resposta é esta. Infelizmente, mais de 57 milhões de brasileiros tomaram uma decisão bizarra e tenho certeza de que os próximos quatro anos serão… complicados. E acho que estou sendo otimista por apostar em apenas quatro anos. Não, não sou estúpido a ponto de “torcer para dar errado” (afinal, ainda moro aqui), mas… não sinto que o prognóstico é dos mais positivos.

E o pior é que nem sei se devo agradecer por 2018 estar acabando, já que tudo que rolou neste último ano pode não ter sido nada além de uma preparação para o que virá a seguir. Então… vamos tentar atravessar 2019 da melhor maneira possível, ok? Afinal, ainda estamos aqui. 🙂

Agora, vamos ao que realmente interessa (e sinto muito se você chegou ao final deste texto odiando minha pessoa). Desta vez, resolvi unir as listas de melhores e piores em um único post, já que devo gravar vídeos sobre cada um dos assuntos. E o critério continua sendo o mesmo que utilizei nos dois anteriores: buscar somente os filmes que estrearam comercialmente no Brasil ao longo dos últimos doze meses.

Vamos lá!

 

Os 10 MELHORES filmes lançados comercialmente no Brasil em 2018:

(Obs.: se First Reformed tivesse chegado aos cinemas por aqui, estaria em primeiro lugar nessa lista.)

10. Paddington 2 (Idem, Inglaterra, 2017)

O grande trunfo de Paddington 2 é sua visão de mundo sempre doce e otimista – algo que, de novo, talvez não ocorresse se o projeto não abraçasse sua proposta infanto-juvenil com tanta determinação.” – Crítica completa aqui.

9. Arábia (Idem, Brasil, 2018)

Roger Ebert dizia que ‘o Cinema é, dentre todas as Artesaquela que tem o maior poder de empatia – e bons filmes nos tornam seres humanos melhores’. Antes de ser o retrato incisivo e respeitoso de uma vida, Arábia é também um representante do bom Cinema. É nessas horas que agradeço à Arte por existir e por seguir promovendo a empatia que tanto falta ao mundo real.” – Crítica completa aqui.

8. Três Anúncios para um Crime (Three Billboards outside Ebbing, Missouri, EUA, 2017)

Ambientado num mundo frio e cruel (leia-se: realista), o novo filme de Martin McDonagh mostra que, mesmo quando tentamos reivindicar alguma dignidade, este esforço pode ser facilmente sabotado pelo caos dos nossos sentimentos, que muitas vezes nos levam a cometer erros crassos.” – Crítica completa aqui.

7. Trama Fantasma (Phantom Thread, Inglaterra, 2017)

É a oitava prova consecutiva de que o gênio de Paul Thomas Anderson é inquestionável, funcionando tanto como olhar crítico direcionado ao ego do bom profissional quanto como retrato de uma relação que jamais poderia permanecer com tranquilidade.” – Crítica completa aqui.

6. Projeto Flórida (The Florida Project, EUA, 2017)

O que Sean Baker consegue em Projeto Flórida é proporcionar ao espectador uma experiência cheia de afeto, calor humano e sinceridade. Além disso, o se encerra fazendo jus à filosofia que seguiu até ali: buscando alguma felicidade para iluminar – por alguns minutos – a vida miserável daqueles personagens.” – Crítica completa aqui.

5. Ponto Cego (Blindspotting, EUA, 2018)

Um filme fundamental em uma época onde ‘lugar de fala’ se tornou uma expressão tão recorrente. Depois da sessão, o espectador sai do cinema com a sensação de ter recebido o bom e velho soco no estômago.” – Crítica completa aqui.

4. Missão: Impossível – Efeito Fallout (Mission: Impossible – Fallout, EUA, 2018)

Se eu tivesse que listar os dez melhores momentos de todos os seis longas protagonizados por Ethan Hunt, provavelmente uns quatro ou cinco pertenceriam a este sexto filme, que, à sua maneira, simplesmente acaba de alçar a série Missão: Impossível a um patamar ainda mais espetacular.” – Crítica completa aqui.

3. Hereditário (Hereditary, EUA, 2018)

Em seu longa de estreia, o diretor Ari Aster surpreende ao passear entre dois gêneros distintos de maneira ousada: por um lado, Hereditário é um exemplar inquestionável do terror; por outro, se desconsiderarmos os elementos que o caracterizam como tal, funciona perfeitamente como um drama que discute pesadamente uma série de temas humanos.” – Crítica completa aqui.

2. As Boas Maneiras (Idem, Brasil, 2017)

Juliana Rojas e Marco Dutra conseguem saltar de um drama ancorado na realidade a uma fábula com toques pontuais de terror – e o melhor: o fazem sem sacrificar a coesão.” – Crítica completa aqui.

1. Infiltrado na Klan (BlacKkKlansman, EUA, 2018)

Spike Lee volta a exercer um papel fundamental ao demonstrar como a Arte pode (e deve) ser usada como arma política, resultando em um dos filmes mais importantes de 2018.” – Crítica completa aqui.

 

Outras 31 menções honrosas (em ordem ALFABÉTICA):

120 Batimentos por Minuto (120 battements par minute, França, 2017)

Aos Teus Olhos (Idem, Brasil, 2017)

O Animal Cordial (Idem, Brasil, 2018)

Artista do Desastre (The Disaster Artist, EUA, 2017)

Benzinho (Idem, Brasil, 2018)

Buscando… (Searching, EUA, 2018)

Christopher Robin (Idem, EUA, 2018)

Eu, Tonya (I, Tonya, EUA, 2017)

A Forma da Água (The Shape of Water, EUA, 2017)

Ilha dos Cachorros (Isle of Dogs, EUA, 2018)

Os Incríveis 2 (Incredibles 2, EUA, 2018)

O Insulto (قضية رقم ٢٣, Líbano, 2017)

Jogador Nº 1 (Ready Player One, EUA, 2018)

Lady Bird (Idem, EUA, 2017)

Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, EUA, 2018)

Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name, EUA, 2017)

A Morte de Stalin (The Death of Stalin, EUA, 2017)

Nasce uma Estrela (A Star is Born, EUA, 2018)

Pantera Negra (Black Panther, EUA, 2018)

The Post (Idem, EUA, 2017)

O Processo (Idem, Brasil, 2018)

Roma (Idem, México, 2018)

Sem Amor (Nelyubov, Rússia, 2017)

The Square (Idem, Suécia, 2017)

Tinta Bruta (Idem, Brasil, 2018)

Tully (Idem, EUA, 2018)

Tungstênio (Idem, Brasil, 2018)

Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, EUA, 2018)

Visages, Villages (Idem, França, 2017)

As Viúvas (Widows, EUA, 2018)

Viva – A Vida é uma Festa (Coco, EUA, 2017)

 

Os 10 PIORES filmes lançados comercialmente no Brasil em 2018:

10. Han Solo: Uma História Star Wars (Solo: A Star Wars Story, EUA, 2018)

Certamente se estabelecendo como um dos piores capítulos da saga outrora protagonizada pela família Skywalker, Han Solo é um filme que, em vez de provocar entusiasmo no espectador, deixa somente a estranha sensação de estarmos vendo um Star Wars com algum defeito de fábrica. E diabos, por que inventar um motivo específico para que Han Solo tenha este sobrenome?!” – Crítica completa aqui.

9. O Grande Circo Místico (Idem, Brasil, 2018)

Oscilando desajeitadamente entre o tom de fábula e o realismo moderado, O Grande Circo Místico é enfraquecido pela mediocridade do roteiro e pela direção problemática de Cacá Diegues.” – Crítica completa aqui.

8. Verdade ou Desafio (Truth or Dare, EUA, 2018)

Confesso que relutei antes de incluir Verdade ou Desafio nesta lista. Afinal, dei algumas boas gargalhadas com o filme. O problema é que estas gargalhadas não faziam parte das intenções do  (medíocre) diretor Jeff Wadlow, então… fica difícil defender.

7. Slender Man – Pesadelo Sem Rosto (Slender Man, EUA, 2018)

Um filme de terror que não deixa o espectador tenso já é algo problemático. Um filme de terror que deixa o espectador de saco cheio e prestes a cair no sono, porém, é algo ainda pior.

6. Mentes Sombrias (Darkest Minds, EUA/2018)

Uma salada indigesta feita a partir de várias propriedades intelectuais melhores – e peço desculpas a Harry PotterX-MenStranger Things, Poder Sem LimitesA Chegada e todas as obras de qualidade que foram citadas ao longo deste texto. Elas são boas demais para dividirem espaço com algo tão estúpido quanto Mentes Sombrias.” – Crítica completa aqui.

5. The Cloverfield Paradox (Idem, EUA, 2018)

A estratégia de marketing por trás de The Cloverfield Paradox certamente entrará para a História. Só é uma pena que o filme em si seja um tremendo desastre, deixando claro que o lançamento de supetão na Netflix ocorreu a fim de evitar um fracasso que seria iminente se a produção estreasse nos cinemas.” – Crítica completa aqui.

4. Venom (Idem, EUA, 2018)

Deixando pistas para uma possível continuação (que, a julgar pela cena que surge durante os créditos, provavelmente manterá o padrão de qualidade apresentado aqui), Venom é um filme que parece se esforçar para atingir o fundo do poço – e, neste sentido, o projeto é bem-sucedido: trata-se de uma das piores coisas que Hollywood já levou às telonas a partir de uma história em quadrinhos.” – Crítica completa aqui.

3. Cinquenta Tons de Liberdade (Fifty Shades Freed, EUA, 2018)

O final que a franquia merecia. E isto não foi um elogio.

2. Crimes em Happytime (Happytime Murders, EUA, 2018)

Uma das experiências mais dolorosamente chatas, irritantes e grosseiras que já tive o desprazer de vivenciar dentro de uma sala de cinema. Nunca pensei que a imagem de um polvo (de pelúcia) masturbando uma vaca (também de pelúcia) poderia soar sem graça.

1. O Que de Verdade Importa (The Healer, EUA, 2017)

A intenção comercial do projeto (reverter o dinheiro arrecadado nas bilheterias em caridade para crianças vítimas de câncer) é admirável. Assim, é uma pena que o resultado da obra tenha sido uma… coisa tão nojenta, intolerante e fundamentalista. Me sinto mal só de lembrar que assisti a isto.

 

Outras 11 menções desonrosas (em ordem ALFABÉTICA):

Bohemian Rhapsody (Idem, Inglaterra, 2018)

Círculo de Fogo: A Revolta (Pacific Rim: Uprising, EUA, 2018)

O Destino de uma Nação (Darkest Hour, Inglaterra, 2017)

O Homem das Cavernas (Early Man, Inglaterra, 2018)

Hotel Artemis (Idem, EUA, 2018)

A Freira (The Nun, EUA, 2018)

Minha Vida em Marte (Idem, Brasil, 2018)

Operação Red Sparrow (Red Sparrow, EUA, 2018)

Parque do Inferno (Hell Fest, EUA, 2018)

Pequena Grande Vida (Downsizing, EUA, 2017)

O Predador (The Predator, EUA, 2018)

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